Em cinco meses de Corinthians, André Ramalho viveu dois momentos distintos que raramente encontrou durante a década que viveu na Europa em passagens por Áustria, Alemanha e Holanda. Depois de encarar uma difícil pressão no Timão, agora o zagueiro consegue disfrutar da oportunidade de representar clube de massa em boa fase e com perspectiva de futuro. Em entrevista ao ge, o zagueiro falou sobre o período difícil no início de trajetória no Corinthians e também destacou o ótimo momento da equipe neste momento da temporada. Com o embalo das cinco vitórias consecutivas, o objetivo agora é outro: colocar o Timão na próxima Libertadores. – Este tem que ser nosso objetivo. No Corinthians, sempre temos que ir com pé no chão, entender a realidade, mas buscar o máximo possível. Nosso máximo possível hoje é a Libertadores. A gente tem condições totais disso – afirmou. – Eram três times acima da gente: Cruzeiro, Vasco e Bahia, os três iríamos jogar contra. O primeiro, ganhamos. Agora temos mais dois confrontos diretos. Ainda temos Criciúma e Grêmio também. Temos que ter esse objetivo em mente, pode ter o G-9, temos que ir o mais alto possível G-7, G-8, isso que temos que almejar. Este tem que ser o objetivo até o fim da temporada – acrescentou. O Corinthians passou a “olhar para cima” na tabela diante da melhor sequência de vitórias no Brasileirão desde 2017.
Foi na campanha do heptacampeonato que o Timão embalou cinco resultados positivos consecutivos pela última vez antes da equipe de Ramón Díaz respirar na edição de 2024. O segredo para a reação, segundo André Ramalho, foi justamente “não relaxar”. O discurso de jogo a jogo acabou cumprido à risca pelo elenco, e assim seguirá diante do novo objetivo de recolocar o clube na principal competição sul-americana. – (Antes do jogo contra o Cruzeiro) A gente estava quatro pontos do rebaixamento, o Brasileiro não permite relaxamento, ainda mais jogando no Corinthians. Temos que olhar jogo a jogo. Falamos que precisávamos embalar duas ou três vitórias para respirar, que daria tranquilidade para tirar essa pressão – comentou.
O discurso confiante de agora contrasta com o vivido nos primeiros meses de Parque São Jorge. Aos 32 anos, o zagueiro titular do Corinthians encarou uma situação jamais vivida na carreira europeia. – Foi o momento mais difícil (da carreira) pelo contexto. Estou no meu país, e a grandeza do clube e da torcida não se compara. Consequentemente, a pressão não se compara, é algo gigantesco. Não dá para falar, não consegue se blindar de tudo, entendemos o que acontece, e é bom porque evita cair em qualquer sossego, mas faz com o que se torne mais difícil – analisou.
Ponto de virada André Ramalho é um dos responsáveis pela virada do Corinthians na temporada. Autor do gol decisivo contra o Juventude, que classificou na ocasião o time para a semifinal da Copa do Brasil, o defensor vê a chegada de reforços como fundamental para mudar a “energia” do clube. – Tanto eu quanto os novos jogadores ajudamos nessa nova energia. Estavam sofrendo com essa pressão desde o início do ano, e é bom ter pessoas novas que estavam vivendo outras coisas há pouco tempo. Eu estava de férias, outros com títulos há pouco tempo, isso colabora para dar uma energia tranquila. Precisava de um frescor – explicou.
Memphis "gente boa" Fluente no inglês, André Ramalho rapidamente se tornou um dos pontos de conforto de Memphis Depay no dia a dia do Corinthians. O zagueiro classificou o holandês como “gente boa” e fundamental para a reação no campeonato, mas com capacidade de ajudar ainda mais a partir de 2025. –Tem os momentos dele, conta as histórias dele, eu as minhas, aquela resenha normal. Engraçado ver jogadores que não falam inglês tentando falar com ele, falam algo errado, na resenha a gente brinca, e ele também tem aprendido português. É legal essa mistura de culturas, algo interessante que o futebol proporciona – relatou.
Em campo, André Ramalho também se impressiona. O zagueiro atuou com nomes como Haaland e Mané, porém também se mostra encantado pelo camisa 94. – Qualidade em si. Boa mentalidade, sabe, passou por clubes grandes, mentalidade vencedora. A qualidade por si só todo mundo vê, ele tem mais a oferecer para a gente, ele mesmo sabe disso. É uma qualidade absurda de entender o jogo, de segurar a bola, posicionamento, chute, é um cara que está agregando e vai agregar muito mais ainda – sentenciou.