Eram pouco mais de três anos e oito jogos sem vencer o Palmeiras. E na segunda-feira, diante de mais de 46 mil pessoas na Neo Química Arena, o Corinthians saiu vitorioso daquele que talvez seja o Dérbi mais importante desde então. Com as eliminações nas semifinais da Copa do Brasil e Sul-Americana nas costas, além da pressão da luta contra o rebaixamento no Brasileirão, o Timão superou a pressão inicial do rival, as limitações de um meio de campo em busca da formação ideal e viu seus dois principais jogadores marcarem. Rodrigo Garro e Yuri Alberto foram os heróis do clássico em Itaquera. Mas a vitória por 2 a 0 sobre o Palmeiras vale muito mais do que três pontos: clássicos transformam a rota de um time, o ânimo dos jogadores e de sua torcida. Ainda mais em momentos de oscilação, tristeza pós-eliminação e incerteza sobre o futuro. É uma espécie de anestesia no futebol. Com 38 pontos e embalado por três vitórias seguidas, o Corinthians deu um salto na tabela para ocupar o 13ª lugar. Ainda é pouco para um time do seu tamanho, mas um alívio para a situação assustadora que se desenhava ao longo de um ano dos mais atípicos da história do clube. O Corinthians volta a jogar no sábado, às 16h30 (de Brasília), contra o Vitória, no estádio Barradão, em Salvador, pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro. É mais um confronto direto e crucial na caminhada contra o rebaixamento.
Enquanto olhava apenas os números, certamente o torcedor do Corinthians estaria longe de pensar que seu time sairia vencedor no primeiro tempo do Dérbi contra o Palmeiras. Dentro de campo, deixando os dados de lado, realmente a partida começou se desenhando de maneira preocupante: José Martínez e Alex Santana errando muitos passes na saída de bola e atraindo o Palmeiras para dentro da área. Hugo Souza fez duas grandes defesas e evitou que o rival saísse à frente no placar. Aos poucos, o Corinthians entendeu o clássico, achou espaços e foi perigoso. Memphis e Yuri Alberto criaram boas chances.
A primeira delas, em chute do camisa 9, parou em grande defesa de Weverton. Na segunda, um chute perigoso que passou raspando a trave do goleiro palmeirense. Conseguindo conter as investidas de Estêvão e com o esquema com três zagueiros segurando Raphael Veiga, Felipe Anderson e Flaco López, o Corinthians abriu o placar em uma jogada que representou bastante o espírito de luta da primeira etapa. Félix Torres recuperou a bola e tocou para Yuri Alberto, que de fora da área fez o cruzamento para dentro da área. Matheuzinho aproveitou corte errado de Caio Paulista e rolou para Garro bater de primeira, sem chance para Weverton. O Palmeiras teve 55% de posse de bola, finalizou seis vezes (contra quatro do Timão), teve cinco escanteios, mas foi para o intervalo em desvantagem no placar. O Corinthians , ao seu modo e ao estilo que faltou um pouco contra o Racing, soube sofrer, achar espaços e controlar o resultado nos primeiros 45 minutos.
O segundo tempo começou com o Palmeiras tentando o gol de empate, mas com menos de dez minutos foi o Corinthians que conseguiu o gol e a vantagem ainda maior no placar. José Martínez levou a melhor em disputa com Richard Ríos e tocou para Garro. O argentino disparou em direção à área adversário e rolou para Yuri Alberto tocar na saída de Weverton. O gol incendiou a Neo Química Arena. Ramón Díaz promoveu mudanças. Depois de voltar do intervalo com Raniele no lugar de André Ramalho, o argentino tirou Alex Santana e Memphis Depay para as entradas de André Carrillo e Breno Bidon. Yuri Alberto e Hugo deixaram o campo para as entradas de Romero e Matheus Bidu. Nos minutos finais, o Corinthians se fechou e passou a apostar nos contra-ataques. Hugo Souza voltou a figurar como personagem principal ao fazer boas defesas e assegurar uma reta final sem sustos.
Claro que é muito pouco para um time do tamanho e com a história do Corinthians, mas a vitória no Dérbi deu ao torcedor o sentimento bom de um título que não virá em 2024 e que o time estará disputando a Série A do Campeonato Brasileiro no próximo ano. Além disso, atrapalhou o maior rival na tentativa de conquistar o tricampeonato.