A eliminação na semifinal da Copa Sul-Americana deixa mais clara as perspectivas do Corinthians para 2025 e aumenta a cobrança interna para que o clube corte gastos no futebol e em outras áreas. O presidente Augusto Melo já vinha sendo instruído por conselheiros e aliados sobre a necessidade de reduzir despesas com o objetivo de sanear as finanças do Corinthians. Agora, isso é intensificado pela provável ausência na Copa do Brasil do ano que vem, o que irá reduzir a arrecadação. A urgência em "fechar a torneira" foi um dos pontos apresentados pela comissão de juristas criada no Conselho Deliberativo do clube para debater saídas para a reestruturação da dívida alvinegra.
Os membros desse colegiado explicaram a Augusto que de nada adianta ingressar com recuperação judicial, tutela de urgência cautelar ou qualquer outra medida se o Corinthians não fizer a "lição de casa". Ou seja, reduzir gastos e aumentar a arrecadação. O pensamento é compartilhado por membros da consultoria Alvarez & Marsal, contratada para auxiliar na gestão do clube. A empresa vem trabalhando nos últimos meses no sentido de encontrar excessos que podem ser cortados, mas o entendimento interno é de que o trabalho precisa ser aprofundado. O enxugamento deve abranger todas as áreas, inclusive o futebol.
Atualmente, o Corinthians tem folha salarial próxima de R$ 23 milhões, uma das mais altas do Brasil. Além disso, o clube comprometeu mais de R$ 170 milhões com aquisições de direitos econômicos. A direção corintiana trata a atual temporada como atípica, por conta da reformulação do elenco, e reconhece que não poderá ter o mesmo ímpeto no mercado de transferências no ano que vem.
No último balancete divulgado, relativo ao primeiro semestre deste ano, o Corinthians apresentou déficit de R$ 30 milhões. O clube teve R$ 460,6 milhões em despesas. Em 2025, o Timão começará a pagar à Caixa Econômica Federal o valor principal do financiamento da Neo Química Arena. Desde o ano passado, o clube vem arcando apenas com os juros.
O cenário de alta taxa de juros no Brasil dificulta a vida do Timão. Com uma dívida de mais de R$ 2 bilhões, o clube calcula gastar mais de R$ 300 milhões com despesas financeiras neste ano. Além de reduzir custos, o Corinthians busca novas receitas e sabe que precisará negociar jogadores para fazer caixa. Nas próximas semanas, o orçamento para 2025 deve ser formulado pela diretoria e levado para aprovação no Conselho Deliberativo.