Torcedores do Corinthians entrando na Neo Química Arena durante o primeiro tempo de Corinthians x Flamengo Imagem: Pedro Ungheria/UOL Ivan Henrique Soares chegou à Neo Química Arena para acompanhar Corinthians x Flamengo, no último domingo (20), e fez o procedimento padrão. Primeiro, usou o QR Code para autorizar a entrada da filha Julia, de 10 anos e, na sequência, passou o próprio ingresso. No entanto, a catraca bloqueou a entrada. O agente de viagens, de 37 anos, procurou a ouvidoria do estádio, conversou com funcionários no local, mas recebeu a resposta de que nada poderia ser feito. O relato de Ivan se mistura a outras dezenas. Só na semifinal da Copa do Brasil, a ouvidoria do clube registrou 90 reclamações oficiais. Fomos, inclusive, chamados de estelionatários por um dos funcionários lá. O rapaz, Matheus, que estava no Portão N, falou que a gente tinha vendido os nossos ingressos e que estávamos tentando entrar, que isso era crime, que era estelionato. Sendo que assim, todos eram titulares do Fiel Torcedor. Não conseguimos entrar no jogo, tá? Ninguém conseguiu entrar. Ivan Henrique, torcedor do Corinthians, ao UOL Ivan registrou Boletim de Ocorrência, ao qual o UOL teve acesso. Outros dois boletins enviados por torcedores têm o mesmo teor. Ao todo, dez pessoas concederam depoimentos semelhantes à reportagem.
Eu já fiz Boletim de Ocorrência, reclamação na ouvidoria do Corinthians, reclamação por escrito, abri chamado no Reclame Aqui... E vou, sim, representar esse Boletim de Ocorrência, vou no Procon, vou abrir pequenas causas, eu vou atrás do que for preciso. Meu medo maior é agora em relação ao jogo de quinta-feira [da Sul-Americana]. Meu medo é comprar, não conseguir entrar de novo e ouvir a mesma coisa. Ivan Henrique Corinthians está 'perdendo a luta para os hackers'
Em contato com a reportagem, o clube alegou que a maioria esmagadora dos torcedores é vítima de um cibercrime. A pessoa cai em um "phishing" e tem os dados roubados por um hacker, que compra um ingresso duplicado por uma plataforma falsa e emite um QR Code, apesar de não ser original. Phishing é um ataque na internet que usa "iscas" como e-mails, mensagens de texto ou sites fraudulentos para enganar as pessoas a compartilhar dados confidenciais ou baixar malware.
Normalmente, os compradores dos ingressos falsos são orientados a entrar muito antes no estádio. Por isso, o titular da conta é bloqueado nas catracas mais tarde. Relacionadas 'Elenco do Corinthians é muito fraco tecnicamente', dispara Casão Corinthians corre risco de ficar fora da próxima Copa do Brasil; entenda Corinthians quase dobra aproveitamento no Brasileirão com Ramón Díaz Internamente, o clube admite que está "perdendo a luta para os hackers" , segundo apurou o UOL .
No cenário apresentado pelo Corinthians, a falha estaria acontecendo no momento das vendas, e não no controle da entrada ao estádio. Vale ressaltar que o site de compra dos ingressos não possui autenticação de dois fatores, recurso de segurança que exige o fornecimento de duas informações diferentes ao usuário na hora do acesso. Essa função poderia pelo menos dificultar a ação de hackers. A plataforma responsável pelo "fieltorcedor.com.br" é a OneFan, startup de soluções digitais voltadas para o mercado do futebol, que possui entraves com a atual gestão.
Falando sobre o problema, o Corinthians ainda não se adequou à nova Lei Geral do Esporte, que exige o reconhecimento facial ou por digital - a conhecida biometria - para acessar os estádios. O clube tem até junho de 2025 para realizar essa implementação e tem previsão de realizar as mudanças apenas na data limite.