Memphis Depay concedeu a primeira entrevista coletiva como jogador do Corinthians, nesta quinta-feira, na sala de imprensa da Neo Química Arena. Poucas horas depois de ver de um camarote a classificação do time para a semifinal da Copa do Brasil, contra o Juventude, o atacante tratou o Brasil como a "Meca do futebol" e disse, sem colocar prazo, que espera estar em campo o mais rápido possível. – É uma pergunta interessante porque cruzei o mundo para jogar futebol em um país em que não sabemos muito sobre a competitividade. Para mim é simples: eu cresci na Holanda, eu sei da competitividade na Europa e joguei em muitos clubes, eu competi. Estou com 30 anos e disse o que poderia fazer para ser feliz, por alguma razão eu estão aqui hoje. Acredito que tudo na minha vida tem um propósito – declarou. – Eu acho que nós precisamos reconhecer de onde vem o futebol autêntico. Muitas estrelas do mundo vêm do Brasil, conhecemos grandes jogadores brasileiros. Aqui é a Meca do futebol, o jogo bonito está aqui. As crianças na Europa buscam por jogadores daqui, até pela forma como abraçam a vida, porque não é só futebol. Minha razão de estar aqui é maior do que o futebol. O holandês fez uma conexão das origens da família, de Gana, com o Brasil para se colocar como um exemplo para as crianças que muitas vezes não possuem oportunidades de desenvolvimento. – A cultura brasileira é bastante conhecida, muito parecida com as culturas africanas. Meu pai é de Gana e senti essa similaridade. Assim que entrei no estádio, nunca tinha experimentado aquilo na vida, algo completamente diferente. Eu não tinha percebido, estou aqui tem 30 horas, está passando rápido. Quero aproveitar, isso vai me levar adiante, quero colocar meu coração nesse campo.
– O futebol é o que faz reunir as pessoas. Acho que isso é algo maravilhoso para mim. Tenho amigos em Gana, no Brasil, e eu inspiro essas crianças. Quero que elas olhem para mim e acreditem em seus sonhos. As multidões ontem me deram essa inspiração. Para ser completamente honesto, foi um momento mágico para mim. Quero jogar cada vez melhor. O jogador também explicou como gosta de jogar. Ele acredita que pode se encaixar em várias funções no setor ofensivo da equipe. – Durante a minha carreira, já joguei de 10 e de atacante. Sou um 9,5, posso jogar na esquerda, posso jogar por trás do atacante. Sou um jogador criativo, gosto de jogar entrelinhas. Vamos ver como encaixa. Quero começar a marcar gols, ontem criamos muitas oportunidades e quero me aproveitar disso para marcar gols e criar oportunidades para a equipe.
Memphis Depay assinou contrato com o Corinthians até o julho de 2026 - seis meses a menos do que o anunciado pelo clube - , com custo acima de R$ 70 milhões entre salários, luvas e bonificações. Boa parte desse valor será pago pela Esportes da Sorte, patrocinadora máster. Regularizado na CBF, Memphis pode ser relacionado para a partida contra o Botafogo, no sábado, às 21h (de Brasília), no estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro. A presença dele no duelo válido pelo Brasileirão depende das suas condições físicas, que vinha treinando durante as férias e enquanto aguardava o acerto com o novo clube. O jogador teve o primeiro contato com os torcedores em dois momentos da quarta-feira passada. Primeiro no aeroporto, quando acenou, deu autógrafos e agradeceu a cerca de 100 torcedores que o recepcionaram no aeroporto. De noite, o atacante recebeu o carinho de 45 mil corintianos que festejaram a apresentação oficial na Neo Química Arena, antes do confronto diante do Juventude, pelas quartas de final da Copa do Brasil. O Timão saiu classificado ao vencer por 3 a 1. No Brasileirão, contudo, a situação é completamente oposta. O Corinthians está dentro da zona de rebaixamento e briga para evitar a queda para a Série B, situação indiferente para Memphis Depay na escolha pelo clube. – Sei da situação, mas acredito que noites como as de ontem demonstram que a equipe tem a habilidade de lutar. É um time de lutadores. No dia de ontem, por exemplo, olhando o jogo vi o que significa jogar pelo Corinthians . Embora eu não tenha colocado a camisa, eu senti a energia, o espírito de luta – relatou. – Ontem foi muito importante, vamos ter que construir e ganhar um jogo após o outro. Em momentos difíceis, quando encontramos jogos difíceis, temos de lutar. Sei da situação, mas temos que ganhar, lutar e competir – disse.
Confira mais respostas de Memphis Depay: Recepção da torcida – Foi uma experiência incrível. Não esperava, não tinha expectativas em vir para cá. Foi algo único para mim vir para a liga brasileira com 30 anos. Para um jogador como eu, isso não acontece sempre. Quando cheguei ao Brasil e vi os torcedores, aquilo aqueceu meu coração. Compreendi o que significava para aquelas pessoas eu estar aqui. Mais uma vez, agradeço ao Fabinho pelos esforços necessários. Quando cheguei, me senti em casa. Conversas para escolher o clube – Conversei com algumas pessoas, como o Neymar e outros brasileiros. Perguntei sobre a cultura, o clube, a cidade. Falei com a minha chef. Olho para mim mesmo e pergunto: "O que eu sinto?". Uma coisa que está dentro de mim, é uma alta energia, temos que seguir aquela voz. Quando eu tive aquela sensação, orei sobre isso e dei esse passo. Foi um verão muito longo depois da Eurocopa. Fiquei em paz, me senti em paz. Estava me sentindo bem e tomei a decisão.
As várias facetas de Memphis – Cresci jogando futebol todos os dias, mas a música está dentro de mim. Sou metade holandês e metade africano. Fiz isso no meu tempo livre. O futebol é a minha atividade número um, mas a música é a terapia da minha vida. Jogar futebol todos os dias é uma grande pressão, há milhões de pessoas com expectativa sobre você. Escrever música ajuda a encontrar o equilíbrio. – Se foca apenas no futebol, você vai enlouquecer. Sou uma pessoa com muitos talentos, brinco com a moda porque tenho a possibilidade e a habilidade. O futebol é o meu primeiro amor, meu coração e minha alma estão nisso. Busco esse equilíbrio na vida.
Estrutura do Corinthians – Acho que é bastante similar ou até melhor em alguns aspectos. O ambiente é saudável e tem um potencial de se tornar cada vez maior. Muitos jogadores vão seguir esse caminho e vir para o Brasil. O estádio e a instituição são ótimos. Ontem eles fizeram um tour, me mostraram os títulos, o Mundial de Clubes, os títulos de Brasileirão. É um clube de muita história, é uma honra estar aqui. – Do outro lado do mundo, eles não conhecem isso, só seguem os clubes europeus. É o momento de ver esse vão. Os brasileiros têm algo especial, acho que a liga é iluminadora para o outro lado do mundo. É momento de demonstrar o potencial, acho que isso vai acontecer nos próximos anos". Quando estreia? – Eu acho que é importante que eu vá para as instalações e comece a checar tudo isso. Eu estou vindo da Eurocopa, estou tentando ficar pronto o mais rápido possível. Vamos ver o que a equipe médica do Corinthians diz, mas quero estar pronto o mais rápido possível. Comida e idioma – Experimentei strogonoff, arroz com feijão (risos). É uma culinária cheia de sabor. Voltando para as coisas mais sérias, o que eu mais quero é ir para o campo, jogar e competir para atender as expectativas dos torcedores o mais rápido possível. – Acho que falar a língua sempre ajuda, mas não é fácil. Joguei na Espanha por alguns anos, vou fazer aula de português para me conectar com meus companheiros de equipe. A música é uma paixão, tenho tanta música em mim.
Contato com Ramón Díaz – Falei com ele (Ramon) por telefone antes de vir ao Brasil. Fiquei com uma boa impressão. Sou um jogador que gosta de criar e marcar gols. Gosto de jogar um futebol bonito, estou feliz com isso. Ontem, me encontrei com os jogadores e me senti ótimo. Apesar da posição que estamos no momento, eles demonstraram muita coragem. Não é fácil, são finais. Senti eles juntos, sei o quanto significa jogar por esse clube, quero trazer minhas qualidades ao clube. É uma equipe que tem grandes potenciais para ganhar muitos títulos, é para isso que estou aqui. Gol em Itaquera em 2014 e situação do time no Brasileirão – Para ser honesto, eu não sabia que já tinha marcado aqui. Foi especial. Foi a minha primeira experiência no Brasil há dez anos, marquei o meu território em Copas do Mundo. Dez anos depois estou aqui para competir, isso é algo especial.
Projetos sociais – Acho que é importante procurar as lições que Deus te deu. Em Gana, ajudo crianças cegas e surdas. É uma bênção poder fazer isso, é claro que vou ajudar nisso no Brasil, mas com muito cuidado. Buscarei oportunidades de estar com pessoas reais, gente da favela, é uma forma que quero ter de representá-las. Há oportunidades aqui, tudo isso vem do futebol, é isso que temos que ver. Inspirações – Um dos jogadores que mais me inspirou foi o Ronaldo. Ele jogou no PSV, Barcelona e também aqui. A forma como ele jogava, sempre disse que ele me inspirava. Para mim, vai além. Os brasileiros, em todo o mundo e aqui, não precisam me agradecer por eu falar com respeito. Vocês contribuíram com o futebol no mundo inteiro, vocês nos inspiraram. O Ronaldo me inspirou muito. Estreia na Sul-Americana – Sobre a Copa Sul-Americana, vou treinar para ver quando estarei pronto. Relação do Gana e comparação com o Brasil – A minha mãe é da Holanda, meu pai é refugiado de Gana. Não tive chances de ver as minhas raízes até ter 22 anos de idade. Nem sempre as coisas funcionam do jeito que você quer. Eu cresci na Holanda, meu pai me deu caráter. Quando fui para Gana, comecei a conhecer a história dos meus ancestrais.
– Senti a conexão. Se eu estivesse em Gana, teria lugares lindos para ver, mas com uma grande desigualdade. Sinto essa conexão com o Brasil. Você vai me ver de terno e gravata, mas estou fazendo muito trabalho por trás, um trabalho de base. Isso sou eu, estou aqui para jogar futebol e preencher esse vão entre lá e cá. Tudo isso é muito grande. Recepção de torcedores e símbolo do Corinthians no penteado – Ontem, quando estava entrando no campo, vi as crianças com a faixa e fiquei surpreso. A forma como você se veste é uma expressão de si mesmo. É uma coisa simples. Se