O movimento pelo impeachment de Augusto Melo agora possui oficialmente um grupo que se define como apartidário e que é formado por dissidentes de diversas chapinhas do Corinthians, inclusive antigos desafetos políticos como Antônio Roque Citadini, crítico à Renovação e Transparência, e Mário Gobbi, presidente eleito pela ala que dirigiu o clube por 16 anos.
Tanto Citadini quanto Gobbi, ao lado de Caetano Baldini, membro do Cori (Conselho de Orientação) e ex-situação de Augusto Melo, estiveram em evento nesta sexta-feira. O grupo conta com aproximadamente 90 conselheiros - todos assinaram o requerimento de pedido de impeachment do atual presidente alvinegro. Mario Gobbi declarou: "É um grupo de 90 membros, não para ser presidente, mas para tirar a atual gestão. Se a gente conseguir isso, vamos ver qual nome aflora lá na frente, ok? Isso é o que primeiro estamos preocupados: tirar essa gestão que está fazendo o Corinthians sofrer muito."
Roque Citadini afirmou: "Que as pessoas sejam claras e tenham coragem, não fiquem escondidos atrás em uma vantagem aqui ou acolá. Essa coisa de ficar escondido prejudica o clube e dá uma informação equivocada. Não votei na Renovação e Transparência. Fui oposição 16 anos, mas, conhecendo o Corinthians como conheço, sabia que esse grupo era a tragédia que se apresenta."
No último domingo, após a vitória contra o Flamengo, Augusto Melo criticou a oposição pelo pedido de impeachment e afirmou que "se são corintianos, venham nos ajudar como a torcida está fazendo". O requerimento feito pelos conselheiros não teve, até o momento, sequência como parte do processo de impeachment.
Romeu Tuma Junior, presidente do Conselho, decidiu incluir o pedido na mesma investigação que discute os desdobramentos do caso VaideBet na Comissão de Ética do clube. "Corinthians hoje está em quatro procedimentos criminais," reclamou Gobbi. "É isso que vivemos, momento muito triste da história do clube, e este contexto todo fez esses 90 membros do conselho resignados com isso tomar uma pedida, não se pode, as coisas caminham para pior a cada período que passa."
O trio relatou que o movimento começou a partir das denúncias feitas por pessoas da gestão de Augusto Melo e afirmou não se tratar de uma decisão de uma oposição. Mario Gobbi acrescentou: "Não é um ato oposicionista, nem se teve tempo de se formar uma oposição, nem se organizou para debater os atos de gestão. É a gestão dele contra ele próprio. Os fatos começaram com um ato corajoso do segundo vice-presidente dele (Armando Mendonça) que denunciou a fraude do contrato com a VaideBet."
Em vez de instaurar um processo de destituição, conforme solicitado por conselheiros que lançar movimento nesta sexta-feira, Tuma decidiu anexar o pedido à apuração que já está em andamento na Comissão de Ética do clube para averiguar o contrato de patrocínio com a VaideBet."Após a Comissão de Ética formular parecer, o caso vai a julgamento no Conselho Deliberativo. Se houver maioria pelo impeachment, os sócios do clube serão convocados para decidir em assembleia se o presidente será ou não destituído." Se o pedido dos conselheiros fosse aceito como impeachment, o processo todo duraria cerca de um mês, de acordo com o artigo 107 do estatuto corintiano.
Melo teria cinco dias para confirmar o recebimento da intimação da comissão e depois dez dias para apresentar defesa. Já o processo administrativo, que agora deve ser seguido pela Comissão de Ética, não tem tempo determinado. Desta forma, as apurações e julgamento também podem resultar na destituição do presidente Augusto Melo, mas o processo pode demorar mais. Caso a investigação policial demore, é possível que o processo nos bastidores do Timão também se arraste.
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