Rubens Gomes, o Rubão, ex-diretor de futebol do Corinthians , prestou depoimento à Polícia nesta quinta-feira na condição de testemunha no inquérito que investiga possíveis crimes relacionados ao contrato de patrocínio entre o clube e a casa de apostas VaideBet. Rubão reafirmou aos policiais o que já havia dito em entrevistas. O ex-diretor alega ter ouvido do presidente do Corinthians , Augusto Melo, que não havia intermediário na negociação entre o clube e a VaideBet. Porém, no contrato foi destinada comissão de R$ 25,2 milhões à empresa Rede Social Media Design, de propriedade de Alex Cassundé, que trabalhou na campanha eleitoral de Augusto. Em entrevista na saída da delegacia, Rubão disse que o crime organizado está se infiltrando no clube. O ex-diretor, porém, não apresentou provas para essa acusação. Ele também defendeu o impeachment de Augusto Melo e disse ter colhido assinaturas para abrir o processo de destituição do presidente alvinegro.
– Minha grande preocupação é o crime organizado se instalando no Corinthians , o Corinthians é um clube familiar e precisamos tomar cuidado com isso. A instituição está acima de tudo, acima de qualquer vaidade. Se o Conselho não tirar o Augusto, a Justiça tira – declarou Rubão. – Ele (delegado) fez as perguntas sobre a VaideBet, se tinha intermediário, eu falei que não, confirmado pelo (Alex) Cassundé que não tinha intermediário. A instituição Corinthians é vítima, não seus dirigentes. O trio VaideBet, Augusto, Sérgio Moura e Marcelinho, está mais enrolado do que fumo de corda. A justiça vai prevalecer – comentou o ex-diretor, que é conselheiro vitalício do Timão.
Rubão demonstrou confiança de que Augusto Melo não terminará seu mandato, que vai até o fim de 2026. Segundo o ex-diretor, se não houver um processo de impeachment, o presidente será retirado do cargo pela Justiça. Na próxima segunda-feira, o Conselho Deliberativo do Corinthians vai se reunir e, entre outros assuntos, deve tratar do contrato com a VaideBet.
– Tem que parar com a história de "ah, não vamos tirar o Augusto senão a Renovação e Transparência volta". Não existem só dois lados. O Corinthians tem 300 conselheiros, está se formando um novo grupo político para tirar o Corinthians dessa crise. O Corinthians está sangrando, sangrando, sangrando, essas pessoas estão pensando só nelas – afirmou Rubão.
Entenda o caso A Polícia investiga desde maio deste ano o repasse de valores da comissão do patrocínio da VaideBet ao Corinthians a uma empresa fantasma. O inquérito foi aberto após denúncia feita pelo "Blog do Juca Kfouri" de que a Rede Social Media Design, empresa que intermediou o contrato, supostamente repassou R$ 900 mil à Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda. Esta empresa está no nome Edna Oliveira dos Santos, que nem sequer saberia da existência da mesma. A Polícia já identificou relação da Neoway com outras empresas fantasmas. Na semana passada, a Justiça determinou a quebra de sigilo bancário da Neoway. A Polícia ainda aguarda o envio dos extratos pelos bancos. As suspeitas relacionadas ao caso levaram a VaideBet a romper o contrato com Corinthians pelo que considerou danos à sua imagem. A rescisão foi realizada em 7 de junho. O acordo, assinado em janeiro, tinha validade até o fim de 2026 e previa o pagamento de R$ 370 milhões no total.