A Polícia Civil de São Paulo vai ouvir na próxima semana o ex-diretor de futebol do Corinthians, Rubens Gomes, o Rubão, no inquérito que apura possíveis crimes relacionados ao contrato de patrocínio entre o clube e a casa de apostas VaideBet. Rubão foi intimado a prestar depoimento na condição de testemunha, na quinta-feira que vem (dia 8). A Polícia entende que ele pode contribuir com detalhes do acordo, mesmo não tendo participado diretamente das negociações com a VaideBet.
Depois de deixar a direção do Corinthians, no início de maio, Rubão afirmou que se afastou do presidente Augusto Melo justamente por fazer questionamentos relacionados ao contrato de patrocínio. O ex-diretor também afirmou ter ouvido do presidente, no fim de 2023, que não havia intermediário na negociação com a VaideBet. Porém, no contrato ficou estipulado o pagamento de 7% de comissão (totalizando R$ 25,2 milhões) à empresa Rede Social Media Design, de propriedade de Alex Cassundé, que trabalhou na campanha eleitoral de Augusto Melo.
Antes de Rubão, outros ex-diretores do Corinthians já foram ouvidos pela Polícia, como Rozallah Santoro, que comandava o departamento financeiro, e Yun Ki Lee, antigo chefe da área jurídica. Em depoimento na semana passada, Yun Ki Lee declarou que, no primeiro contato recebido para formular o contrato com a VaideBet, não foi informado sobre a existência de intermediário. Porém, no dia seguinte, 29 de novembro, ele foi avisado que havia uma comissão de 10%, que seria paga pela casa de apostas. Nova alteração aconteceu em 2 de janeiro, quando a taxa caiu para 7%, e o Corinthians ficou incumbido de arcar com o pagamento.
Entenda o caso A Polícia investiga desde maio deste ano o repasse de valores da comissão do patrocínio da VaideBet ao Corinthians a uma empresa fantasma. O inquérito foi aberto após denúncia feita pelo "Blog do Juca Kfouri" de que a Rede Social Media Design, empresa que intermediou o contrato, supostamente repassou R$ 900 mil à Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda. Esta empresa está no nome Edna Oliveira dos Santos, que nem sequer saberia da existência da mesma. A Polícia já identificou relação da Neoway com outras empresas fantasmas. Na semana passada, a Justiça determinou a quebra de sigilo bancário da Neoway. A Polícia ainda aguarda o envio dos extratos pelos bancos. As suspeitas relacionadas ao caso levaram a VaideBet a romper o contrato com Corinthians pelo que considerou danos à sua imagem. A rescisão foi realizada em 7 de junho. O acordo, assinado em janeiro, tinha validade até o fim de 2026 e previa o pagamento de R$ 370 milhões no total.