Em participação no Finanças do Esporte, o economista e consultor em gestão esportiva Cesar Grafietti afirmou que o buraco no Corinthians é tão grande que a única solução para o clube é passar por um processo de recuperação judicial visando à implantação de uma SAF. Desse modo, na avaliação de Grafietti, o Timão poderia se reestruturar "em quatro ou cinco anos". Ele apontou que a dívida hoje é o dobro da receita, além dos juros correntes. Eu penso diferente do Fred [Luz, CEO do Corinthians], acho que o Corinthians sem uma SAF ou sem uma ação um pouco mais estruturada que inclua SAF mais uma recuperação judicial, não tem como resolver a situação. Com duas vezes a dívida em relação à receita (dívida bruta de R$ 2,1 bilhões contra R$ 1 bilhão de receita), com custo financeiro que deve rodar em torno dos 15% ao ano, fica inviável, só o que gera de resultado paga o custo financeiro e não consegue amortizar a dívida. Só a Arena gasta R$ 90 milhões de juros. Não tem alternativa: ou você faz um processo muito duro de reestruturação financeira, com cortes muito drásticos dos custos da operação, ainda assim você vai levar sete, oito anos para se reestruturar; ou você entra em um processo mais agressivo de transformar em SAF, faz uma recuperação judicial, renegocia dívida do estádio e aí a situação pode melhorar em quatro ou cinco anos, mas vai levar algum tempo e precisa de uma solução diferente do que seguir fazendo o de sempre porque isso não vai tirar o clube do lugar.
'Corinthians sai algumas casas atrás' Segundo Grafietti, a disparidade da situação financeira do Corinthians para seus rivais é um fator preponderante na decisão de virar SAF. Do contrário, o clube terá dificuldade de se manter competitivo ao mesmo tempo que paga contas e reduz a dívida. Tem alguns aspectos. Primeiro tem uma parte da dívida, uma dívida muito mais complicada de você reestruturar que é a dívida da Caixa, do estádio. É mais difícil você resolver este problema. Segundo, quando o Flamengo se reestrutura, não tinha ninguém destacado, você podia passar dois, três, quatro anos se reestruturando, mas não tinha ninguém que tivesse andado cinco casas na sua frente. O melhor clube na época que o Flamengo começa a se reestruturar era o Corinthians, ali junto com o São Paulo, mas a receita deles era R$ 300 milhões, R$ 400 milhões, para 200 e tanto do Flamengo. O Flamengo tinha um potencial de crescimento de receita muito grande no tempo, tanto que ele sai dos seus 200 e pouco para R$ 1,3 bilhão reconstruindo o futebol. Hoje o Corinthians sai algumas casas atrás de Flamengo e Palmeiras e tem que reestruturar toda a sua dívida, vai passar mais cinco, seis, sete anos sem ser competitivo organicamente e a torcida não vai ter a paciência de esperar para isso acontecer. E o potencial de crescimento de receita hoje é muito menor do que era com o Flamengo naquela época. A conjuntura não dá espaço para que o clube dobre de receita em cinco ou seis anos, para que o clube consiga reduzir as dívidas pela metade. Enquanto isso o Flamengo vai ganhando, o Palmeiras vai ganhando, o ambiente é muito diferente do que era no Flamengo naquele momento.
Cesar Grafietti Lives de clubes no YouTube do UOL Esporte Toda semana, sempre às 17h (de Brasília), o canal do UOL Esporte no YouTube tem lives 100% voltadas para você, torcedor de Corinthians, Flamengo, Palmeiras ou São Paulo. A cada dia, um clube diferente! Então, torcedor, fica esperto: Live do Flamengo - segunda-feira (às 17h de Brasília) Live do Palmeiras - terça-feira (às 17h de Brasília) Live do São Paulo - quinta-feira (17h de Brasília) Live do Corinthians - sexta-feira (17h de Brasília) Confira os horários das lives do UOL Esporte 09h - Posse de Bola - Eduardo Tironi, José Trajano, Juca Kfouri, Mauro Cezar Pereira, Arnaldo Ribeiro e Danilo Lavieri debatem os temas da semana. 11h - De Primeira - Domitila Becker, PVC e André Hernan revelam os bastidores do mundo da bola. 18h - Fim de Papo - Marília Ruiz, Renato Maurício Prado e convidados debatem os principais temas do dia no futebol. Assista ao Finanças do Esporte na íntegra