O técnico António Oliveira foi desligado do Corinthians após a derrota para o Palmeiras por 2 a 0 , na última segunda-feira. Em seus últimos dias pelo clube, o comandante português mostrou insatisfação em ser o único a falar sobre assuntos que, na visão dele, não tinham que ser tratados pelo treinador. A reportagem da Gazeta Esportiva apurou que, para António, tópicos como as negociações de Fausto Vera e Carlos Miguel teriam que ser tratados publicamente por pessoas da diretoria. Em suas últimas coletivas, quando questionado sobre seu futuro, o treinador deixava claro que esse tema teria que ser abordado pelo presidente Augusto Melo e pelo executivo de futebol Fabinho Soldado. "Não quero circo. Sei que isso rende, vende. Eu sou técnico de futebol, não sou administrador do clube. Essa pergunta é para quem é de direito. Não quero entrar nisso", disse António Oliveira após o Derby, quando questionado em coletiva sobre chance de demissão.
A Gazeta Esportiva apurou que o treinador não queria necessariamente ser respaldado, mas que alguém da diretoria se manifestasse sobre os acontecimentos do clube, para que tudo não ficasse em suas costas. A última entrevista coletiva de Augusto Melo foi no dia 10 de junho. No início da gestão, o presidente falava constantemente em programas de TV e zonas mistas, mas a postura mudou de um tempo para cá. Já Fabinho Soldado falou com repórteres após o empate em 2 a 2 com o São Paulo, no dia 16 de junho, mas não tem o costume de falar publicamente. Fabinho tem boa relação com António e discutia constantemente o planejamento da equipe com o treinador. Já Augusto Melo possuía maior distanciamento com a comissão técnica.
Críticas à montagem do elenco Fontes asseguram à reportagem que António e sua comissão técnica não gostaram do jeito que a reformulação foi feita no início do ano, antes mesmo de sua chegada, e se viram muito prejudicados com as saídas de atletas nos meses em que estiveram no clube. Os desfalques por questões físicas e as convocações para Copa América ajudaram a agravar o cenário. Por isso, em mais de uma oportunidade, António destacou a importância da janela de transferências de julho. Há um diagnóstico no CT Joaquim Grava que faltam jogadores com características complementares no plantel, que ofereçam variações táticas para a comissão técnica.
Apoio do elenco Mesmo sabendo da necessidade de reforços, António sempre tentou blindar o elenco ao máximo. Era comum o treinador destacar o esforço dos jogadores após as partidas, mesmo em derrotas. O comandante tinha o respaldo dos jogadores e o clima nunca foi um problema no CT Joaquim Grava enquanto António esteve por lá. Esse foi um ponto levado em consideração para prorrogar o trabalho do português, mesmo com a ausência de resultados positivos.