As contas do Corinthians se encerraram em 31 de dezembro e, apenas seis meses depois, a análise delas parece descabida, de tanto que o cenário já mudou. Trocou o presidente, o futebol caiu de desempenho, ídolos foram embora, denúncias de desvios surgiram. A crise está instalada. O que não mudou entre 2023 e 2024 é o caos financeiro. Nisso, Augusto Melo tem pouca responsabilidade. Todos os números contidos neste texto dizem respeito à administração do ex-presidente Duilio Monteiro Alves, pois refletem as decisões tomadas até o mandato dele. A boa notícia é que o Corinthians fatura, e fatura muito, por causa de sua torcida e do bom desempenho nas copas. Mas para aí. A maior dívida do futebol brasileiro custa caro em juros (R$ 225 milhões só no ano passado) e agrava todas as outras crises — essas, sim, problemas de Augusto.
As notas de rating foram atribuídas por Grafietti, da consultoria Convocados, com base nas demonstrações contábeis referentes aos últimos 12 anos. O conceito é usado no mercado de capitais para classificar empresas, levando em conta elementos como receitas, custos, EBITDA, investimentos e valores a pagar para bancos, entidades, agentes, fornecedores, parcelamentos, entre outros. Cada um tem um peso pré-determinado para determinar o status de cada clube. O rating do Corinthians em 2023 foi classificado como C, enquanto outros clubes como Flamengo, Athletico-PR e Red Bull Bragantino receberam notas mais altas.
Em 2023, o faturamento do Corinthians aumentou e chegou a R$ 895 milhões, com destaque para as receitas ligadas à torcida, patrocínios, direitos de transmissão e bilheterias. No entanto, os gastos com pessoal aumentaram, enquanto as despesas administrativas do clube também tiveram um aumento significativo. No total, o Corinthians teve um custo de R$ 624 milhões durante a temporada.
Em relação ao endividamento, em 2023 o Corinthians registrou um aumento para R$ 1,9 bilhão, incluindo a dívida da Neo Química Arena, que durante o mandato de Duilio não era inserida no balanço do clube. No entanto, é possível que o clube tenha valores a receber por direitos de jogadores que vendeu, ou de patrocinadores e parceiros comerciais, o que eventualmente torna a dívida mais fácil de lidar no curto prazo.
O EBITDA do Corinthians foi positivo em R$ 271 milhões, mas ao subtrair os juros, o pagamento das dívidas propriamente ditas e outros investimentos, o clube enfrenta dificuldades financeiras, mantendo-se em uma espiral de endividamento. Além disso, o clube realizou investimentos em base, contratações e infraestrutura, buscando manter a competitividade no cenário esportivo.