São mais jogos disputados do que pontos conquistados após dez rodadas no Campeonato Brasileiro. Se a luta no ano passado foi contra o rebaixamento, o Corinthians dá indícios de que vai enfrentar a mesma batalha em 2024, com outros personagens e um problema ainda maior: a falta de perspectiva. A derrota por 1 a 0 para o Internacional , na quarta-feira, em Florianópolis, foi a quinta do Timão na competição. Outros quatro empates e apenas uma vitória constroem a história de um time que até então apresenta pouco repertório, flerta com a instabilidade e com as últimas posições na tabela. O Corinthians ocupa a 17ª colocação, dentro da zona de rebaixamento. Entre os quatro times do Z-4, o Timão ainda pode ser ultrapassado por Grêmio, que tem dois jogos a menos, e Vitória, com uma partida a menos na tabela. São seis jogos sem vencer, outros sete em que o time sequer marcou gols e um cenário atual longe de ser animador para o torcedor, que vê na abertura da janela de transferências, apenas em 10 de julho, a esperança de boas notícias, novos jogadores e de uma mudança de postura para que a história contada no fim do campeonato não seja triste. Na próxima rodada, o Corinthians volta a jogar fora de casa, desta vez contra o Athletico-PR, domingo, às 16h (de Brasília), na Ligga Arena.
O presságio do péssimo primeiro tempo do Corinthians pôde ser visto antes mesmo de a bola rolar, quando os jogadores se posicionaram no sentido contrário ao que bandeira do Brasil estava hasteada no estádio Orlando Scarpelli, em Florianópolis, causando cena inusitada na hora do Hino Nacional. Com o apito inicial, os jogadores corintianos também pareceram no rumo oposto ao bom futebol. Ao longo dos 51 minutos disputados no primeiro tempo, o Corinthians finalizou apenas uma vez no gol, já nos acréscimos, em cabeçada fraca de Gustavo Henrique. Antes disso, o que se viu foi um time sem força ofensiva e desorganizado defensivamente.
O Internacional marcou duas vezes, mas apenas um gol valeu. Aos 13 minutos, Alario aproveitou bobeada de Gustavo Henrique e Cacá para tocar na saída de Matheus Donelli. O gol foi anulado por impedimento do atacante colorado. Yuri Alberto brigou contra a marcação, mas não levou vantagem em nenhum duelo. Wesley até conseguiu passar pelos zagueiros do Inter, mas nenhuma jogada foi criada pelo atacante que até alguns dias era a principal alternativa ofensiva do Timão. O desempenho ruim da defesa foi o que possibilitou o gol de outro Wesley. O atacante do Inter, ex-Palmeiras, recebeu com liberdade, abriu espaço na entrada da área e soltou a bomba de pé esquerdo (que nem é o bom), acertando o ângulo de Matheus Donelli.
O Corinthians até retornou com postura diferente do primeiro tempo, mas sem efetividade a defesa do Inter teve o trabalho de marcação facilitado. A melhor chance nos 20 minutos iniciais foi em chute de Igor Coronado, que quicou na frente do goleiro e dificultou a defesa. António Oliveira tentou melhorar a marcação e os avanços do time pelo lado esquerdo. Hugo, com dores na coxa direita, deixou o campo para a entrada de Matheus Bidu. É importante ressaltar a falta de opções do treinador neste momento, que tinha um banco de reservas formado por nove de 11 jogadores formados na base do clube.
Pedro Raul foi outra alternativa encontrada por António Oliveira para melhorar o desempenho ofensivo do Corinthians . O centroavante entrou no lugar de Breno Bidon. A entrada de Gustavo Mosquito, nos minutos finais, também foi uma tentativa de ao menos buscar o empate. As alterações não surtiram efeito. O Corinthians deixou o gramado do Orlando Scarpelli sem pontos, com a derrota e dentro da zona de rebaixamento. Nem mesmo o retorno de Rodrigo Garro, do experiente Gustavo Henrique e de um meio-campo reforçado mais povoado fez o Corinthians apresentar repertório diferente do que vem sendo apresentado nos dez primeiros jogos - a exceção foi a vitória (e única) contra o Fluminense (lanterna do Brasileirão), na Neo Química Arena, na quarta rodada. Aliás, foi a única vez em que o Timão derrotou um rival de Série A em toda a temporada.