A Polícia Civil de São Paulo está trabalhando com a possibilidade de que houve uma investigação paralela, com direito a contratação de detetive particular, no caso da empresa "laranja" que recebeu parte do dinheiro pago pela intermediação do antigo contrato do Corinthians com a casa de apostas VaideBet. Nesta terça-feira, Adriana Ramuno, identificada primeiramente como "Ana" por Edna Oliveira dos Santos, citada como "laranja" na investigação, deu depoimento às autoridades na capital paulista. O caso se encontra sob responsabilidade da 3ª Delegacia do Departamento de Polícia de Proteção a Cidadania (DPPC). O local é especializado em crimes de lavagem de dinheiro.
![Terceira Delegacia da Polícia Civil investiga o caso que envolve VaideBet e Corinthians — Foto: José Edgar de Matos](https://s2-ge.glbimg.com/HLLDDjpAUhPa7Tkn4RC7Lagti9o=/0x0:1600x1200/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2024/L/l/grtBkGSCq03nmoJsiAOw/delegacia-terceira.jpeg)
Em oitiva que durou cerca de uma hora, Adriana Ramuno afirmou que é funcionária de um detetive particular e se dirigiu a Peruíbe para realizar duas perguntas a Edna: se ela morava no local e se tinha conhecimento sobre a Neoway Soluções Integradas, empresa que supostamente recebeu os repasses da intermediadora do acordo. Ainda em depoimento, Adriana relatou desconhecer qualquer informação sobre o cliente responsável pela contratação do escritório de detetive particular. A funcionária assegurou ser padrão não ter detalhes sobre os contratantes, como no caso da investigação que a levou até Edna. Adriana Ramuno preferiu deixar o local sem conceder entrevista. O delegado responsável pelo caso, Tiago Fernando Correia, também optou por não conversar com a imprensa nesta terça. A funcionária do detetive particular foi a segunda testemunha ouvida nesse caso. Ela foi reconhecida por foto por Edna e acabou convocada a depor nesta terça-feira.
![Adriana Ramuno, funcionária de um detetive particular, prestou depoimento — Foto: José Edgar de Matos](https://s2-ge.glbimg.com/mB3Ry_c7B16nSAj9xLQcu8gpDMM=/0x0:1600x1200/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2024/9/u/c2gATcT0K2tHp3fcRpXA/adriana-ramuno.jpeg)
Na terça-feira, dia 25, será a vez do depoimento de Alex Cassundé, sócio da Rede Social Media Design, empresa que intermediou o acordo entre a casa de apostas e o clube de Parque São Jorge. O chefe de Adriana Ramuno, identificado por enquanto apenas como Felipe, também será intimado a prestar esclarecimentos nas próximas semanas. A empresa de Cassundé, que só teve tempo de receber R$ 1,4 milhão dos R$ 25 milhões acordados pela intermediação, é alvo de investigação por supostamente ter feito dois repasses (R$ 900 mil no total) para a Neoway Soluções Integradas, tratada pela Polícia como empresa "fantasma".
Entenda o caso: VaideBet e Corinthians romperam o contrato no dia 7 de junho , cinco meses depois de celebrarem o maior acordo de patrocínio do futebol brasileiro. A crise se instaurou no dia 27, quando a patrocinadora máster notificou o clube extrajudicialmente pedindo esclarecimento em torno das notícias envolvendo o possível repasse de parte comissão do intermediário para um "laranja". O contrato firmado previa R$ 370 milhões ao clube e era válido até o fim de 2026. Além da notificação da VaideBet, Augusto Melo recebeu um pedido da Polícia Civil, que também cobra respostas e pediu acesso ao contrato com a empresa. A Polícia abriu inquérito e busca esclarecimentos da denúncia feita pelo "Blog do Juca Kfouri" de que a Rede Social Media Design, empresa que intermediou o contrato de patrocínio, supostamente repassou parte do valor recebido em comissão a uma empresa "laranja", chamada Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda.
Essa empresa está no nome Edna Oliveira dos Santos, que nem sequer saberia da existência da mesma. Até o encerramento do acordo, duas parcelas de R$ 700 mil foram repassadas pelo clube para o intermediário que está registrado no contrato de patrocínio. A notícia não agradou à VaideBet, que entendeu ter a imagem prejudicada com as inúmeras especulações em torno do contrato com o Corinthians. Em notificação enviada em 27 de maio, a empresa informa que os fatos narrados representam efetiva violação da cláusula anticorrupção do contrato de patrocínio e deu dez dias para que o Corinthians apresente explicações sobre o caso. O clube respondeu aos questionamentos, alegando estar contribuindo com as investigações.
![Augusto Melo na apresentação da VaideBet no Corinthians — Foto: Jozzu/Agência Corinthians](https://s2-ge.glbimg.com/L0jMBDPg_EVbAoAFXxGs4DhWK6E=/0x0:1800x1192/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2024/A/S/hajlApTBiwK18IghL4Dw/agenciacorinthians-foto-213731.jpg)
O Corinthians notificou extrajudicialmente a empresa intermediária, que tem como sócio Alex Cassundé, prestador de serviços durante a campanha de Augusto Melo à presidência. O clube ainda aguarda explicações sobre o suposto “laranja”. Na sexta-feira (7 de junho), a VaideBet optou por rescindir o contrato usando como argumento a cláusula anticorrupção. Assinado no começo do ano, o vínculo entre Corinthians e VaideBet tinha validade até o fim de 2026 e previa o pagamento de R$ 370 milhões – o clube recebeu cerca de R$ 66 milhões desde janeiro. Em nota, o clube alfinetou a empresa pelo rompimento.