Citada como “laranja” em repasse de parte do dinheiro recebido pelo intermediário do contrato entre VaideBet e Corinthians, Edna Oliveira dos Santos estuda processar o clube por “danos morais”. A informação foi confirmada pelos advogados Walkir Patucci Neto e William R. Marroco, que a representam no caso. Em entrevista concedida na tarde desta terça-feira, na porta do 1º Departamento Policial de Peruíbe, local em que Edna Oliveira do Santos prestou o primeiro depoimento sobre o caso, os advogados citaram a possibilidade de interpelar o Corinthians. – Agora é acreditar no trabalho da Polícia, pois o doutor Thiago está fazendo um trabalho incrível, com as ferramentas que lhe são disponibilizadas, e concomitantemente com a ação criminal, que será levada a efeito pelo Ministério Público, também haverá uma ação cível, não só em relação a intermediário, mas também em relação ao Corinthians – assegurou Walkir Patucci. – Eles têm a possibilidade de entrar em contato e a gente conversar, mas inicialmente, para partir, eventualmente, de um consenso, de um acordo, isso vai depender da dona Edna. A priori, é a ação civil – acrescentou Willian Marroco.
Edna foi a primeira testemunha ouvida sobre o caso. Residente de Peruíbe, ela foi ouvida no 1º Departamento Policial da cidade pelo delegado Tiago Fernando Correia, responsável pelo caso em São Paulo. A mulher concedeu um depoimento de duas horas, considerado “esclarecedor” pelo delegado. – Ela confirmou nossas suspeitas iniciais: negou de maneira incisiva qualquer relação tanto com a empresa Neoway como com a outra empresa que foi constituída em nome dela. Ela desconhece qualquer tipo de relacionamento ou ligação com essas pessoas citadas na investigação – disse Tiago Fernando Correia.
Entenda o caso VaideBet e Corinthians romperam o contrato na sexta-feira passada, cinco meses depois de celebrarem o maior acordo de patrocínio do futebol brasileiro. A crise se instaurou no dia 27, quando a patrocinadora máster notificou o clube extrajudicialmente pedindo esclarecimento em torno das notícias envolvendo o possível repasse de parte comissão do intermediário para um "laranja". O contrato firmado previa R$ 370 milhões ao clube e era válido até o fim de 2026. Além da notificação da VaideBet, Augusto Melo recebeu um pedido da Polícia Civil, que também cobra respostas e pediu acesso ao contrato com a empresa. A Polícia abriu inquérito e busca esclarecimentos da denúncia feita pelo "Blog do Juca Kfouri" de que a Rede Social Media Design, empresa que intermediou o contrato de patrocínio, supostamente repassou parte do valor recebido em comissão a uma empresa "laranja", chamada Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda. Essa empresa está no nome Edna Oliveira dos Santos, que nem sequer saberia da existência da mesma.
Até o encerramento do acordo, duas parcelas de R$ 700 mil foram repassadas pelo clube para o intermediário que está registrado no contrato de patrocínio. A notícia não agradou à VaideBet, que entendeu ter a imagem prejudicada com as inúmeras especulações em torno do contrato com o Corinthians. Na notificação enviada em 27 de maio, a empresa informa que os fatos narrados representam efetiva violação da cláusula anticorrupção do contrato de patrocínio e deu dez dias para que o Corinthians apresente explicações sobre o caso. O clube respondeu aos questionamentos, alegando estar contribuindo com as investigações.
O Corinthians notificou extrajudicialmente a empresa intermediária, que tem como sócio Alex Cassundé, prestador de serviços durante a campanha de Augusto Melo à presidência. O clube aguarda explicações sobre o suposto “laranja”. Na sexta-feira, a VaideBet optou por rescindir o contrato usando como argumento a cláusula anticorrupção. Assinado no começo do ano, o vínculo entre Corinthians e VaideBet tinha validade até o fim de 2026 e previa o pagamento de R$ 370 milhões – o clube recebeu cerca de R$ 66 milhões desde janeiro. Em nota, o clube alfinetou a empresa pelo rompimento.