Tiago Fernando Correia, da Delegacia de Crimes Financeiros do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), concedeu entrevista ao programa Mesa Redonda , da TV Gazeta , para atualizar o estágio da investigação que envolve Corinthians, VaideBet e a empresa intermediária do acordo do patrocínio máster. O delegado deixou claro que neste momento o foco da Polícia Civil é descobrir quem está movimentando dinheiro para a Neoway Soluções Integradas, empresa considerada de fachada, e quem está se beneficiando com a movimentação financeira suspeita. O Timão, por enquanto, é visto como "potencial vítima".
"Nesse momento da nossa investigação, em estágio inicial, ao que tudo indica o Corinthians é uma potencial vítima. É importante frisar, até de uma forma de mostrar transparência, que a investigação está direcionada a apurar a eventual constituição ilícita da empresa Neoway. Neste momento, não temos nenhum dirigente do Corinthians, presidente, formalmente investigado. Tentamos identificar de maneira cabal quem está por trás da empresa Neoway. E nós, que combatemos a lavagem de dinheiro, costumamos nessas investigações rastrear o dinheiro."
"Todas notícias divulgadas, que o Corinthians teria enviado duas parcelas de R$ 700 mil para a empresa Rede Social Media Design Ltda e essa empresa teria enviado R$ 900 mil em duas parcelas à empresa Neoway, tudo isso será investigado e principalmente rastreado. Nossa intenção agora é seguir o dinheiro. Seguindo o dinheiro, vamos descobrir fatalmente quem está por trás da empresa Neoway", comentou Tiago.
O delegado afirmou que chegou-se a conclusão que, de fato, a Neoway Soluções Integradas é uma empresa de fachada e que Edna Oliveria dos Santos, mulher residente de Peruíbe, foi utilizada como "laranja" no negócio. Tiago detalhou como a Polícia trabalhou previamente para ter acesso a essas informações.
"Desde que as notícias foram veiculadas na mídia acerca da suposta irregularidade na negociação do contrato do Corinthians com a VaideBet, a Polícia Civil imediatamente, através do DPPC e por meio da minha delegacia de combate à lavagem de dinheiro e corrupção, estudaram uma investigação preliminar. Justamente porque havia notícias de que a empresa Neoway seria de fachada, fictícia, em nome de uma laranja."
"Nossa apuração inicial mostrou que de fato a Neoway é fictícia, de fachada. Entrei em contato com a senhora Edna, a suposta proprietária dessa empresa, e ela confirmou que nunca autorizou, nunca assinou ou constituiu nenhuma empresa. A senhora Edna é humilde, de poucos recursos, ela está muito abalada com o que vem acontecendo. A partir daí, determinamos que nosso setor de inteligência nos direcionasse aos locais apontados, aos cadastros da junta comercial relacionados à empresa Neoway."
"Semana passada, os policiais estiveram na Avenida Paulista, suposta sede da Neoway, e na suposta residência da Edina, na Vila Olímpia. Não detectamos qualquer presença da empresa ou da senhora Edna. Isso só confirmou nossas suspeitas oficiais de que a Neoway é uma empresa fictícia, que utiliza uma laranja. Ao que tudo indica, é uma empresa utilizada para lavagem de dinheiro e capitais."
A investigação avança para detectar outros pontos importantes para o desfecho dos fatos de forma coerente", complementou o delegado. Mesmo tratando o Corinthians inicialmente como uma "potencial vítima", a Polícia entrou em contato com o clube para ter alguns esclarecimentos a respeito da intermediação feita pela empresa Rede Social Media Design Ltd. Tiago contou o que foi pedido para a agremiação, para ela auxiliar nesse período de apuração dos fatos.
"Na última semana, ainda no contexto da nossa investigação preliminar, da verificação da procedência de todas as informações, nós solicitamos informações ao clube. Consta aí o pedido para o Corinthians esclarecer se há algum acordo, contrato com a empresa Rede Social Media Design Ltda. Os veículos noticiaram que nessa intermediação do Corinthians com a VaideBet havia participado uma empresa com esse nome.."
Por fim, o delegado confirmou que o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo) está auxiliando a Polícia Civil nas investigações. "Nós da terceira delegacia temos uma proximidade, relação muito grande com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo. Nós já trabalhamos juntos em outros casos. Na sexta-feira, quando o inquérito foi instaurado, pessoal da Gaeco entrou em contato comigo e diante da sensibilidade que o caso envolve, os promotores da Gaeco vão atuar em conjunto com a Polícia Civil, para desvendar esse esquema criminoso que estamos apurando", finalizou.