Augusto Melo, presidente do Corinthians, durante entrevista de anúncio do patrocínio da VaideBet, em janeiro deste ano
A possibilidade de o Corinthians solicitar uma Recuperação Judicial (RJ) para alcançar estabilidade e fôlego financeiro é uma das sugestões listadas pela Ernst & Young no relatório entregue pela empresa ao clube na última semana. A multinacional foi contratada para realizar uma consultoria e o desenho de um planejamento estratégico com objetivo final de encontrar soluções para a dívida bruta do Timão.
A partir da entrega do relatório da E&Y, o tema sobre a recuperação judicial passou a ser um dos mais discutidos dentro do Parque São Jorge pelas alas políticas do clube. Cabe destacar, então, que na eventualidade de o Corinthians solicitar a RJ, automaticamente, o clube daria por rescindido o contrato com a VaideBet, que representa o maior acordo de patrocínio do país, com a previsão de R$ 370 milhões a serem injetados no caixa corintiano até o fim de 2026.
O contrato, ao qual a reportagem teve acesso, prevê a rescisão imediata no caso de qualquer uma das partes entrar com pedido de recuperação judicial. Essa hipotética ruptura aconteceria sem pagamento de multa pela VaideBet.
Pelo contrário, o Corinthians ainda correria o risco de ter de arcar com a multa de 10% do valor a ser cumprido do contrato. Isso porque há uma cláusula nele que determina este pagamento pela "parte que der causa à rescisão" e, conforme o texto do acordo, solicitar RJ é uma das causas para rescisão. Aliás, rompimento automático de vínculo em caso de solicitação de recuperação judicial é uma cláusula bilateral, inserida nos últimos anos, a pedido do Corinthians, em todos os contratos com patrocinadores e parceiros a fim de proteger o clube.
Isso significa que, desta maneira, o Timão sempre terá a segurança de se desvincular de uma empresa, caso a mesma peça RJ. Por outro lado, o Corinthians, se for o protagonista da RJ, perderia não só a VaideBet. O clube, provavelmente, ficaria sem nenhuma receita de patrocínio.
O que diz o clube? Entre membros do atual departamento financeiro corintiano, houve um incômodo com o vazamento antecipado da possibilidade aventada no relatório da Ernst & Young. O estudo sobre recuperação judicial no clube nunca fora algo descartado pelos gestores que lá estão, porém, a reportagem apurou que, neste momento, a chance de o Corinthians seguir no caminho de uma RJ é ínfima.
A reportagem, ainda assim, procurou o clube para tratar sobre o assunto em busca de uma manifestação de Rozallah Santoro, homem que comanda o departamento financeiro, mas o Corinthians optou por não se pronunciar até a apresentação oficial dos resultados da consultoria.
O que diz a última gestão? Wesley Melo, que ocupou o cargo de Rozallah durante a gestão de Duílio Monteiro Alves, falou sobre o tema em texto enviado à Gazeta. "No início da gestão Duílio, ouvimos muita essa proposta de RJ. E fomos (e ainda somos), categoricamente, contra! Já falei isto também em reuniões do Conselho Deliberativo".