A atuação do Corinthians na derrota por 1 a 0 para o Argentinos Juniors lembrou alguns dos piores momentos da equipe sob o comando de Mano Menezes. Ou de Luxemburgo. De Fernando Lázaro, Silvinho, Vagner Mancini. Não há novidades. Salvo alguns espasmos de bom futebol, jogar mal é rotina há pelo menos cinco anos. Porém, dessa vez há motivos para temer um desfecho ainda pior do que nas últimas temporadas. A crise vivida pelo Corinthians em 2024 não é apenas técnica ou tática, é também política e administrativa, combinação que pode ser bombástica. Em apenas quatro meses de gestão, o presidente Augusto Melo perdeu boa parte de seu capital político e encara a ameaça de sua base aliada ruir. Em paralelo, o diretor de futebol Rubens Gomes parece fadado a deixar o cargo, movimento que certamente respingará no futebol. Somam-se a isso as dificuldades financeiras enfrentadas pelo clube, a falta de paciência da torcida em meio à seca de títulos e o desgaste emocional do elenco, evidenciado pela entrevista de Cássio após a derrota em Buenos Aires. O caos corintiano deságua no campo, onde jogo após jogo a equipe regride. A pior partida parece ser sempre a próxima.
Diante dos reservas do Argentinos Juniors, o Corinthians mais uma vez levou um gol cedo (dessa vez com menos de 2 minutos, em nova falha de Cássio) e se desnorteou. Novamente houve enorme dificuldade criativa. A equipe acertou o gol apenas uma vez em cada tempo, ambas em cabeceios - com Pedro Henrique e Cacá. Chama atenção a quantidade de erros técnicos básicos. Passe, lançamento, cruzamento, domínio. Mas, como já dito nesse espaço em outros momentos, os problemas não são apenas individuais, mas também coletivos. Promissor em seu início, o trabalho de António Oliveira não só estagnou como involuiu. Com dificuldades para encontrar uma escalação ideal, o técnico também vai mal nas modificações - por mais que as opções no banco de reservas sejam escassas.
Se a situação já era difícil em igualdade numérica, ficou praticamente impossível após a expulsão de Raul Gustavo em mais um ato de desequilíbrio emocional do zagueiro. O mais inconcebível é que este limitado elenco recebeu contratações de mais de R$ 130 milhões em 2024 e custa cerca de R$ 21 milhões em salários todos os meses. E nada indica que em julho, quando a janela de transferências reabrir, haverá uma grande revolução. A temporada ainda não chegou nem na metade, mas o cenário é alarmante. O Corinthians precisa estancar as diferentes crises que vive antes que seja tarde demais.