"O meu empresário, que era o Juan Figer, colocou para mim seis contratos em cima da mesa e falou assim: 'Escolhe aí onde você quer jogar'. Tinha proposta de Corinthians , Palmeiras, São Paulo , Cruzeiro, Santos e Fluminense". Ao final da temporada 2007, o uruguaio Alberto Martín Acosta Martinez era, definitivamente, um dos jogadores mais cobiçados do futebol brasileiro. Aos 30 anos e jogando pelo Náutico , o atacante havia sido o vice-artilheiro da Série A, com 19 gols, e eleito para a seleção do campeonato em premiação da CBF, ficando em segundo lugar na votação para melhor jogador atrás apenas de Rogério Ceni, campeão pelo São Paulo. Escute abaixo o papo com Acosta na íntegra. Àquela altura, o uruguaio vivia o auge da carreira. A caminhada até lá, no entanto, foi sinuosa.
Criado em um bairro pobre e violento de Montevidéu, conhecido como Tajo la puñalada (corte à facada), Acosta foi muito cedo abandonado pelo pai (ironicamente também jogador). Aos 17 anos, foi ele próprio pai. E de gêmeas. Com situação financeira crítica, precisou largar o futebol. Tornou-se feirante, foi trabalhar vendendo frutas e verduras. Antes da consagração, ainda escapou da morte após sofrer um grave acidente de carro, poucos meses antes do fim daquele Brasileiro.
Acosta mora no Brasil desde 2007, quando foi contratado pelo Náutico, que voltava a disputar a Série A do Campeonato Brasileiro após 13 anos. Mesmo desconhecido, era a principal aposta do clube pernambucano em uma campanha de permanência na elite (o Timbu terminou na 15ª posição, duas acima da zona de rebaixamento).
Acosta não poderia imaginar, mas a carreira tardia no futebol iria entrar em outro patamar. Que talvez não coubesse nos sonhos de uma criança nascida e criada em um dos bairros mais pobres de Montevidéu. Que cresceu sem ter por perto a figura do pai, Juan Acosta Silva.