O Corinthians finalmente tem uma espinha dorsal. É o que o empate com o Atlético-MG sem gols , pela estreia do Brasileirão , indica para a sequência da temporada. Foi o mesmo time que goleou o Nacional por 4 a 0, no mesmo esquema tático desde o fim do Campeonato Paulista. Eliminado de forma precoce do Campeonato Paulista, o Timão teve mais treinos do que jogos desde lá: uma oportunidade de ouro para António Oliveira colocar suas ideias em campo. O Corinthians que se desenha é formado por um 4-1-4-1, com Cassio; Fagner, Torres, Gustavo Henrique e Hugo. Raniele é o primeiro volante e a linha de meias tem Romero, Fausto Vera, Garro e Wesley, com Yuri Alberto como centroavante.
Vamos começar com os comportamentos ofensivos. Quando se organiza para tocar a bola, António forma uma saída de três com Raniele entre os zagueiros. O volante muitas vezes recua perto de Cássio e libera Torres e Gustavo Henrique para jogarem direto com os pontas. Fausto Vera, aposta do treinador que pode deixar Maycon no banco ao longo dos próximos jogos, até aparece próximo dessa saída. O que o treinador quer com esse movimento? A ideia é aproximar Fágner e Wesley dos laterais adversários. O lateral Hugo ganha uma função de apoio por dentro, quase como um meia surgindo de surpresa perto da área junto de Garro. Assim, o lado esquerdo ganha em drible e o direito fica mais cadenciado, com Fagner cruzando bastante a bola e invertendo lados.
Romero é o jogador que ganhou maior destaque com o treinador e não é por acaso: no funcionamento ofensivo do Timão, ele tem liberdade para ir de lado a lado e buscar espaços quando Yuri Alberto sai da área e busca o pivô. Com esse movimento de ocupar a área e prender zagueiros, Garro tem liberdade para pensar o jogo e Raniele e Vera aparecem de surpresa. O Corinthians preenche bem a área e ganha velocidade nessas chegadas. O 4-1-4-1 é muito visível quando o Corinthians se defende.
O novo esquema tático do Corinthians tem seus pontos positivos e negativos. Ainda estamos falando de um começo de trabalho. É natural nem tudo estar tão assimilado e sair da melhor forma. Um exemplo é a construção ofensiva: ficou picada no primeiro tempo, com poucos momentos de posses mais longas e trabalhadas. O ponto bom é que o time soube se defender e melhorou no segundo tempo.
Nosso time foi equilibrado. Não é por ter dez na frente que terei mais chances de gol, ia desequilibrar a equipe. Quanto melhor defendermos, mais conforto damos a quem ataca. Minhas equipes são defensivamente seguras e equilibradas. Foi um resultado até justo, num jogo difícil, poderíamos ter ganho, mas somamos um ponto num início de uma maratona grande que é o Brasileirão — António Oliveira, após empate do Corinthians na estreia do Brasileirão O Corinthians deve mostrar mais do esquema contra o Juventude, fora de casa, na próxima rodada do Brasileirão, na quarta, 18 de abril.