O confronto entre Santos x Corinthians , válido pela quinta rodada do Campeonato Brasileiro Feminino , teve uma cena de protesto promovida pelas atletas do Corinthians antes de a bola rolar nesta sexta-feira, na Vila Belmiro. Todas as jogadoras do Corinthians colocaram as mãos na boca e no ouvido em sinal de silêncio durante o momento do hino nacional. No início da partida, Carol Nogueira abriu o placar para a equipe corintiana e também protestou. A manifestação ocorre depois do retorno de Kleiton Lima ao comando das Sereias da Vila, meses depois da denúncia de casos de assédio por parte de atletas comandadas pelo treinador. Kleiton Lima, questionado na Vila Belmiro sobre as denúncias antes da partida desta sexta-feira, se negou a falar novamente sobre o assunto. – Não vou falar sobre isso, o Santos se posicionou, eu também já me posicionei e agora quero seguir minha carreira. O ambiente está bom e vamos construir algo significativo daqui para a frente – declarou.
No ano passado, o ge tornou públicas 19 cartas que relatavam denúncias de assédio moral e sexual do então treinador do Santos , que se afastou do cargo em meio às investigações. O caso ganhou novo capítulo depois da recontratação do treinador e da postura adotada pelo Santos. O clube assegurou que não encontrou evidências nas denúncias das atletas e reconduziu Kleiton Lima ao posto. Nesta sexta-feira, o ge trouxe mais um caso à tona. Sob condição de anonimato, outra antiga atleta do elenco acusou Kleiton Lima de assédio. – Na hora que saiu, ele se esfregou em mim, no meu ombro, eu senti. Passou três, quatro bancos e olhou com aquele olhar maligno dele. Tipo: "Eu fiz e você vai fazer o quê?" – conta a jogadora durante entrevista exclusiva ao ge.
O Santos se defende do caso, como Thaís Picarte, coordenadora de futebol feminino do Peixe, abordou em entrevista à reportagem. A dirigente disse que ouviu jogadoras, não encontrou indícios e referendou a chegada de Kleiton Lima. Não foi a primeira abordagem explícita contra o assédio nesta edição do Brasileirão Feminino. Antes da goleada do Corinthians sobre o América-MG, ainda pela segunda rodada, as atletas protestaram ao se ajoelhar no gramado do Parque São Jorge. A motivação naquela ocasião, segundo o Corinthians, teve duas frentes: um caso de assédio ocorrido na primeira rodada do Brasileirão e envolvendo Ariane Falavinia, fisioterapeuta da Ferroviária, e às mais de 200 jogadoras que denunciaram abusos em reportagem exclusiva do ge.