O Corinthians estar fora da fase de mata-mata do Campeonato Paulista soa como absurdo. Porém, dois Corinthians estiveram em campo na atual edição do estadual. A versão de António Oliveira, de nítida evolução, é capaz de amenizar uma situação constrangedora para o maior vencedor da competição na história, que se despede do torneio com uma rodada de antecipação. O crescimento do Corinthians sob o comando do português reflete nos resultados. São quatro vitórias nos últimos seis compromissos pela temporada, três desses resultados ocorreram no Paulistão. O fardo carregado pelo início de competição, contudo, era pesado demais e não permitia qualquer derrapada nesta reta final. Nem a vitória por 3 a 2 conquistada no fim contra o Santo André, neste sábado, na Neo Química Arena, teve capacidade de corrigir uma rota destinada à queda precoce no estadual.
Foram cinco derrotas consecutivas, quatro delas com Mano Menezes, e a briga contra o rebaixamento como realidade. Para avançar, era o Corinthians do erro quase zero e da sorte. A derrapada contra a Ponte Preta, na semana passada, sacramentou um cenário visto como provável nas últimas semanas. Nem o próprio António Oliveira discursou sobre classificação em algum momento. A comissão técnica se mostrou ciente de como a missão de ir ao mata-mata dependeria de muitos fatores, inclusive aqueles fora do alcance do trabalho. – Sempre disse que faremos as contas no fim. Desde que assumi já estávamos em contratempo. Nunca, entre nós próprios, falamos isso. Fazemos a nossa parte e a fizemos bem. Foi uma vitória do grupo que acreditou, que não desistiu. No fim, faremos as contas – disse António Oliveira no sábado, antes de a Inter de Limeira vencer o Ituano e eliminar o Timão.
A matemática jogava até às 21h50, quando a vitória da Inter de Limeira era confirmada diante do Ituano. A desvantagem de quatro pontos tornou impossível a classificação do Corinthians na última rodada. Poder de reação Sob o comando do treinador português se vê uma equipe com poder de reação importante, o que afasta uma imagem apática dos últimos anos de um Timão fora do grupo dos protagonistas de competições como o Brasileirão. Contra o Palmeiras, Garro acertou falta nos instantes finais para decretar empate por 2 a 2. Diante do Santo André, no último sábado, Pedro Raul decidiu de cabeça e deu os três pontos em circunstâncias desfavoráveis.
Instantes antes da vibração de mais de 43 mil em Itaquera, o elenco ainda absorvia o gol de empate momentâneo sofrido minutos antes nos acréscimos. Aliás, o sofrimento deste sábado pode ser considerado desnecessário diante do que se desenhava em campo na Neo Química Arena, especialmente no primeiro tempo. Na segunda etapa, após um início ruim, o Corinthians parecia ter o jogo controlado, mas só parecia. Dois vacilos, dois gols do Santo André, e uma mudança de clima total nas cadeiras do estádio. Deve-se, contudo, elogiar a postura do Corinthians nos minutos finais. O senso de urgência não se chocou com a paciência para rodar a bola e encontrar o espaço necessário para o gol. Gustavo Mosquito evitou a jogada individual e achou Raniele, que encontrou Fagner com espaço para olhar e cruzar na cabeça de Pedro Raul. Gol de um time que se mostra resiliente com António Oliveira.
A resiliência, contudo, não foi suficiente para a passagem de fase. Resta um compromisso e uma nova "pré-temporada" para o Corinthians evitar novos momentos de sufoco durante a temporada. Agora a seta mira o Brasileirão.