A qualidade de Rodrigo Garro para cobrar faltas pode até ter surpreendido o goleiro Weverton, do Palmeiras, nos minutos finais do Dérbi do último domingo, pelo Paulistão. Porém, no Corinthians , essa arma do meia argentino não só era conhecida, como foi determinante para a contratação dele. Ao analisarem números e vídeos de Rodrigo Garro, dirigentes do clube se encantaram com a qualidade dele nas bolas paradas e também identificaram um jogador corajoso, de personalidade forte, "com a cara do Corinthians ". Garro tem 22 gols na carreira, sendo sete deles de falta, o que representa quase um terço. Após debates internos, o presidente Augusto Melo e o diretor de futebol Rubens Gomes, o Rubão, tiveram a certeza de que o meia de 26 anos valia o esforço e o investimento. Por Garro, o Corinthians aceitou pagar ao Talleres, da Argentina, 7 milhões de dólares (cerca de R$ 34,7 milhões na cotação atual), na maior contratação do clube na temporada. – Um meia de qualidade, um batedor de faltas, um meia que chega à área e remata muito bem. Tem as nossas características – exaltou Augusto Melo, ao anunciar o reforço no evento de sua posse como presidente, em 2 de janeiro. Abaixo, o ge conta detalhes e bastidores da contratação do herói alvinegro no clássico da Arena Barueri.
Churrasco "abandonado" Em dezembro do ano passado, dias após ganhar a eleição, Augusto Melo e Rubão iniciaram o planejamento do elenco para 2024 e definiram como prioridade a contratação de um camisa 10. Na época, o técnico Mano Menezes participava das discussões. Em trabalho conjunto com Thiago Gasparino, contratado como analista de mercado, a direção do Corinthians filtrou dois nomes que se encaixavam no perfil desejado: Rodrigo Garro e Benjamín Rollheiser, ambos argentinos. O segundo, porém, já tinha negociação avançada com o Benfica, e o Timão decidiu apostar suas fichas em Garro. A cúpula alvinegra tinha pressa em fechar o negócio pois fora avisada que outros clubes tinham interesse no jogador. Assim, as negociações com o Talleres se estenderam até durante as festividades de fim de ano. Na linha de frente das tratativas, Rubão já estava em sua casa de veraneio em Peruíbe, no litoral Sul de São Paulo, mas mal conseguia dar atenção aos convidados.
Enquanto amigos e familiares faziam churrasco e confraternizavam à espera de 2024, o futuro diretor de futebol corintiano se fechava em uma sala para reuniões por videoconferência e trocas de e-mails. Augusto Melo também deixou São Paulo no final de semana do Réveillon, mas não conseguiu abandonar o celular por muito tempo. Nesta época, o Corinthians ainda não tinha um executivo de futebol, função que foi ocupada por Fabinho Soldado somente um mês depois. Quase na virada do ano, em 30 de dezembro, as tratativas avançaram. Com aval de assessores jurídicos, os últimos detalhes da transferência foram acertados. Porém, a "novela" ainda teria mais alguns capítulos antes de um final feliz...
Impasse por pagamento Pessoas com trânsito no mercado da bola alertaram ao Corinthians que Andrés Fassi, presidente do Talleres, era osso duro de roer nas negociações. Mesmo assim, o clube decidiu anunciar Garro em 2 de janeiro ainda sem ter depositado a primeira parcela pela compra do meia e sem ter recebido a documentação do atleta. A pressa custou caro. – Existiu uma primeira negociação que a gente tinha que depositar a primeira parcela do Garro na casa de US$ 2 milhões, e isso na hora de assinar o contrato mudou para US$ 4 milhões (cerca de R$ 20 milhões), colocaram as duas parcelas juntas – explicou Rozallah Santoro, diretor financeiro do Corinthians .