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O Corinthians propõe assumir precatórios da Caixa. A grosso modo, seria trocar a dívida da Arena por outras dívidas, com a diferença de que a compra de precatórios é feita com um grande desconto.

Ou seja, o clube seguiria com uma dívida relacionada ao estádio, mas com valor menor.

A vantagem do clube nessa operação está clara. Mas e o banco estatal, o que ganha com isso?

Com essa operação, a Caixa pode recuperar um valor que, em sua contabilidade, já não estava mais previsto. Após atraso nos pagamentos e litígio com o Corinthians , o banco passou a considerar em seu balanço financeiro o valor emprestado ao clube como perdido, por determinação de seus auditores. Mesmo com a renegociação feita em 2022 , isso não mudou.

Se aprovada a proposta feita pelo Timão, a Caixa abateria um valor que tem em seu balanço como "contas a pagar" (precatórios) em troca de uma quantia que já não esperava receber (pagamento da Arena).

O valor do desconto nos precatórios proposto pelo clube é mantido em sigilo.

Além disso, a nova proposta do Corinthians inclui os valores dos naming rights da Arena. Os pagamentos da Hypera Pharma iriam diretamente para uma conta da Caixa, sem nem passar pelo clube. Do ponto de vista do banco, isso daria uma maior garantia de recebimento.

Em 2020, o Corinthians vendeu os naming rights do seu estádio para a Hypera Pharma por R$ 300 milhões. O contrato, válido até 2040, tem uma arrecadação base de R$ 15 milhões por temporada, mas anualmente é corrigido pelo IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado). O valor atual é do acordo é de R$ 17,8 milhões por ano.

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Tal operação só se tornou possível depois do acordo firmado com a própria Caixa há pouco mais de um ano. Antes disso, o clube e o banco viviam disputa judicial, e a situação ainda incluía a Odebrecht, que agora não faz mais parte do contrato.

Vale ponderar que tal negociação não afeta a intenção do Corinthians de negociar até 49% de cotas do fundo imobiliário da Arena na bolsa. O valor arrecadado poderia ser utilizado, inclusive, para quitar os precatórios.

Quando o Estado perde um processo e é obrigado a pagar alguma indenização, a Justiça cria um precatório para determinar o pagamento a quem vai receber – alguma empresa ou pessoa física, por exemplo. É um sistema de longo prazo para que governos e órgãos públicos como a Caixa possam organizar suas despesas judiciais.

Pode ser vantajoso para quem compra os precatórios, porque o desconto é grande. Pode servir para a Caixa, que se livra de uma despesa futura e ainda garante receber alguma coisa do Corinthians. Também é de interesse de quem vai receber, para ter logo na mão uma parte do dinheiro que a Caixa só pagaria a perder de vista.

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