Nos últimos anos, a base do Corinthians vem servindo bastante a equipe profissional, com vários garotos subindo para o time de cima. Em breve, o próximo jogador que pode fazer do grupo principal é o volante Luiz Gustavo, mais conhecido como "Bahia".

Nascido em Vitória da Conquista (BA), o jovem de 17 anos chegou ao Corinthians em 2017 e pode dizer que tem a felicidade de defender o clube do coração. Em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, Bahia falou de sua trajetória, inspirações na profissão e até mesmo de Seleção Brasileira.

"Eu estou no Corinthians desde os meus 11 anos, fiz teste com 10. Estou bem estruturado, graças a Deus, mas para chegar até aqui tive que passar por várias coisas. Sempre gostei de jogar futebol, jogava todo dia. Tanto que quando era criança tive uma lesãozinha no joelho, era muita sobrecarga, sempre joguei futebol e fui esse moleque alegre. Quando eu completei 10 anos de idade, meu pai sempre falava que faríamos testes em clubes do Brasil, como se fosse uma turnê. Aí o primeiro que ele me levou foi o Corinthians, que sempre foi meu clube do coração. Aí no primeiro já passei, fiquei e estou no clube desde então", disse Bahia.

Quanto a sua posição em campo, o jovem se define como um "volante moderno". Isso porque Bahia pode atuar tanto como um segundo volante, de mais chegada, como um "5", iniciando a saída de bola. O atleta destaca sua evolução defensiva nesses últimos tempos para corresponder às expectativas do futebol moderno.

"Gosto de jogar com a bola no pé. Uma das coisas que mais evoluí nesses últimos dois anos foi a marcação, a intensidade sem a bola, hoje em dia isso ajuda muito no futebol. Sou um cara intenso, gosto de ter a bola toda hora, tenho muito passe para frente, boa chegada na área. Sou um segundo volante, mas gosto de jogar como "5", tenho uma certa facilidade de atuar nas duas funções. Mas minha posição mesmo é como "8"", ressaltou o jogador.

Ao ser questionado sobre suas inspirações no futebol, Bahia não esconde sua admiração por Renato Augusto, referência técnica do profissional e um dos ídolos recentes do Timão. Na visão do garoto, seu estilo de jogo "bate" com o do camisa 8.

"Tenho o Renato Augusto como ídolo. Me espelho muito nele. Olho pra ele e me vejo jogando como ele, mas sei que tenho que evoluir muito para chegar nesse nível. Sou fã desse cara tanto dentro como fora de campo", comentou, destacando também nomes como Cristiano Ronaldo e Kevin de Bruyne.

Mesmo não possuindo o estilo "xerifão", a liderança de Bahia sempre chamou atenção. Não por acaso, o garoto é o capitão da equipe sub-17 e diz buscar se um líder "dentro e fora de campo" para os companheiros.

"Sou um cara com bastante liderança nos jogos, cobro bastante, até exagero. Sou um cara que busco ser espelho para os jogadores da minha categoria, com conquistas, bagagem de Seleção, isso ajuda muito. Mas o que mais vale é ter humildade sempre, colocar os moleques para cima", falou o jovem.

Destaque do Timãozinho, Bahia observa o novo momento da equipe profissional, com vários jovens da base ganhando espaço. Gabriel Moscardo, que há pouco tempo era seu parceiro de sub-17, acaba sendo um exemplo dessa forte integração.

"Esses dias a gente foi jogar em Mirassol. Ano passado jogamos lá, no mesmo estádio, e o (Gabriel) Moscardo estava lá. Estava pensando como as coisas acontecem rápido, o Moscardo é um ano mais velho do que eu, jogou no sub-17 a temporada passada inteira, virou o ano arrebentando e está agora no profissional. Serve de inspiração para mim. Para eu nunca achar que está bom e trabalhar sempre, que a oportunidade vai chegar. Ainda mais agora que o Luxemburgo está usando os moleques da base, nesse bom momento", destacou o jovem.

Como já falado, a carreira de Bahia não é só pautada em Corinthians. O jovem é nome constante na Seleção Brasileira sub-17 e conquistou o Sul-Americano da categoria neste ano. Agora, o volante já pensa na Copa do Mundo, prevista para acontecer em novembro, na Indonésia.

"Toda vez que entro em campo com a Amarelinha e canto o hino, me sinto realizado. Parece que não está acontecendo aquele momento, é muito legal, uma atmosfera daora, um clima muito gostoso. Muitos queriam estar ali onde eu estou. Vejo pelas minhas redes, muita gente mandando mensagem, é uma sensação inexplicável, sonho realizado. Sinto que estou seguindo o trabalho certo, com pés no chão e humildade com certeza vou pisar no profissional do Corinthians e da Seleção Brasileira", disse o garoto.

"A expectativa (para o Mundial) é muito boa. A gente vem de uma conquista do Sul-Americano, o holofote na gente é maior, mas não podemos deixar a peteca cair, entrar na soberba. Copa do Mundo é tiro curto e não tem mais time besta. Nesse mundial que teve agora, no sub-20, seleções pequenas chegaram, não tem mais time besta. Todo mundo quer ganhar e vamos manter nosso foco pra ser campeão e trazer esse título para casa", complementou.

Luiz Gustavo "Bahia" assinou seu primeiro contrato profissional com o Corinthians em julho de 2022, com validade até junho de 2025. No Brasileirão sub-17 deste ano, o garoto possui um gol e uma assistência em três jogos disputados.

O Corinthians está com 100% de aproveitamento no Brasileiro sub-17 até aqui. O que isso significa para vocês e como manter esse ritmo até o final do torneio?

"Ano passado a gente não fez uma campanha tão boa, saímos na primeira fase e não chegamos às finais do Paulista. Por algumas coisas bestas, deslizes, por atletas que prejudicaram bastante o clube. Mas a gente mudou totalmente a cabeça, estamos fazendo tudo certo, as coisas estão acontecendo. Agora é aproveitar o bom momento para não deixar cair, nada atrapalhar. Ganhamos as três partidas e a tendência é todos os times olharem para nós como se fossemos os melhores. E quando ficamos nesse holofote é porque as coisas estão dando certo e vão dar mais certo ainda, mas a dificuldade aumenta ainda mais".

Como é trabalhar com o Guilherme Dalla Déa, um técnico tão experiente no futebol de base?

"Acho o trabalho muito fera, muito legal. Admiro muito a pessoa dele, como ele trata as coisas. Ele fala na cara, no olho a olho com pessoa, nos ajuda. Gosto como ele trabalha o time, tanto fisicamente, tecnicamente, mental… Ele observa muito as coisas, não é de xingar, falar, mas ele observa muito. Minha relação com ele é muito boa, qualquer coisinha a gente conversa, ele está me ajudando, me dá conselhos. É um super treinador para mim".

Você chegou a subir em algumas oportunidades para o sub-20 e teve contato com o Danilo. Como foi para você?

"É um cara que como jogador foi excepcional e como treinador também. Acho que ele se destaca muito pelo tanto de bagagem que tem, pela sabedoria dele e por tudo que ele já viveu. É importante passar para os atletas. É bom ter uma pessoa que viveu, sabe o que vai acontecer em todas as fases do jogo, é uma relação muito boa também".

Como você se sente defendendo as cores do Corinthians e como você definiria a Fiel Torcida?

"É uma sensação inexplicável jogar no Corinthians. Sempre foi meu sonho. Comecei a torcer pro Corinthians desde quando Ronaldo chegou ao time, que na época comecei a gostar de futebol. Praticamente todos os meus primos são corintianos, e na minha cidade tem muito corintiano e flamenguista. Acompanho o Corinthians desde pequeno e para mim é uma realização, é inexplicável jogar aqui. Só quem está dentro sabe o que é jogar no Corinthians. Para mim, é o maior clube do mundo. Não tem, não existe assistir a um jogo e não olhar para a torcida. Estar dentro de campo e olhar pra torcida é algo inexplicável. É a velha palavra: a Fiel é f***, não tem como. Meu sonho é estar ali jogando, olhar para a torcida, e eles gritando, isso que motiva. A torcida que mais motiva o atleta é a do Corinthians".