Os jogadores do Corinthians não confiam no técnico Vanderlei Luxemburgo. Não acreditam que seu trabalho possa dar frutos e tirar o time do buraco num curto período de tempo. Também não o querem mais no comando. Eles estão assustados com o nível de cobrança da torcida, principalmente das organizadas, como a Gaviões da Fiel, e temem que possam ser perseguidos fora do clube, como aconteceu com o meia-atacante Luan. Nesta quarta, o time perdeu para o América por 1 a 0 na Copa do Brasil.
Há muita desconfiança sobre as ideias do treinador para montar o time e sobre suas explicações táticas. Não é a primeira vez que o elenco sente isso por um treinador escolhido pela diretoria. Nenhum deles ficou no cargo. Neste momento, Luxemburgo "fala" sozinho no vestiário, tem pouca ou quase nenhuma atenção. O descontentamento é generalizado.
Dos treinadores que passaram pelo clube nesta temporada, havia um carinho especial por Fernando Lázaro e muito respeito por Cuca.
Experiente que é, Luxemburgo já deve ter percebido o descontentamento dos jogadores. Mas já disse que não pedirá as contas. Ele acredita em seu trabalho e defende suas ideias. Nunca se viu como um treinador desatualizado. Ocorre que não há muito o que fazer. E todos os jogadores se sentem acuados. O maior sentimento diz respeito a até onde o time pode ir com Luxemburgo. Há jogadores deslocados e fora de posição. O grupo não vê futuro sob seu comando. Há ainda salários atrasados e contas a serem pagas, o que pode ajudar em recolocações no mercado. Mas esse é outro problema.
O clima não é bom no vestiário entre atletas e comissão técnica. O treinador tem seus métodos, acredita neles e tem comentado na imprensa sua opinião sobre a melhora individual de alguns atletas, não da equipe. Ele tem recebido todas as bordoadas pelos fracassos em campo, poupando jogadores e dirigentes. Mas nem isso parece comover os atletas.
O problema, até onde essa coluna apurou, está nas ideias de Luxemburgo. Já são 17 partidas sob o seu comando, com nove derrotas. O Corinthians foi eliminado da Libertadores e agora tenta uma vaga nos playoffs da Sul-Americana. Luxa já disse que vai com formação reserva. Na Copa do Brasil, perdeu para o América em Minas pelo placar mínimo. E vive às turras com a zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro.
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A diretoria trocou de treinador quatro vezes neste ano. Está sendo pressionada internamente a trocar mais uma. Tenho dúvidas se o presidente Duílio Monteiro Alves mexerá neste vespeiro agora. Seu problema é ver o time rebaixado. A situação é delicada. Se optar pela troca, terá de assumir mais um erro de gestão. Terá ainda uma rescisão para bancar com dinheiro que não tem. A partida de volta da Copa do Brasil, em caso de eliminação, pode ser um bom pretexto para Duílio. Os jogadores já tomaram sua decisão.
1332 visitas - Fonte: Estadão