Depois de o Jornal Nacional, da TV Globo, apresentar parte do processo judicial de 1.023 páginas guardado nos Arquivos do Estado do Cantão de Berna e que confirma o sêmen de Cuca na vítima do caso de estupro em Berna, em 1987, o jornal O Globo trouxe à tona uma antiga declaração do treinador sobre o caso.
O veículo publicou um trecho da entrevista dada por Cuca ao jornal Zero Hora, no dia 31 de agosto de 1987. Na ocasião, o então meia do Grêmio havia acabado de deixar a cadeia e dizia que 'todos os envolvidos terem de pagar pelo crime' em relação ao caso na Suíça.
"Jamais pensei que uma coisa assim pudesse acontecer comigo. Não sei se foi ato infantil, um passo em falso, mas é difícil julgar os 50 dias em poucos minutos. Só posso garantir que isso nunca se repetirá. A tensão e a angústia quase me mataram. Se tivesse que ficar preso, eu preferia morrer. Eu pensava na minha mulher, quase nunca dormia", disse Cuca à época, completando.
"Passei dez dias sem falar nada e só me acalmava com injeções e sedativos. Foi um longo martírio de reflexão... tive medo de ficar traumatizado sem saber qual a reação das pessoas, dos torcedores, dos dirigentes. Estou de braços abertos para qualquer decisão. Temos que pagar, todos os envolvidos. Não adianta separar menor ou maior participação".
Tal declaração se contradiz ao discurso que Cuca passou a adotar na sequência de sua carreira, inclusive na apresentação e na saída do Corinthians, quando se disse inocente e falou que não teve relação sexual com a vítima.
No entanto, um processo judicial de 1.023 páginas guardado nos Arquivos do Estado do Cantão de Berna, capital da Suíça, revelado pela TV confirma que havia sêmen de Cuca na menina.
Diretora da instituição, Barbara Studer leu o processo na íntegra e explicou à TV que o caso está sob segredo de Justiça por 110 anos. Mesmo assim, ela aceitou mostrar uma página do documento, a de número 915, na qual começa a sentença do caso, proferida pelo Tribunal Criminal de Berna em 15 de agosto de 1989.
O documento mostra os nomes dos quatro réus: Alexi Stival (Cuca), Henrique Etges, Eduardo Hamester e Fernando Castoldi, todos jogadores do Grêmio na época, e diz que os crimes pelos quais eles foram julgados e condenados foram ato sexual com menor e coação.
Em agosto de 1989, época da condenação dos ex-jogadores, o jornal suíço "Der Bund", que cobriu o julgamento, publicou a reportagem da publicação e citou que havia sêmen de Cuca no corpo da vítima. A reportagem também menciona que a garota tentou suicídio depois do crime.
"Posso dizer que o que está no artigo (do jornal) está correto. Realmente o que está provado é que houve uma situação sexual com uma menor de idade, de treze anos", disse Studer.
Cuca, Eduardo e Henrique foram condenados à revelia a 15 meses de prisão por sexo com menor de idade e coação, enquanto Fernando foi condenado por estar envolvido no ato de violência. Como o Brasil não extradita seus cidadãos, eles não chegaram a cumprir a pena.
Os advogados Daniel Bialski e Ana Beatriz Saguas, que agora defendem o técnico Cuca, enviaram uma nota ao site ge e ao Jornal Nacional:
"A defesa de Cuca reputa ser lamentável o irresponsável linchamento por situações ocorridas há 34 anos e contrária à realidade dos fatos. Reafirme-se que Cuca não manteve qualquer relação ou contato físico com a vítima, que, aliás, não o reconheceu, conforme confirmado por diversas reportagens daquela época. Distorções e especulações serão responsabilizadas cível e penalmente, ainda mais por se tratar de processo sigiloso, evidenciando a precariedade e inconsistência de qualquer pretensa informação fornecida por terceiros".
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