Nesta quarta-feira (12), o Corinthians visita o Remo, às 21h30 (de Brasília), no Mangueirão, pelo jogo de ida da 3ª fase da Copa do Brasil.
Será o reencontro das equipes após um hiato de 27 anos. Afinal, a última vez que alvinegros e azulinos se cruzaram foi em 1996, justamente pela Copa do Brasil.
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Na ocasião, o Remo por pouco não fez história ao eliminar o Timão de Marcelinho Carioca, Sylvinho, Zé Elias, Edmundo e outros craques nas oitavas de final.
No jogo de ida, em São Paulo, a equipe paraense segurou o 0 a 0 (com direito a pênalti perdido por Edmundo), levando a decisão para Belém.
No Mangueirão lotado, o Remo saiu na frente aos 27 do 1º tempo, com gol de Júnior, e segurou o triunfo até os acréscimos da etapa complementar.
Foi então que um lance histórico aconteceu.
Já aos 47 do 2º tempo, o Corinthians se lançou com tudo ao ataque, e a bola sobrou para o volante Bernardo na área. Ele tentou o chute, mas a bola explodiu na zaga.
A redonda ficou pingando na área, e o meia Castor, que havia entrado no decorrer do 2º tempo, foi chegar para afastar o perigo e praticamente garantir a vitória dos paraenses.
Na hora de dar o chutão, porém, o meio-campista errou feio e mandou para dentro da meta de seu time, deixando o goleiro Claudecir e toda a defesa azulina perplexos.
Um gol contra simplesmente inacreditável!
Em 1996, o Remo estava se classificando na Copa do Brasil contra o Corinthians, quando marcou um gol contra bizarro nos acréscimos e foi eliminado do torneio.pic.twitter.com/TaCZSHlhHB
Com o tento, o Timão empatou por 1 a 1 se classificou para as quartas, já que, na época, a Copa do Brasil ainda tinha o critério do tento marcado fora de casa.
Hoje com 50 anos, Castor (que na verdade se chama Rozivan Pantoja de Melo), mora em Belém e trabalha há quase uma década na parte administrativa da Polícia Civil do Pará.
Em entrevista à ESPN, o ex-meio-campista relembrou os confrontos históricos contra o Timão.
"A gente tinha eliminado o Santa Cruz na 2ª fase e aí soubemos que íamos pegar o Corinthians. O primeiro foi em Sorocaba, no interior de São Paulo, e caiu numa sexta-feira Santa. Na época, nós estávamos bem confiantes, pois nosso time era maduro, muitos caras tinham disputado 1ª divisão. A gente estava na Série B, mas a expectativa estava bem alta", relembrou.
"Na ida contra o Corinthians, jogamos muito bem. O Claudecir, nosso goleiro, pegou um pênalti do Edmundo no 2º tempo e garantiu o 0 a 0. Para a volta, a gente ficou muito confiante, tínhamos certeza que faríamos uma boa partida", recordou.
Na volta, o Mangueirão estava abarrotado de torcedores, e quase o time do Remo não consegue chegar ao estádio devido a problemas no trânsito
"Depois do empate, imagine só como ficou Belém com o apoio da torcida. Todos achavam que a gente podia passar de fase. Só que, no dia do jogo, teve uma greve de ônibus e o trânsito estava horrível. No caminho para o estádio, a gente teve que descer do nosso ônibus. Tivemos que andar um bom tempo, ainda chegamos uma hora atrasado, mesmo com os batedores tentando abrir o caminho. Era muita gente indo para o Mangueirão e ainda teve a greve. Passamos correndo por todo mundo e nos aprontamos em cima da hora (risos)", divertiu-se.
Mesmo na correria, deu tempo do técnico Valdemar Carabina dar a preleção ao elenco remista.
"A conversa foi de bastante confiança. O Carabina nos deixou muito à vontade e destacou que dava para a gente ganhar. As arquibancadas estavam lotadas, nem tinha aonde colocar mais gente, acho que eram umas 60 mil pessoas. Foi o jogo do ano! A renda foi ótima. E, se a gente passasse, era um 'bicho' muito bom para os jogadores", salientou.
A conversa funcionou, e o Remo foi dominante na partida. A equipe paraense vencia, e Castor entrou para ajudar a segurar o resultado. No entanto, uma "fatalidade" ocorreu, como o próprio ex-meio-campista descreve.
"Eu comecei no banco, mas já tinha entrado no jogo em São Paulo. Entrei de novo no 2º tempo no Mangueirão, porque o Carabina tinha muita confiança em mim. A gente começou muito bem a partida, atacamos forte e perdemos vários gols. Com uns 20 do 2º tempo, ele me colocou como atacante de velocidade, para buscar os contra-ataques", afirmou.
"A gente tinha aberto o placar no 1º tempo, com um gol de falta que sobrou no rebote para o Júnior fazer 1 a 0. No final, cansamos e demos uma baixada na marcação. Aí com 47 minutos, aconteceu o lance do meu gol contra. Foi uma fatalidade. Eu fui para ajudar a marcação, mas não era nem para eu estar lá na área. Fui para ajudar a marcar, mas para atacante é complicado fazer marcação dentro da área", lamentou.
O lance infeliz é lembrado por Castor com detalhes até hoje.
"Foi um momento que o Corinthians mandou a bola para dentro da área, a zaga afastou e ela voltou no Bernardo. Ele chutou de novo, a bola rebateu e eu fui meter um voleio para mandar para escanteio... Só que a bola quicou e eu peguei errado. O Claudecir ainda tentou pegar, mas não conseguiu", relatou o ex-atleta, que vinha em boa fase até aquele momento.
"Para mim, foi muito ruim isso, porque eu tinha feito um campeonato muito bom em 1995, além de ter sido vice-artilheiro do Paraense. Na Série B, eu fui um dos destaques. Em 1996, eu revezava bastante, mas era considerado um dos ídolos e principais jogadores do Remo na época. Fiquei muito triste com o gol contra, porque tinha só 23 anos e queria vencer na carreira. Era meu ápice ali", disse.
De acordo com Castor, ele nunca foi culpado pelos companheiros de equipe e pelo treinador azulino, mas acabou "massacrado" pela imprensa.
"Quando fiz o gol contra, pedi perdão aos amigos de time e chorei muito. O Valdemar Carabina não colocou a culpa em mim e lembrou que, no jogo de ida, um jogador nosso perdeu um gol feito", salientou.
"No dia seguinte, minha ficha caiu de vez, porque eu passei o dia atendendo o telefone. Eram ligações do Brasil todo, todos os veículos me ligaram. Não tinha assessoria de imprensa na época, eu mesmo tive que falar sobre a situação. Fiquei muito triste pelo Remo e pela minha carreira, que estava em ascensão. Mas eu tive que seguir em frente. No jogo seguinte, comecei como titular e fiz gol no Campeonato Paraense", recordou.
O ex-meio-campista também diz que jamais sofreu qualquer tipo de ameaça ou represália da torcida do Remo, que o acolheu na hora difícil.
"Como eu era ídolo da torcida na época, sempre tratei todos bem e todos me trataram bem. Mesmo depois do gol contra, nunca fui ameaçado de nada, nem fui ofendido. Claro que alguns comentam do gol contra hoje em dia quando me encontram, mas faz parte. Fui bicampeão paraense pelo Remo. Nunca fui ameaçado nem nada, os torcedores me conheciam", contou Castor, que recebeu apoio também dos adversários.
"O Marcelinho Carioca e o Edmundo me mandaram recado e disseram que isso podia acontecer com qualquer um. Falaram para eu não me abalar, porque minha carreira não ia parar por lá. Isso me ajudou muito. A diretoria do Remo me ajudou bastante, colocaram vários cartazes com mensagens de apoio e me dando força", revelou.
O lance infeliz, porém, impediu que sua transferência ao Grêmio se concretizasse.
"Na época, tinham me indicado ao Grêmio. Eu falei com o Felipão em 1995, tinha tudo acertado: o salário seria de R$ 9 mil, mais apartamento e carro. Estava tudo certo, mas o Remo não quis me liberar, ficou para depois. Acabou que fiquei no Remo e aconteceu o gol contra... Aí foi um baque na minha carreira", ressaltou.
Castor ainda rodou por várias equipes, como Iraty, Camaçari, Paysandu, Tuna Luso, São Raimundo, Castanhal e Ypiranga-AP até pendurar as chuteiras, em 2007.
Atualmente, ele trabalha no administrativo da Polícia Civil do Pará, mas segue torcendo e apoiando o Remo.
"Eu trabalho há nove anos na parte administrativa da Polícia Civil em Belém, no pátio da delegacia geral. Sou reconhecido direto pelo pessoal, por causa da minha história no Remo e também pelo que aconteceu contra o Corinthians", admitiu.
"Agora, estou na expectativa para ver o que vai acontecer nesse Remo x Corinthians. Espero que o Remo vença, pois sou torcedor apaixonado. Todos queremos uma vitória", finalizou.
Remo (F) - 12/04, 21h30 (de Brasília) - Copa do Brasil
Cruzeiro (C) - 16/04, 16h (de Brasília) - Campeonato Brasileiro
Argentinos Juniors (C) - 19/04, 21h30 (de Brasília) - CONMEBOL Libertadores
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