Tite tem em Marquinhos um dos maiores pilares da força defensiva da seleção brasileira na Copa do Mundo. A confiança é tanta que até de lateral-esquerdo o zagueiro atuou na necessidade, após as lesões de Alex Telles e Alex Sandro. Ele será titular na próxima-segunda-feira (5), nas oitavas de final contra a Coreia do Sul, às 16h (no horário de Brasília), no Estádio 974.
Mas quem observa Marquinhos com a camisa verde e amarela no Qatar dificilmente diria que até o próprio Tite já teve desconfiança sobre as capacidades de o zagueiro se estabelecer em alto nível. Uma dúvida ainda nos tempos de Corinthians, quando o então jovem ainda despontava nas categorias de base - e que também logo ficaria para trás.
Quem conta a história ao ESPN.com.br é Márcio Zanardi, que era auxiliar do então técnico Narciso no time sub-20 do Corinthians que foi campeão da Copa São Paulo de 2012. Marquinhos contou com a sorte para chegar como titular àquela final que foi vencida contra o Fluminense.
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Ele tinha um currículo bacana no clube, mas os titulares eram o Antônio Carlos e o Nique. Era um grupo (nascido em) 93, e o Marquinhos era reserva, mais novo, mas era uma grande promessa. Quando o Nique machucou, a gente conversou, e o Marquinhos virou titular da Copinha. Nós fomos campeões, ele estourou", recorda o hoje treinador do São Bernardo.
Marquinhos chegou aos profissionais do Corinthians ainda em 2012 e viveu uma curiosidade na campanha do título da Conmebol Libertadores. Como foi inscrito apenas para o mata-mata, o zagueiro herdou a camisa que era de Adriano Imperador, simplesmente a 10.
Antes de apostar em Marquinhos no time de cima, Tite chegou a se reunir com Zanardi e compartilhou as dúvidas que tinha. "
Tite achou que ele não seria zagueiro porque era baixo e não tinha estatura para zagueiro. No profissional, ele foi para a Roma, o (Leandro) Castán machucou, ele assumiu e foi vendido para o PSG."
De fato, a passagem de Marquinhos entre os profissionais alvinegros foi curta, com apenas 14 jogos, sendo alguns como volante, outros como lateral e poucos como zagueiro. Isso não quer dizer que Tite aprovou a venda o jovem à Roma, algo que ele criticou publicamente na época. O hoje técnico do Brasil, porém, não previa tanto sucesso.
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Quando o Tite voltou ao Corinthians, a gente conversou, e ele me falou: 'Poxa, professor, achei que o Marquinhos não daria certo, mas ele deu'. Depois disso, o Tite o levou para a Copa do Mundo pela seleção. Faz parte”, complementou Zanardi, que é só elogios para Marquinhos desde a juventude.
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Ele sempre foi muito profissional, era o primeiro e chegar aos treinos. Sempre estudou, queria fazer faculdade. Era um cara muito acima da média. Ele tinha maior impulsão, melhor tempo de bola. Era muito preparado. Você vê ele na seleção e no PSG, e você esquece o quanto ele trabalhou."
No Qatar, Marquinhos é um dos líderes da seleção, junto com nomes como Thiago Silva e Neymar. Algo que, segundo Zanardi, vêm também desde o início no Corinthians.
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Marquinhos sempre teve essa liderança, era um cara muito focado e centrado. A gente conversava muito. Na final da Copa São Paulo, a gente ia enfrentar o time do Fluminense, que era muito rápido no ataque. Ele sempre fazia as coberturas e tinha leitura de jogo muito boa. Era muito inteligente para conversar sobre tática durante os jogos. Lembro que nos intervalos ele já tinha a leitura do que estava acontecendo. Era um jogador diferente."
Se Tite chegou a ter dúvidas, quem viu seu início no Corinthians nunca questionou que Marquinhos explodiria. "
A gente sabe que seria diferente e tinha muita condição de chegar. Era acima da média. Se tudo desse certo, chegaria onde está", encerrou Zanardi.
Na Copa do Mundo, Marquinhos é o jogador do Brasil com mais minutos em campo, com 216. É também quem tem mais toques na bola, com 210; o maior número de passes tentados, com 192; e o melhor índice de acerto nesse quesito, com aproveitamento de 96,4%.
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