Nunca nas 21 edições anteriores da Copa do Mundo tantos jogadores da seleção brasileira entraram em campo como em 2022. Não apenas no número absoluto, já que só no Qatar foi possível levar 26 convocados, mas mesmo em termos percentuais. Em três jogos, Tite utilizou 96% do elenco.
O goleiro Weverton é o único nome da equipe que não entrou em campo, depois que o treinador poupou a maioria dos titulares na derrota para Camarões e deu oportunidade para seis novos estreantes – Ederson, Daniel Alves, Bremer, Fabinho, Everton Ribeiro e Pedro.
Tamanha rodagem, claro, teve como objetivo principal dar um descanso maior para quem provavelmente iniciará as oitavas de final contra a Coreia do Sul nesta segunda-feira (5), mas também "oportunizar", verbo que Tite gosta de empregar, todos os atletas que foram à Copa.
Não importa para qual jogador você pergunte sobre o clima entre o elenco e também com a comissão técnica, e a resposta provavelmente será exaltando a cumplicidade e amizade que há entre todos. Na memória, logo vem a referência à "Família Scolari", quando Felipão também construiu um time famoso pelo bom ambiente, que acabou conquistando o pentacampeonato em 2002.
Pois adivinhe quem detinha o recorde anterior em utilização de elenco? Felipão e sua família... Que, tanto em 2002, com o penta, quanto em 2014, no ano do fracasso dos 7 a 1, conseguiu por 21 dos 23 convocados para jogar, 91% do elenco. Nas duas ocasiões, só os goleiros reservas não entraram – Jefferson e Victor na Copa no Brasil, e Dida e Rogério Ceni na Coreia do Sul e no Japão.
Em outros dois Mundiais, o Brasil também teve 91% de seu grupo jogando, mas nos dois era 22 o número máximo de convocados. Em 1938, com Adhemar Pimenta como técnico, Nariz e Niginho foram os únicos sem minutos na França; e, em 66, na Inglaterra, só Edu e Zito ficaram sem atuar com Vicente Feola.
Único a não ter atuado em 2022, Weverton admitiu em contato rápido com a reportagem da ESPN que até ele tinha ficado na expectativa ("Todo mundo fica, né...") de entrar. O jogo empatado, que acabaria virando derrota no fim, impediu a mudança no gol – algo que aconteceu, por exemplo, em 2006, quando Carlos Alberto Parreira trocou Dida por Ceni durante a terceira partida da fase de grupos.
Se Tite quis dar chance para todos jogar, algo que ele definitivamente não deseja é que chamem seu grupo de "família". Ao ser questionado sobre isso ainda antes da Copa, ele foi categórico contra o que definiu como "demagogia".
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Não. Nada iguala o meu filho, a minha filha e a minha esposa. É demagogia eu falar. Entenda, eu tenho um prazer espetacular de estar com eles (jogadores), mas a minha esposa é a minha esposa. O que a gente tem é uma relação muito harmoniosa e natural, é uma alegria com responsabilidade. Temos que levar também com a alegria, se não a coisa se perde um pouquinho, né?", disse.
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