O ano de 2023 promete ser bastante movimentado no Corinthians.


Em novembro, daqui a um ano, ainda sem o dia definido, os sócios do clube elegem o próximo presidente. Como de costume, as movimentações acerca do pleito começam a se intensificar bem antes dele. Eleito em 2020 e no cargo desde janeiro de 2021, Duilio Monteiro Alves faz seu último ano de mandato a partir de janeiro.

Por ora, ele não pode nem concorrer à reeleição e nem estender seu mandato por mais um ano.

Abaixo, o ge mostra a movimentação atual nos bastidores do processo eleitoral.

O que pode mudar?
Duilio não pode concorrer "por ora", mas há duas grandes movimentações nos bastidores do clube.

Ainda sem data, haverá uma votação no Conselho Deliberativo para que, a partir do próximo presidente, o mandato seja de quatro e não apenas de três anos. E é justamente durante essa votação que há a possibilidade de ser colocada em pauta também a reeleição do atual dirigente ou a extensão de um ano de mandato. Tais medidas precisariam passar pela aprovação dos conselheiros.

Num primeiro momento, a comissão de reforma do estatuto, presidida por André Luiz de Oliveira, também conhecido como André Negão, reprovou ambas as possibilidades. A extensão de mandato foi praticamente descartada pelo próprio grupo de situação para que não soe como "golpe". Já a chance de disputar a reeleição é vista com mais "carinho".

Estender o mandato por um ano ou concorrer à reeleição seriam as únicas possibilidades para Duilio seguir no cargo depois de 2023. Seu grupo trabalha pela continuidade. Já Duilio afirma que "não quer se meter" e deixa aliados trabalharem.

Fator Andrés Sanchez
A continuidade de Duilio, embora neste momento seja uma possibilidade remota, é vista por alguns como "única solução" – já que a situação não parece ainda ter encontrado um candidato de consenso.

Tal continuidade não tem hoje a anuência de um nome fortíssimo no Parque São Jorge: Andrés Sanchez. Figura central da "Renovação e Transparência", grupo que está no poder desde 2007, o ex-presidente é contra reeleição e contra extensão de mandato.

Andrés garante que não tem planos de disputar a presidência novamente em 2023, mas participará ativamente da escolha do nome da situação. A ele agrada o nome de André Negão, seu aliado há anos. Não há definição ainda, e o cenário é bastante embrionário.

Os "figurões" da situação têm encontro marcado para maio do ano que vem, e Andrés sabe que sua orientação sobre o próximo candidato tem caráter praticamente decisivo. Enquanto aproveita o tempo livre para viajar e passear, há quem diga que o dirigente se articula para voltar à CBF em dezembro, o que, de fato, o afastaria de concorrer à presidência no Corinthians.

Enquanto isso, Duilio tenta se manter afastado da ebulição política, mas não tem a menor intenção de declarar seu apoio em uma eventual candidatura de André Negão neste momento. O dirigente só deve se posicionar mais perto do pleito, e o desejo natural é de evitar uma situação dividida.

Candidato à vista?
Conselheiro vitalício do Corinthians, André Negão tem o sonho de presidir o clube. Deixou de ir à final da Copa do Brasil, no Maracanã, por exemplo, pois no mesmo dia tinha prova do curso técnico de gestão financeira que está fazendo.

Para algumas pessoas no clube já confidenciou o desejo de se candidatar no próximo pleito, e há a sensação de que ele até já está em campanha. Fato que não nega, nem confirma: "Vocês que estão dizendo", disse à reportagem do ge durante lançamento do busto de Basílio no clube, mês passado.

Neste momento, não é ele o candidato favorito das pessoas mais próximas de Duilio. Outros nomes já foram ventilados, como o dos vices Eli Werdo e Wagner Alcântara e até mesmo do ex-presidente do Conselho Antônio Goulart dos Reis.

O sucessor "natural" de Duilio seria a figura a ocupar o cargo de diretor de futebol. Porém, durante toda sua gestão, o presidente teve Roberto de Andrade na função justamente para se blindar de uma decisão que poderia lhe causar dores de cabeça. Presidente entre 2015 e 2018, Roberto não irá se candidatar novamente.

Um consenso muito provável seria o nome de Adriano Monteiro Alves, braço direito de Duilio e secretário-geral do Timão. Para ele, Duilio faria campanha fervorosa. Porém, os dois são irmãos e, pelo estatuto, fica proibida a candidatura de Adriano.

Héroi Vicente, atual diretor jurídico da situação e um dos nomes de oposição forte na eleição passada, não tem pretensões de se candidatar à presidência.

E a oposição?
A oposição tenta se articular por uma candidatura única, mas ainda aparece dividida. Em 2020, as duas chapas de oposição concorrentes tiveram, juntas, 1.722 votos (939 para Augusto Melo e 783 para o ex-presidente Mario Gobbi) contra 1.081 votos do atual presidente. Se unidas, teriam vencido.

Com o resultado do pleito passado, quando terminou em último, Gobbi, que já não era visto com frequência no clube, se afastou um pouco mais da vida política do Corinthians e não deve concorrer novamente. O que não quer dizer que não articule movimentos de longe do Parque São Jorge.

Já Augusto está a todo vapor. É figurinha carimbada no Parque São Jorge e tem ido a eventos oficiais do clube com a camisa "Augusto Melo 23", em alusão ao próximo pleito. Em campanha desde já, ele tem espalhado a versão de um acordo com as chapas de Gobbi e do advogado Felipe Ezabella.

A história, porém, não é bem assim. As chapas estão, sim, conversando, mas ainda não há um consenso. Fato é que Augusto, pela votação expressiva do pleito passado, não abrirá mão de ser o candidato principal e, quem com ele compor, terá de se contentar com os cargos de vice ou outros.

O grupo de Ezabella, chamado de Movimento Corinthians Grande, nega um acordo – embora haja entre os grupos uma união forte no sentido de rechaçar qualquer possibilidade de dar continuidade ao atual presidente. O próprio Ezabella não deve concorrer, já que está fazendo um curso Fifa e tem viajado bastante. Sem ele, desponta o nome de Fernando Alba.

Outros nomes de figurões do Parque São Jorge devem voltar a despontar nos próximos meses, com articulações e possíveis uniões tanto para o lado da situação, quanto da oposição. Caso do empresário Paulo Garcia, que é peça-chave dos bastidores e já foi candidato em eleições anteriores, mas pouco aparece publicamente.

Como o Corinthians funciona com as chamadas "chapinhas", que também são eleitas durante a votação de presidente, e tem ainda inúmeros cargos de diretoria dentro do clube, em esportes amadores, as composições, alianças e promessas de cargo são pontos estratégicos no pleito.

Como é o pleito?
A eleição do Corinthians ocorrerá em novembro de 2023, mas o dia ainda será definido. Além do presidente, serão eleitos também dois vice-presidentes. Com eles, entram no Conselho Deliberativo oito chapas, de 25 membros cada, que serão votadas no mesmo dia.

Têm direito a voto sócios do clube (diferente do Fiel torcedor) com mais de cinco anos de presença no quadro associativo, maiores de 18 anos e com todas as obrigações financeiras em dia. No último pleito, participaram pouco mais de 2.800 associados.