O Corinthians foi do céu ao inferno em duas cobranças de pênaltis erradas no Maracanã, em 19 de outubro. De lá para cá, desde o vice-campeonato na Copa do Brasil diante do Flamengo, o Timão visivelmente luta contra o desânimo, a irritação e desconcentração.
Em duas apresentações, contra Santos e Fluminense, o time jogou com o peso de um piano nas costas. Uns sofrem com os nervos, outros com erros. Todo mundo sentiu.
Foi assim contra o Peixe, quando Róger Guedes acabou por fazer gol decisivo para a vitória salvadora, depois de um jogo ruim do Timão. Foi assim contra o Flu, que dominou a equipe do começo ao fim do jogo disputado na Neo Química Arena, na última quarta-feira.
O piano tem nome: Copa do Brasil. Mas tem também a linha fina bem definida diante de uma indefinição: Vítor Pereira admitiu que quer ficar, mas anunciou que só anunciará seu futuro após o Brasileirão. Fato que parece colaborar pouquíssimo para melhorar os ânimos.
De uma hora para outra, como bem disse o técnico, o "balão explodiu", as expectativas viraram frustração e o comandante do barco pode abandoná-lo ao fim da temporada.
É fato que o Corinthians está a um passo de conquistar a tão desejada vaga à fase de grupo da Libertadores. Mas, sem motivação e com uma pilha de lesionados, esse passo pode facilmente se transformar em uma sombria caminhada. Nem mesmo o técnico parece animado.
Contra o Fluminense só piorou: Gustavo Mosquito, Renato Augusto e Balbuena saíram lesionados. Maycon, Adson, Xavier, Júnior Moraes, Rafael Ramos e Yuri Alberto já não estavam à disposição.
- Criamos tanta expectativa e reunimos muita energia para ganhar a final. Poucos conseguem perceber de fato o impacto dessa perda. Há quem pense que jogadores são máquinas. E treinadores, também. Mas nós temos que reagir, o impacto emocional mesmo em mim não foi fácil. Estamos tentando dar a volta por cima. Precisamos voltar a ter alegria. Só quem tem experiência sabe o quão duro é chegar e perder uma final - disse Vítor, logo após a derrota para o Fluminense.
A análise do jogo fica pequena diante da necessidade de entender do psicológico corintiano. A derrota foi doída, sim, mas precisa ser superada. O Flu, rival direto na briga pelo G-4, se aproveitou do rival frágil e machucado e se impôs do começo ao fim.
Róger Guedes como centroavante não funcionou. A suspensão de Yuri Alberto desconfigurou todo o setor ofensivo da equipe: Mateus Vital na esquerda mostrou pouca inspiração. Mosquito se machucou logo no começo do jogo e, sem Adson, Ramiro entrou mais para dar sustentação defensiva do que pensar no jogo na parte da frente. Nada deu certo.
No meio, o cerebral Renato Augusto também sentiu e, com dores no posterior da coxa direita, deixou o campo para a entrada de Giuliano. Mais um problema, menos um titular. Cano colocou o Fluminense em vantagem. No intervalo, foi a vez de Balbuena pedir para sair. E Bruno Méndez entrou mal.
Nas costas de Bruno Méndez e Fagner, Matheus Martins recebeu e mandou por baixo das pernas de Cássio. O Timão acabou salvo por impedimento milimétrico. Minutos mais tarde, Calegari chegou novamente pelo lado direito e cruzou sem ser impedido pelo uruguaio para Cano fazer mais um.
Tudo deu errado para um Corinthians que hoje parece mais distante de tocar o céu como no segundo tempo de jogo no Maracanã. Resta saber se, sem saber do futuro, o elenco será capaz de se reerguer no presente com um baque passado tão forte.