Quando parte dos refletores se apagaram, já beirando os 45 do segundo tempo, o que tínhamos armado na Arena corinthiana era um perrengue terrível. Ao mesmo tempo em que lamenta não ter alcançado um resultado positivo em seus próprios domínios, o time de Vitor Pereira pode se orgulhar de ter conseguido conter a formação ideal flamenguista. Com o placar zerado da primeira partida, a vida de todos os envolvidos está indefinida para o que acontecerá semana que vem, no Maracanã. No entanto, o favoritismo ao título da Copa do Brasil (pelo placar, pelo mando de campo e pelo próprio time) veste vermelho e preto.
A equipe de Vitor Pereira, ao que tudo indica, pretendia exercer uma pressão atroz no Flamengo a partir do apito inicial, amparada pelo eco das gargantas que faziam da casa corinthiana um moedor de almas. A estratégia não prosperou, visto que o Flamengo estava precavido contra esse assédio inicial, procurando esticar bolas longas em Pedro, que pelo lado esquerdo de ataque travou um duelo de antagônicas dimensões contra o peçonhento y pequenino Fagner, que sempre busca compensar o porte diminuto mostrando os dentes na chuteira.
Com menos de um minuto, Gabriel disparava pela direita e assustava Cássio. Pouco depois, Pedro tentava encobrir o arqueiro alvinegro, sem sucesso. Depois disso, as chances rubro-negras tornaram-se escassas. Cássio ainda interceptou uma bola nos pés de Gabriel, mas foi uma das raras vezes em que o time carioca entrou na área para levar perigo. O Flamengo tinha a bola, como é costume, mas não funcionava como aquela usina criativa que caracteriza a formação do decantado "Time das Copas" de Dorival Junior.
Aos poucos, o Corinthians subverteu a ordem das coisas -- se não conseguiu exercer a pressão inicial que poderia valer o gol que tudo desmonta, nem que seja no susto, acabou o primeiro tempo melhor que o Flamengo, com duas boas chances concluídas por Iuri Alberto. Na meia-cancha, Renato Augusto usava toda sua cátedra para reger uma sinfonia de pardais. Era um jogo muito diferente daquele atropelamento flamenguista pela Libertadores.
Na segunda etapa, no entanto, a área corinthiana se transformou no oitavo círculo do inferno. Os primeiros vinte minutos apresentaram um bombardeio flamenguista que só não encaminhou o título porque debaixo das traves alvinegras reside uma entidade de cabelos longos e queixo largo. No caso, um prognata chamado Cássio, que executou uma defesa milagrosa num chute à queima-roupa de Gabriel. Todo goleiro monstruoso tem as costas quentes, guardadas pelas traves -- e apenas por isso o chute de David Luiz encontrou a quina do travessão.
Percebendo a situação cavernosa, o técnico Vitor Pereira atrapalhou-se em pensamentos e resolveu sacar do time justamente Renato Augusto e Roger Guedes, ao mesmo tempo, mandando a campo Giuliano e Mateus Vital. Depois também entraram Gustavo Mosquito e Ramiro. Ninguém mais sabia o que estava acontecendo em Itaquera, mas parece que o comandando alvinegro conseguia ver coisas negadas aos simples mortais: a verdade é que o Corinthians melhorou, a ponto de não ser mais acossado pelo Flamengo. As pranchetas às vezes sussurram coisas inaudíveis para nós, miseráveis espectadores.
A partida extremamente eficiente do Corinthians contra o temível Flamengo ideal de Dorival Junior certamente é uma prova de que a equipe de Vitor Pereira pode ser muito competitiva, mas talvez não seja suficiente para reverter a expectativa desenhada na véspera da final. Na semana que vem, no Maracanã, dentro do campo haverá certamente muito suor, quase sangue e metafórica cerveja, mas apenas o dobro disso talvez possa desarmar o favoritismo flamenguista.
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