O técnico Vítor Pereira comemorou a classificação do Corinthians à final da Copa do Brasil, após a vitória por 3 a 0 sobre o Fluminense, nesta quinta-feira, na Neo Química Arena, mas já pensa também no futuro.
Com contrato até o fim do ano e ainda sem conversas por renovação, Vítor admitiu que deve antecipar essa decisão em "respeito ao clube".
– Pelo respeito que tenho à torcida, pelo respeito que tenho ao clube, tenho que fazer, tenho que antecipar e definir a minha vida. Com certeza isso vai acontecer. Tenho que ter uma conversa com o presidente, com a família, perceber também como é que... Hoje, se perdemos, disparavam aí críticas. Futebol é assim. Vou tentar encontrar o timing certo, mas vou antecipar. Por respeito ao clube, tenho que antecipar isso – disse Vítor Pereira
Durante a entrevista, Vítor Pereira admitiu que as finais da Copa do Brasil serão especiais para ele, apesar de toda a experiência na Europa: isso porque ele chegou no meio da temporada, conseguiu trabalhar em meio às dificuldades e, hoje, vê o Corinthians jogando da maneira que ele imagina.
– Eu já tenho muitas finais, muitas, muitas finais mesmo, tenho muitas finais na minha carreira. Aqui é uma final especial, porque não é fácil chegar no Brasil sem pré-época, sem nada, apanhar o clube em andamento, jogar o Paulistão, clássicos e clássicos sem tempo para trabalhar, tentando sobreviver ao tempo com uma enormidade de lesões. Hoje começo a sentir que a equipe joga como eu quero. Depois de tantos meses, a equipe morde, é agressiva, está mais ligada... – analisou Vítor.
– Quando vim para o Brasil eu vim com essa ideia, mas nunca tive possibilidade de trabalhar. Eu disse antes: se tiver um bocadinho de tempo, se os lesionados voltarem, vocês vão ver que a qualidade melhora. Tanto do ponto de vista defensivo como ofensivo aumenta a qualidade. Pronto, é o que está a acontecer. Por méritos dos jogadores e por termos um bocadinho mais de tempo de trabalho. Bastam duas semanas e as coisas tornam-se diferentes. Foi o que não aconteceu durante meses e meses e meses aqui, estávamos a sobreviver – completou.
As decisões contra o Flamengo serão disputadas em 12 e 19 de outubro, e os mandos de campo ainda serão sorteados pela CBF. Ainda que não queira pensar diretamente na final, já que há jogos de Campeonato Brasileiro no meio do caminho, Vítor Pereira vê o rival como favorito no confronto.
– Pelo orçamento, com certeza absoluta que o Flamengo. Pela quantidade de jogadores que já ganharam títulos, acredito que não há dúvida nenhuma que eles estão em vantagem. Mas futebol é o futebol. Vamos esperar, não estou aqui a fazer promessas porque não sou muito dessas... Agora, que vamos competir, vamos. Isso eu garanto. Não sei se vamos ganhar, mas vamos competir – disse.
Enquanto isso, o Timão volta ao Brasileirão e enfrenta o América-MG no domingo, às 18h (de Brasília), no Independência, pela 27ª rodada.
Elogios à torcida e ao time
– Jogar contra o Fluminense exige nível de concentração altíssimo, essa motivação foi nos dada pela nossa torcida que é fantástica e merece todos os elogios. Não vou elogiar muito porque senão depois sou criticado por elogiar também. Obrigado a toda nossa torcida, todos nossos torcedores espalhados pelo Brasil e pelo mundo.
– Jogo difícil, agora é hora de elogiar meus jogadores. Foram excepcionais, perceberam muito bem que iriam enfrentar um adversário muito difícil, que teríamos que estar sempre muito compactos, agressivos na zona da bola e depois explorar bem as oportunidades que tivermos, circular a bola, ligar corredores. Eles fizeram isso tudo, entenderam o adversário, fizemos um jogo muito consistente e merecemos essa classificação à final.
Elogios ao Fluminense
– Eu queria, antes de começar a falar da minha equipe, elogiar o trabalho do Diniz. Já disse a ele pessoalmente, tive que vir para o Brasil para ver uma forma de jogar que nunca tinha visto na minha vida. Nunca tinha assistido uma forma de jogar tão particular, com qualidade, independente do resultado. Hoje enfrentamos uma equipe muito bem trabalhada, que gosta do bom futebol, tenho que elogiar o trabalho deles, do treinador e dos jogadores, têm minha admiração. A forma como eles jogam é uma forma bonita de se ver.
Tempo para treinar até a final
– Eu acredito que o tempo e a possibilidade de estabilizar mais uma equipe... Eu não sou treinador para estar sempre a mudar de jogadores, só mudo quando sinto que é preciso mudar, que a equipe está desgastada e é preciso dar a resposta. Quando temos tempo para estabilizar as coisas e os lesionados volta, lógico que o nível de jogo se eleva. (...) Vamos com certeza discutir a final, isso é garantido, não acredito que vá ser uma coisa desnivelada, vai ser uma final dura para nós e dura para eles.
Achou a formação ideal?
– Eu não sou um treinador que tenho fixado em mudar sistematicamente a equipe, não sou extraterreste, não vim de outro mundo, estou nesse mundo há anos. Se não estabilizei a equipe é porque não tive possibilidade de estabilizar a equipe. Sinto que jogadores fundamentais numa sequência curta de jogos não conseguem dar a resposta, lesionam-se. Já expliquei isso muitas vezes. Esse período de tempo permitiu-nos estabilizar um pouco mais a equipe. Dá para recuperar a equipe. Agora, três dias com viagem, não é possível.
– Muitas vezes perdemos a noite do jogo, em viagem também... Foram surgindo problemas, lesões de jogadores importantes, Maycon, Paulinho, jogadores que poderiam levar o Corinthians para um nível superior se tivesse tido a possibilidade de contar com eles a temporada toda.
Abraço em Yuri Alberto
– O Yuri, ele que me desculpe, mas eu digo que é um animal. É um animal, um animal. Temos ali três ou quatro que são animais, conseguem correr quilômetros e quilômetros. Às vezes nem sei como é possível, já na parte final do jogo, sai na profundidade, vem pressionar, sai na profundidade, vem pressionar... Ele tem 21 ou 22 anos, está em uma fase que vai evoluir, ganhar maturidade em alguns aspectos, mas é um animal, é um animal que desgasta os zagueiros adversários. E hoje voltou a fazer, já tinha feito contra o São Paulo. Começou a perceber melhor os movimentos que pretendemos, percebeu aquilo que pode dar melhor ao grupo, e desgasta. Vai uma, duas, três, quatro, cinco.
– E tem outro aspecto que gosto muito nele: é coletivo. Às vezes, falta-lhe aquela coisa do atacante que só quer fazer gol. Ele não, assiste. O que pensamos do Yuri? Quando ele veio, tinha que começar a render sem estar ligado com ninguém. Naturalmente, as conexões entre eles precisam de tempo. Nesse momento ele percebe muito mais aquilo que nós pretendemos, o que os outros jogadores esperam dele... Nesse momento, é um jogador fundamental para nós.