O desempenho do time durante a vitória por 1 a 0 sobre o Red Bull Bragantino na última segunda (29) confirma a oscilação e a evolução lenta como marcas do Corinthians na era Vítor Pereira até aqui.
Sob a batuta do português, o Alvinegro costuma cair de rendimento no segundo tempo dos jogos e mostra melhoras aos poucos. A equipe não consegue engatar uma sequência de jogos atuando em alto nível na maior parte do tempo.
A equipe não consegue engatar uma sequência de jogos atuando em alto nível na maior parte do tempo.
Isso não significa que o trabalho de VP é ruim. Pelo contrário, no geral ele é bom. O quarto lugar no Brasileirão e a chance de ser finalista da Copa do Brasil provam isso. A troca dos sonolentos passes laterais por um jogo mais vertical também.
Mas a construção de um time mais forte e constante tem sido lenta. Uma série de fatores explica isso.
A queda de rendimento no segundo tempo, algo que aconteceu, por exemplo, contra Red Bull, na Neo Química Arena pelo Brasileirão, e Fluminense, pela Copa do Brasil, pode ser explicada em parte pela dificuldade de alguns jogadores de manter o mesmo nível de energia. É, principalmente, o caso de Renato Augusto. Outra explicação é a diferença de qualidade entre parte dos reservas e titulares.
Mas algumas decisões da comissão técnica colaboram para essa situação. Contra o Red Bull, na segunda, por exemplo, quando o adversário cresceu na parte final do jogo, VP fez substituições que deixaram o time mais defensivo. Ramiro entrou no lugar de Renato Augusto. Cantillo substituiu Mosquito, que segundo o técnico, pediu para sair por conta de um desconforto muscular. A equipe recuou ainda mais.
Em sua entrevista coletiva, o treinador explicou as mudanças pela necessidade de o time se defender por conta da postura mais ofensiva do adversário. "O que é que eu vou fazer? Vou deixar os quatro [jogadores da linha defensiva] que estão cansados? E eles vão ter sempre gente sobre a linha. O que vamos fazer? O ideal era pressionar e ter mais a bola. Quando eu vejo que a equipe não consegue ter mais a bola, o que eu tenho que fazer? Eu tenho que equilibrar as coisas e criar uma compensação de forças atrás", afirmou o treinador.
O combo que ajuda a entender a lenta evolução corintiana inclui a insistência do técnico com o falso poupar. A decisão de começar jogos importantes do Brasileirão com parte dos titulares no banco e utilizá-los no segundo tempo dificulta o entrosamento. Tal prática também não dá 100% de refresco aos falsamente poupados. Outro ponto é o elenco desequilibrado montado pela diretoria e que passou por reorganização durante a temporada. Claro que isso atrasa o crescimento do time e não é culpa do técnico.
A sequência de lesões enfrentada pelo elenco também retardou a evolução e não pode ser colocada na conta do treinador. O mesmo não se pode dizer de decisões arriscadas de Pereira em determinados momentos da temporada. Como atuar com dois especialistas na lateral esquerda ou com Cantillo de primeiro volante.
Porém, o maior período de instabilidade parece ter passado. Demorou, mas o Corinthians tem uma base titular definida. Com a equipe fora da Libertadores, VP terá o tempo que tanto pede para treinar. É a hora de acelerar a evolução da equipe e alcançar regularidade.
Corinthians, 2022, Vítor Pereira