Futebol é um jogo de escolhas, e nenhuma delas é perfeita. Sempre há um ponto positivo e negativo. Vitor Pereira sabe bem disso, e no empate sem gols contra o Boca Juniors, pela ida das oitavas de final da Libertadores, ele fez uma mudança tática que neutralizou as investidas do Boca mas colaborou para o Corinthians criar pouco, mesmo jogando em casa.
Apesar do jogo ser marcado pelos desfalques - Maycon, Gil, Gustavo Silva, Renato Augusto, Du Queiroz, Rafael Ramos e Cantillo - a análise não se resume a "faltou um ou outro". Afinal, o que um jogador mostra em campo também é reflexo de como o time joga e ocupa espaço.
E mesmo desfalcado, o Corinthians teve problemas e soluções que não dependem da qualidade individual ou nome de quem joga, mas sim da movimentação em campo, seja no ataque e na defesa. Vamos analisar eles:
Vitor Pereira ajusta defesa para neutralizar os pontas do Boca
Vitor Pereira teve méritos ao ajustar o esquema do Corinthians logo no começo do jogo. Quando a escalação saiu, dava para imaginar o Corinthians num 4-2-3-1: Roger Guedes como centrovante e Adson, Mantuan e Willian atrás. Com esse esquema, o time se defenderia com duas linhas de quatro e Adson (ou Willian) junto de Roger Guedes.
Só que o Boca tinha uma jogada forte na Arena: Villa e Zeballos ficavam bem abertos, com Benedetto prendendo os zagueiros. A ideia era jogar de uma forma direta, no chutão de trás para a correria desses pontas.
Com Fagner mais por dentro e Piton bem aberto, o Corinthians teria problemas ao defender essa amplitude. Então Vitor puxou Mantuan para fazer a ala e colocou Fagner como um autêntico zagueiro, formando uma linha de cinco defensores e fazendo o Corinthians jogar num 5-4-1 bem definido em quase todo o jogo.
Com a saída de Fagner por lesão no segundo tempo, Bruno Mendéz entrou e manteve a mesma estrutura. Aliás, a troca de um lateral por zagueiro se deu justamente para manter a linha de cinco. Na imagem abaixo, fica clara a estratégia do Boca e a marcação dos pontas. Outro ponto: Benedetto joga muito, e com Raul e João juntos de mais um zagueiro, o Corinthians garantia sobra não apenas nele, mas em Romero, que chegava por perto.
É verdade que Cássio fez grandes defesas e o Boca chutou mais a gol. Muito no fim do segundo tempo. O ajuste tático de Vitor evitou um resultado pior para um time desfacelado.
Ataque com muito toque de bola epouca profundidade
Seja no 4-2-3-1 inicial ou no 5-4-1 para marcar melhor o Boca, o Corinthians não deixa de lado uma forma de atacar que se faz presente desde o primeiro dia de Vitor Pereira no Timão. Quando a equipe tem a posse de bola, Fagner fica na linha dos zagueiros e Piton se manda ao ataque. Mantuan também abre o campo, e o time forma um 3-2-4-1 com a posse de bola, como você vê na imagem.
Apenas Adson, aberto pela direita, não aparece. E isso tem tudo a ver com a pouca criação do Timão nesse jogo: faltou uma ocupação melhor dos espaços na área do Boca. Faltou incomodar a defesa. Faltou executar melhor o conceito da profundidade.
Com Willian, Giuliano e Roni próximos e a saída de três bem montada, o Corinthians tinha uma saída de bola limpa. Passava da iniciação das jogadas para a construção delas com relativa facilidade. No meio-campo, a jogada era construída com muitos apoios, aproximação: Roni tocava a bola e Giuliano, Willian e Guedes se aproximavam.
Acontece que futebol é um jogo de etapas. Se o espaço de abre no meio e a triangulação engana a defesa, quem vai receber a bola na frente? Quem vai ser acionado em desmarque (com um passe para frente que o atacante corre), ou de costas (no pivô, que Jô fazia bem)? Quem vai incomodar os zagueiros adversários? Tudo isso se chama profundidade. A ocupação do campo perto do gol adversário.
O Corinthians pecou muito na profundidade. Não se trata de não ter Jô ou de esperar Yuri Alberto. O time ocupou mal o ataque. Na imagem, você vê Roger Guedes buscando a bola num setor teoricamente morto e apenas Adson (veloz, mas presa fácil para zagueiros argentinos) dando profundidade.
Foi por isso que o Timão tentou tantas vezes as inversões de lado. Aconteceu muito: Willian pega a bola, o time todo se aproxima, ele conduz por dentro e vira o jogo para Mantuan ou Adson. Ou o Corinthians tenta chegar pelos lados, sem conseguir trocar nem três passes por dentro.
Só que, de novo, área mal ocupada. Até nas inversões de jogo, o Boca conseguia marcar muito bem o ponta. Roger, Giulliano e Roni demoravam a chegar na área, como tão bem fizeram contra o Santos. E a bola batia e voltava, batia e voltava.
Não são apenas os desfalques que coloca o Corinthians numa dura missão na Bombonera. Foi também a falta de profundidade no ataque de um time que, se defendeu relativamente bem, atacou mal e perdeu a oportunidade de ouro, o pênalti. Muito para corrigir para a bombástica volta, no dia 04 de julho.
Corinthians, 2022, Vítor Pereira, Libertadores
Tem o BIRO no.banco Vitor Pereira coloca o moleque é craque fodasse que é na Bambonera coloca o craque não vai se arrepender ele joga há varios anos nas categorias de base do time não vai tremer.