Há quatro meses, o último encontro entre Corinthians e Santos, então pelo Campeonato Paulista, terminou com a demissão de Sylvinho após derrota por 2 a 1. Agora, no reencontro entre os rivais, nesta quarta-feira, às 21h30, na Neo Química Arena, pela ida das oitavas de final da Copa do Brasil, Vítor Pereira, contratado para recuperar o time, já pode mostrar a personalidade do seu trabalho.
Desde que assumiu o clube, o português tem procurado a melhor maneira de jogar com o que tem em mãos, já que considera o elenco pequeno. O treinador já admitiu fazer o que é possível, não o que ele tem como ideal. Em campo, é possível ver um Corinthians mais equilibrado e competitivo.
O Timão é vice-líder do Brasileirão e está nas oitavas de final da Copa do Brasil e da Libertadores. Com constantes trocas, o treinador conseguiu definir algumas dinâmicas em seu time. É possível, por exemplo, ver uma marcação alta mais definida e coordenada, além da pressão após a perda da bola.
No modo de atacar, Vítor teve que se adaptar.
Antes, com Jô em seu elenco, o treinador conseguiu dar início a uma boa sequência utilizando um centroavante de maior presença no ataque, segurando a bola e tabelando. Sem ele, já admitiu que precisa fazer a bola chegar no gol adversário de uma maneira diferente, mais rápida e por baixo – Róger Guedes recuperou espaço com isso.
Números no Corinthians: Vítor Pereira x Sylvinho
Vítor Pereira: 26 jogos, 14 vitórias, 6 empates, 6 derrotas, 61,5% de aproveitamento, 40 gols marcados e 25 sofridos
Sylvinho: 43 jogos,16 vitórias, 14 empates, 13 derrotas, 48,4% de aproveitamento, 42 gols marcados e 40 gols sofridos
Esse é um dos pontos positivos do trabalho de Vítor Pereira: adaptabilidade.
Diferentemente da época de Sylvinho, o treinador não tem problemas em jogar com diferentes formações, como o 3-4-3, e nem em voltar atrás na ideia, como já fez com a estrutura de três zagueiros. O técnico tem feito mudanças mais rápidas que o seu antecessor, mexe quando é preciso no intervalo e usa as cinco substituições regularmente.
O Corinthians já conquistou pontos trocando de formação em um jogo, como foi contra o Fortaleza pelo Brasileirão, mas também já perdeu, como contra o Cuiabá.
A adaptabilidade de Vítor Pereira também se mostra como ele lida com os desfalques. Sylvinho, que não chegou a completar quatro jogos na temporada, não conviveu com esse fator. O português, por outro lado, sofre com ausências em seu time. E reclama bastante do calendário brasileiro.
Para o jogo desta quarta-feira, por exemplo, não conta com Maycon e Paulinho, desfalques certos. Willian e Gil são dúvidas. Já Júnior Moraes, Bruno Melo e João Victor treinaram na semana, podendo reforçar a equipe.
Mas por conta das ausências por lesões, desconfortos, suspensões e uma rescisão (a de Jô), Vítor Pereira tem feito um rodízio no time titular para gerenciar o desgaste.
Nessa reta decisiva, de oitavas de final da Copa do Brasil e Libertadores, o treinador quer tentar padronizar um pouco o time e a formação com a linha de quatro. Mas pede que sejam "intelectualmente honestos" aqueles que pedem repetição de escalação.
Diante dos problemas, um ponto que ganhou destaque com Vítor Pereira foi a categoria de base do Corinthians, com a consolidação de jogadores que vinham ganhando minutagem com Sylvinho.
Adson e Gustavo Mantuan, por exemplo, assumiram a vice-artilharia da equipe na temporada, com quatro gols cada. Lucas Piton e os zagueiros Raul e João Victor se consolidaram.
Corinthians, 2022, Vítor Pereira, Sylvinho