Vítor Pereira e sua comissão técnica portuguesa completam, neste sábado, três meses de Corinthians.
Desde seu primeiro treino, no dia 28 de fevereiro, o treinador viveu bem o futebol brasileiro: teve eliminação no estadual, clássicos perdidos, vitórias importantes, classificações nas copas, atrito com jogador, pouco tempo para treinos e muito mais.
São noventa dias de trabalhos e 21 jogos disputados. O aproveitamento do Timão nas mãos de Vítor Pereira é de 53,9%, com nove vitórias, sete empates e cinco derrotas.
Dia a dia
Acompanhado de mais quatro portugueses de sua comissão técnica, Vítor Pereira chegou ao Brasil em fevereiro para comandar o Timão. De lá para cá, foi possível perceber como os cinco lusos são fechados entre eles. Nada sai de lá. Nos bastidores, Vítor Pereira e sua comissão formaram uma "família".
Educado, Vítor Pereira se mostra respeitoso com diferentes opiniões e também é bem didático na hora de explicar seus argumentos. Fora as coletivas, não dá entrevistas. Bate-papo fora do ar? "Não, obrigado".
Nesses três meses, Vítor Pereira também pôde mostrar um pouco de sua personalidade – ou essência, como ele mesmo diz.
Recentemente, teve um atrito com Róger Guedes, deixando o artilheiro do time por algumas partidas no banco. Algo que aconteceu em outros clubes por onde passou, como com Van Persie e Ozil no Fenerbahçe e com Hulk na China.
Na última sexta-feira, ele comentou sobre manter a exigência para todos os jogadores do elenco.
– Não sou de novelas. A verdade não vende, as pessoas só querem saber do polêmico. Para Róger ou qualquer jogador. Duílio, quando cheguei, me pediu para ser exigente. Todos os meus títulos foram à base de exigência, compromisso, trabalhar no limite, dar tudo de nós, estar sempre no nosso melhor momento em treino e jogo. Isso não é negociável.
De outro lado, essa exigência também foi fundamental na recuperação de Jô. Logo que Vítor Pereira chegou ao clube, o centroavante vinha em baixa e chegou até a faltar em um treino. Depois de uma conversa com o treinador, onde até aposta para perder peso aconteceu, o atacante retomou a boa fase e tem sido importante para a equipe.
Inimigo número um e o rodízio
Com alguns jogos no Corinthians, Vítor Pereira logo identificou quem seria o seu principal adversário na temporada: o calendário apertado do futebol brasileiro. O treinador entendeu que, se quisesse ter o time sempre em alto nível, precisaria mexer as peças.
E é isso que vem acontecendo. Vítor Pereira adotou um rodízio no time titular para gerir o desgaste do elenco e ter a equipe mais fresca possível em cada partida. Ele tem sido alvo de críticas e elogios por essa estratégia.
– Quando decidi aceitar o desafio do Duílio e da direção, sabia que vinha com uma maratona complicada. Estar na frente (no Brasileirão) não significa muito. Há uma maratona de jogos e viagens. O intervalo entre jogos é curtíssimo, os adversários são difíceis – disse Vítor na última entrevista coletiva.
Mas fato é que o rodízio se mostra necessário ao olhar para o departamento médico do Corinthians. Jô, João Victor, Fagner e Cássio, com níveis diferentes, estão lesionados no momento. Paulinho está fora da temporada. E Willian chegou a assustar com uma possível lesão.
Junto disso, jogadores da base começaram a ter mais minutos em campo, como o caso de Gustavo Mantuan, Adson, Raul Gustavo e Du Queiroz, que cresceram nas mãos de Vítor Pereira. Além disso, mais jovens, como Wesley, Giovane e Robert Renan, tiveram suas chances.
Dentro desse rodízio imposto, Vítor Pereira passou a apresentar mudanças táticas já no começo das partidas, escalando por algumas vezes o time com três zagueiros, seja num 3-4-3 ou 5-3-2. Mas isso, pelo que o próprio treinador diz, será modificado.
– Essa alternância de esquema nos prejudicou, vamos investir no nosso sistema base, o 4-3-3. Podemos alternar pontualmente, mas não com o pouco tempo de trabalho que temos, já que alteram comportamentos, nos empurram pata trás, não nos deixa ser pressionantes, isso nos afetou. É um fato, uma constatação. Vamos melhorar o nosso nível.
Classificações e clássicos
Três de seus primeiros seis jogos no comando do Corinthians foram clássicos. Os resultados não foram bons. Enfrentando o São Paulo, duas vezes, e o Palmeiras, todos pelo Paulistão, o Timão saiu com três derrotas.
Depois, mais para frente já no Brasileirão, nova derrota para o Palmeiras (3 a 0). As cobranças surgiram. E o time, mais uma vez, não correspondeu. Em casa, contra o São Paulo, saiu atrás do placar e buscou o 1 a 1.
Vítor Pereira ainda não venceu nenhum clássico pelo Corinthians
Por outro lado, o Corinthians conseguiu atingir dois objetivos com Vítor Pereira: as classificações nas copas. Primeiro, depois de dois duelos contra a Portuguesa-RJ, o Timão avançou para as oitavas de final da Copa do Brasil.
Depois, em vaga concretizada nesta semana, veio a classificação para a próxima fase da Libertadores. O Timão, claro, queria passar como primeiro de seu grupo, mas acabou avançando na segunda colocação. Agora, enfrenta novamente o Boca Juniors nas oitavas.
– Quem está no Corinthians tem medo do próximo adversário... Se ficássemos em primeiro, pegaríamos o mesmo time. É encarar a realidade e ir à luta. Fazer nosso melhor, preparar e tentar passar da eliminatória. É simples – disse o português.
Corinthians, Vítor Pereira
Três meses ganhando uma fortuna por mês e só fazendo merda e falando merda do Corinthians!