Atacante do Always Ready, que enfrentará o Corinthians pela Conmebol Libertadores, nesta terça-feira (5), Juan Carlos Arce teve uma passagem marcante pelo Parque São Jorge. Quando tinha apenas 21 anos, o jogador fez parte da equipe alvinegra que caiu pela primeira vez na história para a Série B do Campeonato Brasileiro, em 2007.



Poucos meses antes de ser contratado no fim do ano anterior pela MSI (Media Sports Investment), empresa que fazia gestão do futebol do clube alvinegro, ele passou um tempo na Portuguesa, mas não estava se se sentindo bem e decidiu ir embora antes mesmo de estrear.


Mesmo sendo considerado uma promessa do Oriente Petrolero, da Bolívia, o jogador era um desconhecido até para os colegas brasileiros. O próprio técnico à época, Emerson Leão, não o conhecia e pediu ao auxiliar Ricardo Rosa que viajasse à Bolívia para fazer uma pesquisa popular para aprová-lo. Após a aceitação, o atacante foi contratado por empréstimo de uma temporada sob muita desconfiança.


“Ele chegou como um mistério no Corinthians porque não tínhamos muita informação dele. Como a gente já estava recebendo muitos gringos, mas só conhecemos a qualidade dele quando veio”, disse Bruno Octávio, ex-volante do Corinthians, ao ESPN.com.br.


Apesar de ser visto como um cara “boa praça” nos treinos, jogos e viagens, o boliviano era bastante reservado na vida pessoal.


“Era um cara de fácil acesso, fazia amizade com todo mundo. Fiquei algumas vezes no mesmo quarto na concentração com ele, que entendia muito bem o nosso idioma. Ele não abria muito da história dele. Não era um cara que trazia muito família ou tinha muitos amigos aqui para ir para balada, sitio ou relacionamento social. Era mais restrito. Ele era muito tranquilo e mais fechado, como o Mascherano”, contou Bruno.


Arce estreou na vitória sobre o Juventus por 4 a 1, pelo Campeonato Paulista. O gol mais importante da passagem do jogador pelo Timão foi na vitória por 3 a 2 sobre o Botafogo no Engenhão, em partida válida pelo Brasileiro.


“Lembro que cruzei e ele marcou o gol de peixinho. Depois, ficamos brincando que eu o consagrei”, lembrou Bruno.


“Era um cara que treinava sério dentro de campo corria até o limite, nunca teve nenhuma reclamação de treinador porque era muito comprometido. Era extremamente rápido e com recursos técnicos”.


No ano mais problemático da história do Corinthians, com a troca de presidentes, saída da MSI e escândalos que foram parar nas páginas policiais, a equipe alvinegra naufragou.


“O que ele teve mais problemas foi a adaptação cultural. Tomou aquele impacto, ainda mais no Corinthians, que estava sendo muito mexido e com imprensa em cima. Mas era muito alegre em treinar e jogar com todo mundo. Ele teve uma boa fase no Corinthians, mas não conseguiu dar sequência por muitos fatores. Houve muitas troca de treinadores, chegadas de muitos jogadores ao mesmo tempo”, explicou Bruno.


Lance marcante...

Em 34 jogos, o atacante fez apenas cinco gols. No entanto, o lance mais lembrado pelos torcedores alvinegros aconteceu na penúltima rodada do Brasileiro, no jogo contra o Vasco no Pacaembu. Se o Corinthians vencesse, praticamente escapava do rebaixamento. E aos três minutos do segundo tempo, quando o duelo estava 0 a 0, Arce recebeu passe em profundidade de Éverton Ribeiro, ficou na cara do goleiro Cássio, mas chutou por cima do travessão.


“Bruno Octávio soltou na esquerda para Éverton, bom toque para Arce, dominou, vai marcar, bateu... Vai à merda, Arce. Pelo amor de Deus, impressionante, ele, o cara, a bola e o gol e ele chuta a bola no tobogã”, narrou à época Hugo Botelho, locutor da rádio 105FM.


Apenas 16 minutos depois do fatídico lance, Alan Kardec fez o gol que deu a vitória por 1 a 0 para o Vasco.


“Ele ficou chateado sim, pelas cobranças, mas abalado não. Ali acho que acabou pegando o fator geral, não só o lance em si, todos estavam sob críticas pesadas”, disse Bruno.


Na rodada seguinte, em Porto Alegre, o Corinthians apenas empatou com o Grêmio por 1 a 1 e terminou rebaixado. Logo em seguida, Arce saiu do Corinthians e rodou por muitas equipes, tendo vivo o melhor momento pelo Bolivar, clube no qual ficou por 11 anos, sendo campeão Boliviano e semifinalista da Libertadores de 2014. Desde o ano passado, o jogador, 36 anos, defende o Always Ready.



Pela seleção boliviana, atacante disputou muitos jogos de eliminatórias de Copa do Mundo e disputou cinco edições de Copa América.

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