Um jogo é um jogo. Ele pode ser a pelada com amigas numa quarta à noite, ele pode ser uma partida de Estadual num sábado à tarde, ele pode ser final de mundial do outro lado do mundo. Não importa. Todas as vezes que algumas pessoas estiverem dispostas a formar dois times para se enfrentar e alguém der o pontapé inicial está inaugurado um universo.
Há que se respeitar apenas algumas regras básicas para que essa fresta se abra. Será preciso buscar o coletivo na forma de triangulações, movimentação e do entendimento que espaços podem ser criados do nada a partir desses deslocamentos. Há que se respeitar a poesia que é escrita com a ousadia de um drible. E há que se buscar, acima de tudo, o ímpeto por atacar, atacar e atacar. Feito isso, um universo nascerá.
Quem foi à Itaquera nessa noite de sábado, 12 de março, talvez jamais esqueça o que viu. Não era nada, na verdade. Era um jogo de estadual na fase classificatória, Corinthians e Ponte, só isso. Mas era, ao mesmo tempo, a possibilidade de um novo universo. E eis que ele se deu.
O Corinthians respeitou todas as regras para que assim fosse: atacou, criou, se movimentou e se deslocou com criatividade e ousadia. Das arquibancadas, a audiência reconhecia que estava em um teatro dos sonhos e devolvia para o campo a energia que colhia dele. É essa dança que faz a gente querer mais e não desistir. É esse balé que faz a gente acreditar que nossa experiência tem significado.
É só disso que se trata o futebol. É esse o encontro que faz nascer o encantamento e abre as frestas. Hoje, em Itaquera, um universo nasceu. Cinco a zero, baile, dança, febre, delírio. E é apenas um estadual. Vem, futebol.
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