Durante as conversas com o português Luís Castro, de 60 anos, a diretoria de futebol do Corinthians enxergou que o treinador se encaixava na maioria dos pré-requisitos discutidos internamente nas duas semanas em que o clube buscou um substituto para Sylvinho.
Métodos de trabalho, forma de condução de grupo, comunicação interna e externa e trabalho com base foram temas que chamaram a atenção da direção.
Atualmente no Al-Duhail, do Catar, o treinador aceitou a proposta corintiana e está próximo de ser anunciado pelo clube, que ainda precisa resolver a questão da multa de 1,2 milhão de euros prevista em contrato, algo próximo a R$ 7 milhões. O estafe do treinador negocia um acordo com os cataris.
Visto em Portugal com um perfil sério, calmo e estudioso, Luís Castro chamou a atenção dos dirigentes corintianos também por suas referências. No Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, trabalhou com diversos brasileiros. Por lá, foi campeão ucraniano e chegou à semifinal da Liga Europa.
Ao ge, o jornalista Rodrigo Sá Cortez, do jornal "O Jogo", analisou a personalidade e a carreira dele:
"Luís Castro é daquelas pessoas que ninguém diz que não gosta. Tem uma maneira de ser muito amigável. Tem bons valores, uma pessoa muito fria, muito estudiosa, ao ver suas intervenções você percebe que ele sabe do que está falando", declarou.
"Uma pessoa que na carreira não teve tantas oportunidades para mostrar o seu valor. No Porto, teve muitos anos na formação e depois na equipe B. Na principal, teve apenas uma oportunidade, chegou no meio de uma temporada, acabou em terceiro lugar depois de 16 jogos. O segundo degrau foi no Shakhtar, onde ganharam duas vezes do Real Madrid na Liga dos Campeões e foi campeão nacional. Pendo que ele ainda está a provar se é um treinador que pode chegar num patamar mais alto ou não."
O volante Filipe Augusto, hoje no Damac, da Arábia Saudita, trabalhou com Luís Castro no Rio Ave, em 2017. Aos 28 anos, o atleta também apresenta boas referências do técnico que o Timão deve trazer:
"Um ótimo treinador, ótima pessoa. Um técnico exigente, que tem bastante clareza daquilo que deseja. Também muito acessível e que gosta de conversar e ajustar detalhes para o melhor da equipe."
Em entrevista ao podcast do canal Footure, publicado em janeiro, Luís Castro se apresentou como um treinador que tem ideias de jogo definidas, mas que pode mudá-las de acordo com o elenco.
"Sou um treinador claramente de construção a partir de trás, para que a equipe chegue junta à frente, para que quando o ala chegue numa zona de servir, que tenha três ou quatro opções na área, sempre com equilíbrio defensivo. Quando cheguei ao Shakhtar, havia um jogador que quando recuperava a bola em zona baixa, conseguia conduzir e quebrar as linhas. Era o Taison."
"Quando a gente recuperava a bola, ele progredia muito rápido e levava um ou dois jogadores para a transição, fazendo a gente finalizar rápido. Minha ideia era um jogo triangulado, inserindo todos os jogadores, variando da esquerda para a direita, com pivô, produzindo diagonais curtas... Mas com Taison progredindo rápido, queimando linhas, tive que priorizar outras coisas e ajustar. O contexto determina a forma da equipe."
O treinador é conhecido também por ser bastante exigente nos treinamentos, por entender que é preciso aproximar as condições da prática interna com a do jogo válido pelos campeonatos.
"O jogador que não aguenta a crítica de um técnico do treino não vai aguentar a crítica do estádio ao longo do jogo. Podemos ter ali um problema a resolver", observou.
Luís Castro e sua comissão devem custar cerca de R$ 20 milhões por temporada (3,5 milhões de euros/ano) ao Corinthians. Ele chegará com os auxiliares João Brandão e Vítor Severino, o preparador físico Pedro Brito e o analista José Costa. Um preparador de goleiros também pode ser incluído.
Em contato com o ge, o treinador disse que está focado no jogo da próxima segunda-feira, contra o Qatar SC, pela liga nacional. A tendência é de que ele venha ao Brasil na próxima semana. O iraniano Kia Joorabchian e seu sócio Giuliano Bertolucci participam das negociações.
A ideia do Corinthians é tê-lo por dois anos, até o fim da gestão do presidente Duílio Monteiro Alves.
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