Quando a escalação do Corinthians for anunciada no telão da Neo Química Arena nesta quarta-feira (2), no clássico contra o Santos, dificilmente ecoarão aplausos quando o nome de Sylvinho for ouvido pelas arquibancadas. É um termômetro da pressão com que o técnico convive desde 2021 e também agora neste início de Campeonato Paulista.



Uma relação bem diferente, contudo, é a que o treinador tem com o grupo de jogadores. Assim como as críticas, desde a última temporada, líderes do elenco têm usado entrevistas para defender publicamente Sylvinho, bastante elogiado por sua forma de trabalhar.


Para os atletas, alguns pontos são unânimes na defesa do atual comandante. O primeiro é sua dedicação ao posto. Com o auxílio do CIFUT (Centro de Inteligência do Futebol), Sylvinho e sua comissão técnica acumulam horas assistindo a vídeos sobre rivais e o próprio time, e o conteúdo é passado aos atletas, que posteriormente trabalham em campo o que foi visto.


“É um cara que trabalha bastante, fica ali no CT 14 horas por dia vendo vídeos, trabalhando para trazer as melhores informações para nós jogadores”, elogiou Willian, em entrevista ao “Bola da Vez”, da ESPN Brasil. “Tem muito trabalho, dedicação, é um cara que chega cedo ao clube, vai embora tarde, está sempre tentando ajudar, melhorar”, concordou Cássio.


Sylvinho também tem seu conhecimento sobre futebol reconhecido no grupo. Como jogador, ele chegou a trabalhar com Pep Guardiola e, ao fim da carreira, foi auxiliar de nomes como Roberto Mancini e Tite. “Já já ele vai ser um dos melhores, isso eu tenho certeza, porque a parte tática dele é muito boa”, avaliou Roger Guedes, na reta final de 2021.


Renato Augusto, que também trabalhou com Tite, vê semelhanças entre os dois. “Acho que tem muita coisa ligada ao Tite, sim, mas com coisas que são dele. Acredito que esteja no caminho certo, gosto bastante da forma como trabalha. Ele tem apoio aqui dentro”.


O apoio vem também do ambiente que Sylvinho tem com seus comandados. Em seus discursos no vestiário, o técnico costuma ressaltar a importância do grupo, e essa cumplicidade com os atletas é termômetro que a atual direção costuma estar atenta ao avaliar o trabalho do treinador – Fabio Carille, hoje no Santos, rival nesta quarta, sentiu isso no passado.


“É um cara que faz um ambiente fantástico”, resumiu Willian. “É difícil falar porque a gente acha um pouco estranho esse tipo de cobrança, porque vem de muito fora para dentro, porque aqui o ambiente é muito bom”, disse Fábio Santos, em 2021.


Um dos pontos que ajudam nessa relação é o fato de Sylvinho ser aberto para escutar seus atletas. Na estreia na temporada, no empate sem gols com a Inter de Limeira, por exemplo, ele e Renato Augusto foram flagrados pela transmissão trocando percepções sobre posicionamento.


“Ele é bem aberto nesse assunto, sobre questões táticas, de como a gente vai pressionar o adversário, como a gente vai sair jogando. Ele traz as ideias para nós, leva para dentro de campo, a gente faz algumas, por exemplo, algumas saídas de bola, como a gente vai pressionar, e às vezes não está encaixando de uma forma e a gente fala com ele. ‘Será que não pode fazer assim? O que você acha de fazer assim?’ Ele é bem tranquilo quanto a isso”, explicou Willian.


“A gente sempre tem essa conversa com ele, esse diálogo. E é um cara bem aberto e está sempre querendo um ambiente favorável, um ambiente onde os jogadores se sintam bem tanto dentro de campo quanto fora de campo também”, acrescentou.


Ao garantir que não tem problema com a pressão das arquibancadas, Sylvinho também se valeu do ambiente para minimizar as críticas depois da vitória sobre o Santo André no último domingo. E citou também os elogios de seus jogadores.


“Não muda nada, absolutamente nada. Nosso ambiente é muito saudável, muito bom. Haja visto os atletas. Eu não pago os atletas para darem entrevistas, é o que eles veem. Eu fico muito feliz porque muitos desses atletas têm uma rodagem importante, conhecem treinadores de um nível internacional importante, muitos vencedores, e os caras dizem, estão dizendo... Eu não pago eles, nem ninguém. Não atrapalha nada. O ambiente nosso é extraordinário.”


Um dos problemas para Sylvinho é que, no futebol, muitas vezes impera a cultura do imediatismo. E, assim como elogiam, muitos jogadores também reconhecem que o atual técnico do Corinthians ainda passa por um processo de aprendizado na função.


“O Sylvinho ainda é novo como treinador. Vai aprender muito”, disse Willian. “Com certeza ele vai evoluir como treinador, ele vai aprender muitas coisas ainda que com certeza ele ainda não conseguiu adquirir pelo pouco tempo que ele tem como treinador”, completou.



“Nada como o tempo para resolver pendências, para consolidar um trabalho”, resumiu Renato Augusto. Para Sylvinho, diante da pressão da torcida, a questão parece ser se ele terá esse tempo para convencer também as arquibancadas que os jogadores têm razão.

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