Contratações, reforços, estádio moderno, finanças em dia. Todos estes são sonhos que a torcida e a diretoria almejam para seus clubes mas a realidade do timão é bem diferente. Com quase R$ 1 bilhão de dívidas, o Corinthians não tem poder de contratações e sobrevive sem ar para respirar. Todos os setores alvinegros buscam, aos poucos, direcionar suas decisões para abater o valor com novas práticas, veja mais detalhes abaixo.
Compliance é um método cada vez mais difundido em empresas dos mais diversos setores que tem como objetivo, principalmente, proporcionar uma gestão mais transparente e livre de infrações. Isso faz com que uma companhia ganhe mais credibilidade no mercado e atraia investidores. Sem dúvida, fatores extremamente necessários na realidade do futebol brasileiro.
No Brasil, alguns clubes já aderiram à prática, por diferentes razões. Um exemplo é o Cruzeiro que, após ter escândalos administrativos divulgados em 2019, precisou buscar uma reestruturação para começar a recuperar sua credibilidade. Com isso, o clube criou um Comitê de Governança, Gestão e Compliance, com a missão de assessorar os dirigentes e verificar se todos estão "agindo em conformidade aos processos, instruções normativas e leis internas ou externas".
O compliance ajuda a deixar claro os valores e as diretrizes que o clube espera de seus colaboradores, inclusive atletas e comissão técnica. Isso possibilita ter de forma mais objetiva um planejamento estratégico para atingirmos as metas estabelecidas. Em resumo, o compliance define valores, divide competências, organiza fluxos internos de despesas e até mesmo auxilia na averiguação e punição de desvios de conduta.
Diretor jurídico do Corinthians desde o começo da gestão do presidente Duilio Monteiro Alves, o advogado Herói Vicente considera uma vitória o acerto com um escritório de advocacia para a implementação do regime de compliance (conformidade, em português) no clube.
O contrato foi assinado junto à Gelson Ferrareze Sociedade de Advogados até dezembro de 2023. Mas, afinal, do que se trata o termo em inglês e por que o jurídico do Timão considera um passo importante rumo a profissionalização do clube?
Para Herói, é mais um passo importante para a reestruturação do Corinthians. Ele está no cargo há pouco mais de seis meses. Era um dos líderes de uma das chapas de oposição mais radical na última eleição, mas topou o pedido de Duilio Monteiro Alves para ajudar na gestão da situação. O balanço do primeiro semestre, para o advogado, é muito positivo.
"Extremamente positivo o balanço do nosso departamento. Estamos trabalhando incessantemente na solução de muitos problemas. Conseguimos trazer benefício patrimonial aproximado de R$ 40 milhões já nestes seis meses, entre decisões de primeira instância e acordo para diminuição de débito. Muito trabalho. Não costumo reclamar de trabalho, mas, às vezes a gente fica meio cansado. É normal. Sensação de fazer algo bom para o clube, isso me traz uma motivação maior. A presença da Falconi e da KPMG têm sido muito importantes para a reestruturação. Projeto a médio e longo prazo que precisa ser feito. Os efeitos serão sentidos desde logo".
"O Corinthians assumiu também o papel de precursor no cenário desportivo, quanto ao pleno atendimento à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Temos um encarregado (figura criada pela Lei), Dr. Walter Calza Neto, e um gerente de projeto, Rodrigo Cesar Calvo. Excelentes profissionais".
CORINTHIANS, TIMAO