Não há problema extracampo que atrapalhe o trabalho do técnico Cuca no Santos. Pelo menos é assim que tudo ocorre há mais de um mês, período em que o Peixe está invicto, em um total de dez jogos. O adversário desta noite, às 19h, o Corinthians de Dyego Coelho, busca exatamente o que o rival tem conseguido: esquecer os problemas fora de campo para retomar o caminho das vitórias. A partida de hoje (7), pela 14ª rodada do Campeonato Brasileiro, ocorre na Neo Química Arena.



Quando chegou, logo antes da estreia do Santos no Brasileirão em agosto, Cuca assumiu o clube já proibido de registrar novos atletas e não conseguiu reforçar o elenco. Ele até tentou, conduziu as negociações de Everson e Sasha com o Atlético-MG para possibilitar o pagamento da dívida com o Hamburgo (ALE), mas isso não se concretizou.

A situação, na verdade, só piorou. Durante o mês de setembro, no qual o Santos não perdeu nenhum jogo, Cuca viu uma nova punição da Fifa proibir o Peixe de se reforçar por três janelas de transferências — o que fez com que o volante Elias, acertado com o clube, desistisse e fechasse com o Bahia. Além disso, o presidente José Carlos Peres foi afastado após abertura de processo de impeachment e seu vice, Orlando Rollo, assumiu.

Desde que Rollo tomou o poder, algumas mudanças foram feitas nos cargos mais altos da diretoria administrativa e novos membros do Comitê de Gestão foram nomeados para o lugar dos antigos. A decisão fez com que Cuca perdesse dois dirigentes com quem mantinha boa relação: Pedro Dória e Matheus Rodrigues.

Mesmo assim, o que se vê em campo não reflete todos os problemas fora dele. Mesmo com elenco muito curto, o Alvinegro Praiano não perde há dez jogos e venceu de virada, por 3 a 2, as últimas duas partidas. Não bastasse a maratona de jogos, o técnico ainda perde cada dia mais jogadores importantes, chegando a dez desfalques para o clássico.

Cuca vem ganhando o grupo na conversa, no discurso no vestiário e melhorando as atuações da equipe na base do vídeo — já que tempo para treinar é escasso. Frequentemente é possível observar o treinador se referindo aos atletas como uma família, e o termo foi adotado pelos jogadores nas redes sociais. O resultado disso foi uma entrega total e completa de seus comandados dentro de campo.

O que Cuca conseguiu no Santos se tornou uma espécie de sonho no Corinthians. O time ouve discursos de treinadores pedindo tempo para que uma filosofia de jogo emplaque, mas tudo sempre fica no discurso. Ninguém consegue acertar o time — seja a curto ou longo prazo.

No ano passado, Fábio Carille foi demitido por não cumprir a promessa que o time evoluiria após a parada para a Copa América. Nesta temporada, Tiago Nunes estipulou cerca de 40 partidas para implementar seu sistema de jogo. Foi demitido depois de não deixar nenhum setor eficiente, tanto ofensivo como defensivo.

Cuca ainda conseguiu outro sonho corintiano: um time com "alma", que se entrega o tempo todo em campo. Internamente no Timão se fala que o elenco não tem "pegada" nem "cara de Corinthians". A cúpula alvinegra, aliás, acredita que hoje a responsabilidade pertence aos jogadores e, por isso, mantém Dyego Coelho no cargo, mesmo com desempenho abaixo do esperado.

O interino comandou o time em cinco partidas e conquistou apenas uma vitória (Bahia). Foram mais dois empates (Atlético-GO e Red Bull Bragantino) e duas derrotas (Fluminense e Sport).

Coelho blinda o elenco de críticas ao dizer que falta raça, entrega dentro de campo, mas que falta apenas recuperar a confiança. No entanto, ele não consegue emplacar uma equipe com "alma" em campo. O Timão joga em ritmo lento e sem objetividade. Há atletas que andam no gramado, inclusive, ao se dirigem para cobranças de escanteios e faltas.

Sem muito o que comemorar, o goleiro Cássio exaltou o fato de o time não sofrer gols há dois jogos: empates sem gols contra Atlético-GO e Red Bull Bragantino. Na visão do elenco, o Corinthians agora só precisa acertar o setor ofensivo para sair da crise com vitória no Brasileirão.



Corinthians, Santos, Cuca, Coelho, Alma, Timão