8/7/2020 20:29

Diretora do feminino do Corinthians admite atrasos em direitos de imagem; clube se posiciona

Cris Gambaré diz que direção está em constante conversa com atletas sobre situação e planeja, além do #FortaleceasMinas, mais duas campanhas em 2020 para passar pela crise da pandemia

Diretora do feminino do Corinthians admite atrasos em direitos de imagem; clube se posiciona
A pandemia de Covid-19 acentuou dificuldades financeiras que alguns clubes vinham enfrentando. O Corinthians foi um dos atingidos e, em meio aos problemas relacionados aos pagamentos, precisou também reduzir os salários das jogadoras. A diretora de futebol feminino do clube, Cris Gambaré, comenta que, na realidade atual, as mulheres seguem vinculadas ao masculino no Timão e, por isso, a necessidade de redução proporcional aos ganhos. Ela garantiu que a CLT está em dia assim como outros benefícios como plano de saúde, mas admitiu que ocorreu o atraso no pagamento do direito de imagem das atletas. Em busca de uma saída, o departamento tem pensado em ações para garantir uma independência dentro do clube e assim ser autossustentável. O objetivo é colocar tudo em dia com a equipe em até dois meses – a partir de maio o Corinthians havia feito uma redução de 25% dos salários do masculino, categorias de base e feminino.



- Eu brinco que o feminino ainda é a que depende do marido que é o masculino. Por isso estamos criando produtos para que não dependa mais e seja sustentável o futebol feminino. Ainda tem mais coisas boas. Vamos lançar um produto em agosto e outro produto em setembro. As atletas sabem, a comissão muito mais. Nós temos que unir as forças e produzir o nosso bem financeiro. Quanto à modalidade, nós lutamos para sermos vistas como futebol independente se é masculino ou feminino. E aí nós temos o mesmo contexto do masculino. Então, se o masculino tem a redução, o feminino tem também. Na sua proporção, mas existe redução porque também estamos nessa batalha. As nossas atletas entendem, a direção entende que realmente é um contexto. O problema financeiro não é só do Corinthians é também dos demais. É um problema muito sério. E o momento da pandemia piorou. Não tinha vida saudável financeira. Mas o nosso entendimento dentro do Corinthians é que a gente tenha realmente as mesmas reduções as mesmas considerações do masculino na sua proporção e com suas considerações. Houve realmente um atraso no direito de imagem, foi revisto, está sendo tudo alinhado. As meninas têm todo o suporte. A CLT delas está em dia, convênio médico, estrutura da comissão, psicológica. Nós temos realmente um suporte que nós não deixamos de alinhar em momento nenhum. Infelizmente em alguns momentos a parte do financeiro vai pegando. Mas nós acreditamos que daqui uns dois meses comece a retomar e regularizar essa situação - afirmou Cris Gambaré.


Para buscar um suporte financeiro e garantir maior independência do departamento feminino, o clube lançou a campanha #FortaleceasMinas em que os torcedores podem direcionar valores - centavos - que entrarão em uma conta exclusiva para o futebol feminino do clube. O objetivo é lançar mais dois produtos, em agosto e setembro, para fazer com que o time garanta maior aporte e não dependa tanto do masculino.

- Essa campanha nós já tínhamos alinhado com a plataforma Mastercard em final de fevereiro e março para que a gente lançasse, fizesse um trabalho para fortalecer e coroar nosso trabalho. Aí veio o momento de pandemia e nós demos uma parada para entender como ia ficar o novo cenário, para entender o que ia acontecer de fato. Nós então colocamos agora para instigar esse produto do futebol feminino. Com esse produto direcionado exclusivamente ao futebol feminino, nós conseguimos achar um momento ideal dentro dessa pandemia, porque o futebol mundial, não digo só o feminino, foi prejudicado de uma certa forma e conseguimos um momento certo de lançar esse novo produto. Esse produto, o #FortaleceasMinas, nada mais é que ajuda voluntária que as pessoas queiram fazer dentro de uma plataforma dentro de um cartão com credibilidade mundial. Aí a questão de expor isso. De que forma falar do futebol feminino para que as pessoas entendam que nós não somos a vítima? Nós somos uma modalidade que precisa ser vista e crescida. Nós achamos que era o momento ideal para que lançasse esse produto. Esse produto foi lançado agora dia 2 com uma live muito bacana. Com todo o cuidado. Antes da live já tínhamos fechado com uma empresa que faz testes de Covid, pois já temos um processo de retorno. Conseguimos que isso fosse visto e fortalecido. Os torcedores estão participando e são centavos que são arrecadados não mais que isso e que váo para uma conta exclusiva do futebol feminino do Corinthians - afirmou a dirigente do Corinthians.

O cronograma era ter divulgado a ação antes, mas o cenário de pandemia fez a agremiação reprogramar o evento. Os valores arrecadados serão utilizados em caso de ausência de condição do clube de pagamento das jogadoras. O novo produto não tem um tempo determinado para ser encerrado.

- Esses valores são para que nos dê um suporte financeiro. Então, se de repente em algum momento, o clube não teve condição de estar repassando valores para as meninas esses valores serão utilizados. Esse valor é exclusivo do departamento de futebol feminino. Nós fazemos questão porque é uma coisa muito clara entre atletas, entre todas. Então se de repente a gente tiver uma dificuldade em algum momento vai ser compartilhado e essa dificuldade vai ser amparada por esse valor financeiro. Já está bem alinhado, nós conversamos. Estão dispostas e felizes por ter um produto, que não é iniciamos agora e terminamos mês que vem. Não. Vai ser até a gente conseguir fazer com que isso ande. O cadastro é ilimitado, quantos cartões quiserem, o tempo é ilimitado. É um produto do futebol feminino do Corinthians.

Veja outros trechos da entrevista:

Time feminino já tem planejamento para retorno às atividades?

- Para nós essa parada obrigatória foi um boom porque o Corinthians já tinha os planejamentos até porque o Corinthians já tem planejamento até para 2021. Essa parada obrigatória realmente foi um boom para todos nós. Vamos ter que descer um ou dois degraus para poder depois realmente alavancar. A Federação Paulista está muito alinhada com todos os clubes. Nós temos o privilégio de termos uma federação atuante, precisamos ter uma confederação mais atuante, Conmebol um pouco mais atuante porque os diamantes deles estão conosco. Se nós não fizermos um bom trabalho em uma linha reta não vai conseguir produzir. É uma batalha constante aqui dentro do estado de São Paulo e sabemos que aqui os clubes são bons. Mas um retorno já está sendo planejado. Existe um alinhamento. Agora o Caboclo acabou passando uma informação, via redes sociais, via imprensa de que retornaria a Série A1 em agosto também junto com o masculino. Só que nós nos preocupamos, até eu como dirigente, beleza a Série A1, mas a Série A2 é muito importante que se dê uma continuidade de alguma forma porque os clubes vão morrer. Não vão conseguir se manter. Aquela ajuda que vem da CBF é uma pequena ajuda como motivação para o próprio clube que se mantém a 10, 12 anos. Existem outras preocupações. Com a Federação Paulista nós temos o alinhamento e trocamos ideias para que realmente se perpetue o futebol e as outras organizações deveriam se aproximar um pouco mais. Entender as nossas dificuldades. Mas nós como Corinthians estamos sim um planejamento de retorno. Nossa médica já está em contato com os médicos do clube. Hoje quem faz o retorno de qualquer modalidade no clube é a equipe médica por conta de uma segurança. Nós temos que usar os protocolos já formalizados para melhorar um pouco mais, mas sim já tem realmente um planejamento para um retorno próximo.

O impacto da pandemia no futebol

- No Brasil eu acredito que nós teremos que descer um degrau para depois subir uns dois. Infelizmente essa parada obrigatória não vai fortalecer muito as equipes, vão ter muitos problemas. O que acontece: quanto mais falem do futebol feminino como vítima mais nos prejudica como modalidade. As pessoas têm que entender que existe a possibilidade de um trabalho com muita dificuldade. Não é porque eu sou Corinthians com uma grande camisa que eu não tenho dificuldade. Temos. A equipe sabe, a comissão sabe, que nós precisamos trabalhar em conjunto. Isso para uma gestão é muito importante que as pessoas tenham o conhecimento. Acredito sim que a gente vai descer um degrau para depois subir mais dois ou três e no ano que vem retomar o crescimento da modalidade.

Foi boa a decisão da Conmebol de transferir a Libertadores feminina para 2021?

- Na realidade nosso calendário é meio doido. Dentro do Brasil é o Paulista, Brasileiro e Libertadores. Precisa ser revisto. Isso nós já falamos. Desde o ano passado se falou muito na revisão desses calendários. Conmebol falando com CBF e CBF falando com federação principalmente com a Paulista porque Paulista é o mais extenso de todos os campeonatos. Então quem sai no prejuízo muitas vezes é o clube. Do lado positivo e do lado negativo, bom permanecer a Libertadores para não ter um prejuízo maior. A gente tem um contrato. Hoje todas as meninas são profissionais. Eu tenho a garantia de mantê-las por um período. Existe todo um planejamento. Nosso contrato vai calhar muito próximo porque são de 12 meses. Então, isso não vai nos afetar. Mas é importante essa preocupação. Existe uma particularidade do futebol feminino em que o planejamento é muito importante e quem realiza os campeonatos tem que entender do cenário de cada país, estadual, nacional, para que façamos o melhor e não o pior. Hoje o Corinthians é referência no futebol feminino, a gente sabe, pioneiro em muitas ações que fazemos e não vamos deixar de fazer, respirando futebol. Mas é importante que todo mundo se fale. Se o Corinthians hoje sai de cena digamos que outros clubes tenham a mesma pegada. Hoje todo mundo quer bater o Corinthians por ser referência e querer alcançar o que o Corinthians alcançou. Meus adversários falam que precisam alcançar o Corinthians, foco é o Corinthians, o que é um estímulo. Isso engrandece nosso trabalho. Mas é muito preocupante por outro lado se os gestores não se falarem junto com as organizadoras das competições isso vai morrer. Conseguimos hoje enraizar o futebol feminino no Brasil, principalmente no Corinthians. Acredito que se não trabalharmos diariamente para manter essa evolução isso pode morrer a longo prazo ou até a curto prazo.



Caso fosse convidada, aceitaria cargo administrativo na CBF relacionado ao futebol feminino?

- É um desafio. Acho que a CBF tem muito a dar ao futebol feminino. Eles têm condições de fazerem isso. Criar um departamento de futebol feminino, criar um departamento de seleções, ter no guarda-chuva alguém dirigindo tudo isso. Acho que existe essa possibilidade. Basta agora realmente eles entenderem que é o momento certo, é um produto novo, é um produto antigo, mas em um novo momento. Acho que de repente eles vendo com outros olhos se um dia houver um convite com certeza a evolução e o desafio para qualquer mulher, qualquer gestora é grandioso e interessante.


Corinthians, Feminino, Diretoria, Atraso, Direitos, Imagem, Timão


VEJA TAMBÉM
- Timão escalado para o jogo contra o Argentinos Juniors
- Reserva do Corinthians, Carlos Miguel é sondado por clubes do Brasil e da Europa
- Timão escalado para o jogo contra o Juventude









4026 visitas - Fonte: Globoesporte.com

Mais notícias do Corinthians

Notícias de contratações do Timão
Notícias mais lidas

Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!

Enviar Comentário

Para enviar comentários, você precisa estar cadastrado e logado no nosso site. Para se cadastrar, clique Aqui. Para fazer login, clique Aqui ou Conecte com Facebook.

Últimas notícias

  • publicidade
  • publicidade
    publicidade

    Brasileiro

    Dom - 16:00 - Neo Química Arena -
    X
    Corinthians
    Atletico-MG

    Sudamericana

    Ter - 19:00 - Neo Química Arena
    4 X 0
    Corinthians
    Nacional Asuncion
    publicidade
    publicidade
    publicidade