5/7/2020 18:31

Neto, Ronaldo, Wilson Mano e mais: heróis do primeiro título brasileiro do Corinthians contam histórias inéditas nos 30 anos da conquista

Esporte Espetacular revive o título e encontra torcedores que tatuaram a imagem de dois ídolos do Timão de 1990

Neto, Ronaldo, Wilson Mano e mais: heróis do primeiro título brasileiro do Corinthians contam histórias inéditas nos 30 anos da conquista
O Corinthians comemora este ano três décadas de um título libertador.



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Em 1990, o Timão foi campeão brasileiro pela primeira vez, conquista tão bem simbolizada em um gesto do torcedor Edinho Souza. Tanto tempo depois, ele resolveu tatuar o ídolo Neto, craque daquela campanha – relembrada pelo Esporte Espetacular neste domingo.

O Corinthians era um time taxado a só ganhar título paulista, nunca tinha ganhado um Brasileiro. Nunca! E todo mundo falava: o Corinthians não ganha título brasileiro – diz o torcedor.



Nas costas do Julio Cesar Santos, foi parar outro ídolo, o ex-goleiro Ronaldo. A escolha tem a ver com o avô, companheiro de jogos pelo rádio.

Meu avô colocava umas pilhas, botava o pequeno rádio no ouvido e ficava torcendo, gritando junto com o narrador. Ele gostava muito do Ronaldo porque pulava na bola sem medo, ia para cima, ele sim era Corinthians.



Não à toa, 1990 é tido por muita gente como o mais corintiano dos títulos.

A gente não falava de título em 90, pra falar a verdade. Nosso time não foi feito pra ser campeão. A gente pensava em fazer um bom campeonato, não de chegar ao título – lembra Neto, em entrevista à Corinthians TV.

Foi um título que começou a se desenhar em julho de 1989, depois de um troca-troca com o Palmeiras. Neto e o lateral-esquerdo Denys foram para o Corinthians, enquanto o meia Ribamar e o lateral Dida fizeram o caminho inverso.

Se o Corinthians pegou o Neto, era porque cedeu o seu lateral titular, que era o Dida. Então, a gente pode dizer em termos gerais que o Corinthians para ter o Neto teve que segurar o Denys. E o Palmeiras, para ter o Dida, recebeu o Ribamar. Essa é a história mais correta a respeito dessa troca de uma maneira simplista – diz o jornalista e pesquisador Celso Unzelte.

Mas na época a troca não foi mal recebida por ninguém.

Mesmo com Neto, o Corinthians começou o campeonato sob desconfiança. As críticas aumentaram depois das derrotas nos dois primeiros jogos. A diretoria então demitiu o técnico Zé Maria e contratou Nelsinho Baptista, que havia acabado de ser vice-campeão paulista com o Novorizontino, na histórica final contra o Bragantino de Vanderlei Luxemburgo.

Com toda sinceridade, nossa equipe não tinha comando. Com a chegada do Nelsinho, mudou completamente, nosso time passou a ter comando, a ter organização, para todo mundo treinar igual – comenta o ex-volante Wilson Mano.

Lógico, era um time que estava com alguns problemas dentro do departamento, não havia uma definição de quem comandava, então nós fomos fazendo os jogadores entenderem que, com organização, nós teríamos mais chances de atingir os nossos objetivos – explica Nelsinho, hoje no Kashiwa Reysol, do Japão.

O ex-goleiro Ronaldo lembra que Nelsinho colocou sua forma de trabalhar, incutindo na cabeça dos jogadores que era o momento de fazer história.

E acho que todos os jogadores compraram essa ideia também – diz.

Na estreia de Nelsinho, o Corinthians empatou com o Vitória. No jogo seguinte, vitória por 2 a 1 no clássico contra o Palmeiras, com gol de falta de Neto, no dia do aniversário dele.

Com o novo técnico, o time engrenou, ficando 13 jogos sem perder. O Corinthians se mostrou uma equipe sólida defensivamente, e os jogadores sabiam que Neto resolveria, cobrando faltas, dando lançamentos ou aparecendo na área, sempre bem colocado, para fazer gols e decidir os jogos mais importantes.

Fora de campo

A amizade era outro ponto forte daquele Corinthians.

Eu nunca trabalhei com um elenco igual ao de 90. Era um elenco de muitos corintianos – diz Neto.

Os jogadores se gostavam, andavam juntos. O Corinthians de 90 tem boas histórias fora do campo também.

Eu fui andar atrás do hotel e vi lá numa placa: "Às 21h, espetáculo... Cenas não sei do quê, para maiores de 18 anos". Aí eu fui no hotel e na hora da janta falei para o pessoal: "Tem um negócio de cena ali, vamos lá assistir". Aí sentamos bem no cantinho, todo mundo escondidinho no escurinho. Pensamos: "Ah, ninguém vai ver, vamos ficar aqui, né?" Aí começa o filme e o coro comendo. No final, acende a luz, os atores vêm e falam: "Queremos aproveitar e agradecer aos jogadores do Corinthians pela presença" (gargalhando). Só via neguinho querendo esconder o rosto pra poder ir embora... E ainda saímos aplaudidos – conta Mauro, ponta-esquerda daquele time e observador técnico do Corinthians desde 2007.

O Timão terminou a primeira fase em sétimo lugar. O adversário nas quartas de final era o Atlético-MG, que havia feito a segunda melhor campanha. Os questionamentos da imprensa e da torcida continuavam. E até do próprio presidente do clube, Vicente Matheus.

Depois que nós perdemos para o Internacional, na última rodada da primeira fase, eu cheguei no Parque São Jorge e o presidente mandou me chamar. E seu Vicente falou: "Não tem concentração mais, não vou gastar dinheiro, esse time não vai ganhar e eu não vou gastar dinheiro" – lembra Nelsinho.

Mas nós conversamos com ele e acabamos convencendo que era importante manter a concentração do time no hotel.

Nos mata-matas, o Corinthians passou por Atlético-MG e Bahia com o mesmo roteiro: vitória apertada no Pacaembu e empate sofrido fora de casa. Sempre com gols de Neto.

A decisão seria contra o favorito São Paulo de Telê Santana, que tinha em campo Zetti, Cafu, Leonardo e Raí. Os quatro seriam campeões do mundo com a seleção brasileira, nos Estados Unidos, quatro anos depois.

O São Paulo tinha um time mais equilibrado, considerado com mais talentos individuais do que o Corinthians. A gente tinha essa noção de que era um pouco superior, então tinha muita confiança. Além da pressão de o São Paulo ter perdido a final do Brasileiro no ano anterior para o Vasco... – lembra 0 ex-volante Bernardo.

O Corinthians saiu na frente com um gol de Wilson Mano logo no início.

Aquele é o tipo do lance que, se o Neto cruzar mais 30 vezes, eu acho que em 29 eu erraria. Porque é um lance difícil de fazer o gol. A partir do gol, o jogo foi lá e cá... – diz Wilson Mano.

Na segunda partida, com o Corinthians podendo jogar pelo empate, o São Paulo dominou todo o primeiro tempo. E tirou Nelsinho do sério.

Ele entrou no vestiário calado, não falou nada. Quando todo mundo sentou, ele deu uma porrada na prancheta, voou campinho, voou pedrinha pra tudo quanto é lado. E o roupeiro saiu catando as pedrinhas, nosso time deu aquela assustada. E aí ele entrou com a parte psicológica – lembra Wilson Mano.

Nelsinho disse: "Está tudo errado! Vocês estão perdendo a cabeça num momento que não tem que perder. Nós temos de marcar forte e deixar o São Paulo sufocado". E quando ele colocou isso, ele acalmou a equipe. Porque nós entramos no vestiário um cobrando o outro. E ele não queria aquilo, ele queria que transformasse aquilo numa força em cima do São Paulo. Para a gente entrar para a história do Corinthians – diz Ronaldo.

A bronca deu resultado. Aos 9 minutos do segundo tempo, Tupãzinho deu o carrinho que fez o Morumbi explodir..

O Corinthians conquistou o primeiro título nacional de sua história. O primeiro dos sete Brasileiros – depois, ganhou em 1998, 1999, 2005, 2011, 2015 e 2017, além das Copas do Brasil de 1995, 2002 e 2009.

Depois de 90, o Coringão aprendeu o caminho – brinca Mauro.



Um título tão marcante que, 30 anos depois, o que já estava no coração veio também para a pele do Edinho e do Julio. E que se mantém na memória de milhões de corintianos espalhados pelo mundo.


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