Um dos representantes do elenco do Corinthians nas negociações com a diretoria, o volante Ramiro afirmou que os jogadores do Timão pensam na saúde financeira do clube e, por isso, aceitaram reduzir o salário em 25% desde maio.
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Questionado se o corte pode ser mantido em julho, mesmo com a volta aos treinamentos, Ramiro preferiu não entrar em detalhes. O volante, porém, lembrou que o Corinthians tem a receber pela venda de Pedrinho ao Benfica e projetou dias melhores.
– A gente está pensando, neste momento difícil, na saúde financeira do clube e dos funcionários, que dependem do clube. Constantemente a gente tem conversas entre os jogadores, conversas com a direção, falamos sempre em ter flexibilidade para ajudar o clube a se manter. Tivemos a venda do Pedrinho que dá um respiro para o clube e a gente espera que voltando os jogos a casa fique em ordem novamente – declarou, em entrevista coletiva realizada virtualmente.
O volante também projetou a volta das competições e destacou a força do Flamengo, atual campeão carioca, brasileiro e da Libertadores:
– A gente disputa um Brasileiro com 20 equipes e normalmente 12 ou 14 brigam pelo título, difícil cravar. O time a ser batido neste momento pelo ano passado é o Flamengo, não tem que esconder de ninguém, o time que tem um futebol entrosado, com resultados, com certeza vai incomodar neste ano. Mas temos que pensar no nosso trabalho, em melhorar nossa parte, voltando o Paulista é pensar nele e depois no Brasileiro é jogo a jogo – opinou.
Ramiro começou bem a temporada. Ele foi titular nos cinco primeiros jogos e marcou dois gols. Porém, sofreu uma lesão no joelho direito no dia 30 de janeiro e não atuou mais. A saída dele coincidiu com a queda de rendimento da equipe, que depois venceu apenas dois de nove jogos.
Recuperado, o volante pensa em reconquistar a titular, independentemente do setor em que será escalado:
– Quero estar entre os 11, seja de volante ou aberto pela direita mais ofensivo. Meu objetivo é jogar e ajudar os companheiros, deixo aberto aos técnicos, para mim é indiferente. Cada treinador tem uma visão sobre cada atleta e ele utilizar onde acha que vai render mais. Estou à disposição – disse.
Veja os principais trechos da entrevista de Ramiro:
Volta aos campos
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Vivemos uma situação diferente, o mundo todo, tivemos de nos adaptar, eu voltando de lesão, já estava numa transição para o trabalho com bola. Procurei na quarentena treinar, trabalhar a parte muscular para não perder, mas trabalho com bola era difícil de ser feito. Estou 95% pronto, agora os outros 5% são com o treino, passe, dividida de bola, o que mais me incomodava. Acho que até semana que vem, estarei 100% fisicamente e 100% recuperado da lesão também.
Quarentena
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Te confesso que, para mim, foi diferente esses 90 dias que fiquei em casa. Desde meus 11 anos, quando iniciei a carreira, não tinha 90 dias em casa. Fiquei em São Paulo no primeiro mês e depois fui para a minha cidade, interior, natureza, um ar diferente. Curti minha família, vivi o que há tempos não vivia. Tive meu primeiro filho, foram dias especiais, vivendo uma nova fase da minha vida. É até difícil falar isso, mas procurei aproveitar a quarentena para o lado positivo. Tinha muita cosia ruim acontecendo, mas fiquei ao lado deles e consegui ainda treinar, consegui manter a forma física para voltar da melhor maneira possível.
Crise e vendas de jogadores
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Os clubes estão buscando recursos e meios de conseguir sobreviver diante de tudo isso. Mercado alternativo geralmente injeta dinheiro, China, Catar, Emirados, são lugares que não disputam elite, mas que tem muito dinheiro, eles buscam jogador e pagam bem os clubes. E neste momento a busca é por recursos financeiros, seja com patrocínio ou venda de jogadores. É normal, ninguém tinha se preparado financeiramente para tudo o que aconteceu em todas as áreas do países, muita gente não tinha gordura para queimar. Os clubes se viram como dá. Neste momento, é isso que vai fazer os clubes se manterem girando de forma redonda até o final do ano.
Calendário
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A questão da forma que o Campeonato (Brasileiro) vai der disputado, cabe aos clubes se posicionarem pela questão financeira. Clube está há 100 dias com receita enxuta, é difícil nós nos posicionarmos. O ideal seria acabar esse ano e em 2021 virar a página, mas é o clube quem tem que decidir como receber essa parte financeira, que é o que vai pesar agora. Nós atletas ficamos de mãos atadas, se tiver de pagar esse preço, vamos pagar.
Manifestações pela democracia
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Acredito que seja nosso direito como cidadão, a gente conquistou isso anos atrás, o poder da democracia, do voto, de expressar opinião. Todos têm direito de expressar o que sente, discordar do governo, de opiniões contrárias. Sempre com muito respeito. A gente vê as vezes vândalos que não é o que a gente preza, mas a democracia para discordar é extremamente positivo, espero que siga acontecendo. A gente vê opiniões diferentes no futebol, dentro da Série A, é difícil ter opiniões iguais, mas se for feito por forma democrática para saber se voltar agora, depois ou mais para a frente, é algo que o cidadão brasileiro conquistou, essa liberdade de expressão.
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