Em meio à indefinição sobre a retomada do futebol na Argentina, Carlitos Tévez começou esta quarta-feira (1º de julho) desempregado. O contrato dele com o Boca Juniors terminou legalmente na última terça, embora ele ainda tenha expectativa de renovar e depois pensa até no Corinthians. O “desemprego” é o novo capítulo de uma novela que fica cada vez mais longa.
A polêmica começou quando os ex-jogadores Jorge Bermúdez e Raúl Cascini, hoje dirigentes do Boca, afirmaram que Tévez é “quase um ex-jogador” ao tratar da discussão sobre a renovação. A declaração fez o atacante partir para a troca de fogo.
Primeiramente, revelou que toparia ficar mais seis meses, com 100% de seu salário doado para entidades solidárias. “Depois vejo se me aposento e ou jogo por mais seis meses no Corinthians ou no West Ham”, disse, na última sexta (26).
A resposta dele trouxe reação positiva dos torcedores, fãs de Carlitos Tévez.
Mas a situação gerou atrito com a diretoria até que uma tentativa de acertar as coisas em uma comunicação telefônica prometia ser bem sucedida. Mas não foi o que aconteceu. O diário “Olé” diz que os dirigentes fracassaram miseravalmente, e Bermúdez perdeu a linha.
“Enfrentei o Macri, acha que vou ter medo de enfrentar você", teria dito o ex-zagueiro colombiano em determinando momento da conversa para Tévez. O atacante se sentiu ainda mais forte. Começou a entrar em cena a disputa política.
"Talvez eu me aposente para ser presidente...", chegou a dizer Tévez, em reprodução do diário “Olé”, na última semana, em meio a risadas. Mas pode não ter sido uma piada.
O atacante seria a aposta de Daniel Angelici, atual mandatário, cujo mandato termina em 13 de dezembro. O presidente é amigo de Mauricio Macri, que comandou o clube entre 1995 e 2007, foi prefeito de Buenos Aires de 2007 a 2015 e presidente da Argentina de 2015 a 2019. Com o atacante e ídolo da torcida na chapa, a vitória na eleição seria quase certa.
Dentro desse contexto, a renovação por seis meses permitiria Tévez trabalhar nos bastidores políticos. Algo que acabou apimentando a polêmica após Bermúdez compartilhar em seu Twitter a reportagem feita pelo “Expediente Politico” abordando o tema.
“É reconfortante que existam mídias independentes, sem compromissos, que abordam o assunto com tato e coerência. A verdade sempre prevalece onde a mentira faz muitos esforços para aparecer”, escreveu o dirigente do Boca Juniors em sua conta no Twitter.
Como os diretores não “engoliram” o anúncio do atacante, que aceitaria jogar mais seis meses, doando os salários para entidades que necessitam, decidiram reagiar. Agora oferecem um contrato de um ano nos mesmos termos financeiros atuais. Um trunfo.
Como Tévez pretende abrir mão dos salários, a diretoria entende que ele não se incomodará em assinar pelas mesmas bases anteriores. Entende ainda que qualquer manifestação contrária por parte dele derrubará a “mensagem humanitária”.
Mas o contrato deve ter uma “cláusula de paz”, permitindo Tévez ou o clube de Buenos Aires possam rescindir o acordo após seis meses, sem multa para nenhum dos lados. Mas nada indica que a novela vai acabar tão cedo.
No meio disso, há o silêncio de Juan Román Riquelme, vice-presidente e homem fortíssimo não apenas na política como também no coração dos torcedores do Boca. Até agora, ele não se manifestou.
Atualmente reserva, Tévez foi responsável pelo gol que deu o título do Campeonato Argentino na última temporada e goza de prestígio com a torcida xeneize.
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