O impacto financeiro da pandemia no futebol também mexeu com os jogadores. Seja pelos salários reduzidos ou pela diminuição nos contratos de patrocínio pessoal, os atletas sentiram os reflexos da crise e tiveram de intensificar os cuidados para evitar que a situação desfavorável prejudicasse as finanças pessoais.
Essa preocupação foi sentida principalmente por profissionais especializados na consultoria financeira de atletas. O ramo está cada vez popular entre os jogadores, especialmente pelo conhecimento de necessidades específicas da área.
O empresário Marcelo Claudino é o proprietário da empresa TopSoccer, que atende cerca de 80 atletas profissionais, e explicou ao Estadão que a pandemia exigiu dos jogadores entender a necessidade de novas estratégias.
"A cada dia os atletas estão mais atentos ao dinheiro deles, mas o coronavírus deixou claro que sempre é bom acompanhar o que se passa. Um investimento pode deixar de render e sempre é bom pensar em algo mais que podemos economizar", afirmou Claudino.
O atacante Thonny Anderson, do Red Bull Bragantino, se acostumou desde o início da carreira a poupar mais da metade dos ganhos. Apesar do clube não ter reduzido salários, o jogador precisou rever alguns investimentos.
"Agora busquei investimentos mais seguros para compensar algumas perdas", disse. Na opinião dele, em uma crise como essa, o jogadores vão aprender a ser mais cautelosos.
"Nosso foco precisa ser no futuro. Não adianta querer competir com outro companheiro para ver quem tem o celular mais moderno ou o carro mais novo. Na nossa profissão em um ano você está na Série A, mas pode no outro o jogar em uma divisão inferior e ganhar bem menos", completou.
Para outra empresária do setor de atendimento a jogadores, Sandra Ganzert, da Planner Sports, um desafio gerado pela pandemia foi até de desvendar fake news.
"Muitos jogadoresvêm até nós questionando se há o risco de um confisco de poupança ou conta corrente, a exemplo do que ocorreu no início dos anos 90. Nisso, é capaz de muitos correrem para tirar suas economias de bancos e dos investimentos", contou.
A crise econômica levou o atacante Thiago Augusto, do Al-Muharraq, do Bahrein, a contratar nesta pandemia um serviço de consultoria.
"A pandemia afetou todas as áreas e no futebol não foi diferente. Os clubes pararam e com isso todo o planejamento financeiro mudou também", explicou. O jogador passou a se planejar mais e começou a variar os formatos de investimento.
O mesmo fez o zagueiro Juninho, do Bahia.
"Foi preciso cortar gastos desnecessários, trocar um investimento com renda baixa por outro de renda maior ou de menor risco. Tive de garantir que meu dinheiro está investido de forma diversificada, no Brasil ou no exterior", disse. O defensor contou que assim como os clubes, os jogadores também torcem para a volta rápida do futebol, para que os salários voltem ao normal.
TRÊS PERGUNTAS PARA:
Léo, zagueiro do Cruzeiro
Quais cuidados você tomou para não ter problemas com a crise?
Eu sempre tomei cuidado com a diversificação dos investimentos e com a liquidez, para ter uma reserva rápida em um momento de crise. Consegui montar nesses anos uma reserva de emergência para conseguir nesses tempo de crise e de redução de salário, ter uma precaução e contar com a grana na mão.
No que a crise econômica te afetou?
A crise me fez ficar mais preocupado e em alerta. Mas meus investimentos me resguardam nessa crise. A gente fica mais preocupado e ansioso porque vê a questão da queda da Bolsa de Valores. Eu tinha uns investimentos na Bolsa, mas depois de aprender como funciona, fica mais fácil.
Você acha que mais jogadores vão passar a cuidar das finanças depois dessa pandemia?
Sempre procuro orientar os jogadores mais novos para não se empolgarem com carros e ostentação. Acredito que a pandemia deu um clique na vida dos atletas e reforçou a necessidade de não se gastar muito e de ser responsável com o dinheiro.
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