5/6/2020 08:49

Acabou em pizza! Comissão de ética arquiva processo de suspeita de compra de votos no Corinthians

Acabou em pizza! Comissão de ética arquiva processo de suspeita de compra de votos no Corinthians
Dois anos após denúncias, a Comissão de Ética e Disciplina do Corinthians decidiu arquivar o processo para apuração e eventual punição dos envolvidos na suposta compra de votos na última eleição do clube, que ocorreu em março de 2018.



Membros da oposição corintiana criticam a decisão e dizem que o caso "acaba em pizza", expressão usada como sinônimo de impunidade. Um recurso ao arquivamento foi apresentado por oito conselheiros, mas foi recusado por Antonio Goulart, presidente do Conselho Deliberativo, na última terça-feira (veja detalhes abaixo).

Em dezembro de 2017, o GloboEsporte.com revelou um áudio enviado em grupo de WhatsApp no qual o conselheiro e então secretário geral do Corinthians, Antonio Jorge Rachid Júnior, oferecia o pagamento de mensalidades atrasadas de sócios em troca de apoio político. Rachid confirmou a veracidade da gravação e disse que falava em nome de Paulo Garcia, que era candidato à presidência na época e deve disputar a eleição novamente neste ano, em novembro.

Além de Rachid e Garcia, outras quatro pessoas eram alvo dessa apuração na Comissão de Ética e Disciplina:

Roberto de Andrade, presidente do clube na época do escândalo;
Eduardo Ferreira, atual diretor-adjunto de futebol;
Antonio Roque Citadini, ex-candidato à presidência;
Eduardo Caggiano, diretor administrativo na época das denúncias.

Um dos argumentos utilizados pela Comissão de Ética e Disciplina para arquivar o procedimento foi de que os 797 sócios anistiados acabaram sendo proibidos de participar da eleição. Desta forma, mesmo aqueles que confessaram a tentativa de comprar votos não mereceriam ser punidos, uma vez que suas atitudes não surtiram efeito. Confira mais abaixo as justificativas apresentadas para cada um dos casos.

Demora
A apuração sobre esse caso ficou parada por mais de dois anos no Corinthians. Em janeiro de 2018, após ouvir os acusados, Miguel Marques e Silva, presidente da Comissão Eleitoral, produziu um extenso relatório sobre o que já havia sido apurado. Porém, Ademir Benedito, empossado como presidente da Comissão de Ética e Disciplina em março daquele ano, disse só ter recebido cópias do documento em dezembro de 2019.

– Realizadas buscas junto aos arquivos da Secretaria desta comissão, nada foi encontrado – justificou-se no parecer em que pediu o arquivamento do processo.

De acordo com Ademir Benedito, o ex-presidente da Comissão Eleitoral enviou novamente o seu relatório em 18 de março deste ano e, então, a Comissão de Ética e Disciplina decidiu avaliá-lo.

Um mês depois, em 19 de abril, o processo foi arquivado. O caso veio à tona nos últimos dias, divulgado em redes sociais pelo Movimento Corinthians Grande, que deve ter o ex-presidente Mario Gobbi como candidato na próxima eleição.


Questionamentos
O arquivamento causou indignação em membros da oposição do clube. Na semana passada, foi apresentado um recurso por oito conselheiros do Movimento Corinthians Grande. São eles: Fábio Aguiar, Max Anselmo, Jair Rodrigues, Carlos José Zaparoli, André de Moares, Marcelo Mattoso, Paulo Sérgio Daud e Aristeu Kodama.

Porém, o presidente do Conselho Deliberativo, Antonio Goulart, rejeitou o pedido. Como justificativa, ele alegou que estes conselheiros não são partes do processo sob análise e, assim, o recurso não poderia ser acolhido.

– É uma decisão que celebra a pizza! A mensagem final que passa é que valeu a pena terem feito o que fizeram e nada impede que seja feito novamente. Quando eu entrei com recurso, a minha ideia era que fosse apurado e, se ao final ficasse comprovado, que as pessoas fossem punidas conforme é previsto no estatuto do clube, que fala até em desligamento do quadro social – afirma Fábio Aguiar.

Suspeitas
O escândalo na eleição corintiana teve relação direta com uma campanha de anistia realizada pelo Corinthians na época, que ofereceu desconto de 50% na taxa de reativação do título a todos os sócios inadimplentes.

Também recaíram suspeitas sobre o empresário Carlos Leite, que agencia diversos atletas do Timão, como Cássio, Gil e Fagner. Em fevereiro de 2018, a Comissão Eleitoral corintiana pediu que o Ministério Público de São Paulo e a Receita Federal investigassem o agente por haver indícios de que dinheiro dado por ele foi usado para comprar votos.


Em janeiro de 2018, Paulo Garcia teve a candidatura impugnada por conta das denúncias, mas dias depois conseguiu reverter a decisão na Justiça.

Na época, Andrés Sanchez disse que a prática de regularizar sócios às vésperas da eleição acontecia há 107 anos no clube e que tinha até efeitos benéficos.

Caso a caso

Paulo Garcia: Na época, Paulo Garcia admitiu o pagamento a sócios e disse que tinha que "jogar o jogo desses caras". A Comissão de Ética e Disciplina informa que não recebeu um documento prometido pela Comissão Eleitoral referente às práticas do ex-candidato, mas mesmo assim ponderou: "De qualquer modo, a conduta do sr. Paulo Garcia não se enquadra em qualquer das normas estatutárias apontadas, pois não era ele diretor do clube na ocasião, não tendo desrespeitado qualquer decisão dos poderes sociais da instituição, e também não denegriu a imagem do clube, pois os atos que praticou, naquele momento, o fez em nome próprio, não em nome do clube. E mais, também ele, Paulo Garcia, foi à Justiça, onde obteve decisão liminar que lhe autorizou participar do pleito como candidato a presidente, não se lhe reconhecendo, judicialmente, qualquer ilícito ou irregularidade até então. Concorreu e não foi eleito, não tendo, portanto, benefício algum com sua questionada conduta inicial."

Eduardo Caggiano: Era o diretor administrativo do Corinthians na época e foi o responsável pela campanha de descontos a sócios, vista como ilícita pela comissão eleitoral. Teve candidatura ao Conselho impugnada, mas conseguiu uma liminar e foi eleito. Ao pedir o arquivamento da apuração, Ademir Benedito escreveu: "Assim se decidiu, evidentemente, por não se vislumbrar ilícito ou mesmo irregularidade grave na conduta de Eduardo Caggiano, o que, a meu ver, afasta, também âmbito desta Comissão de Ética e Disciplina, qualquer base para eventual punição do referido senhor".

Eduardo Ferreira: Não ocupava cargo na época do ocorrido, mas foi apontado como um dos idealizadores da anistia e responsável por viabilizar doação de dinheiro para regularizar sócios. Porém, já havia sido absolvido pela Comissão Eleitoral. Sobre Eduardo Ferreira, Ademir Benedito escreveu: "Não se vê e não se identificou qual é, ou foi, ou era, de fato, aquele 'relacionamento estranho' que estaria em incompatibilidade com interesses e boa reputação do clube. Não se descreve qual é esse relacionamento, com quem seria, qual a pessoa, no que consistiria. A deliberação, mais uma vez com a devida vênia, tem conteúdo genérico, que não se enquadra em quaisquer dos dispositivos estatutários censores. Até porque, segundo vem escrito na respeitável deliberação, o sr. Eduardo Ferreira agia por conta própria e à revelia dos poderes sociais, poderes esses que ele não integrava, também como reconhecido pela douta Comissão Eleitoral. Ou seja, e concluindo, não há o que apurar."

Antonio Jorge Rachid Júnior: Então secretário geral do Corinthians, enviou áudio em grupo de WhatsApp no qual prometia regularizar sócios que estivessem inadimplentes em troca de votos para Paulo Garcia. Em sua decisão, a Comissão de Ética e Disciplina lembrou que os sócios anistiados não puderam votar e avaliou: "A conduta do senhor Rachid Júnior era absolutamente inócua, podendo-se falar em "ato ilícito impossível", pois não havia mais eleitores para terem seus votos "comprados" por qualquer um dos candidatos [...] Nem que quisesse, o sr. Rachid Júnior Poderia praticar o ato ilícito que lhe é imputado, o que impõe, também em relação a ele, o arquivamento liminar deste procedimento."

Roberto de Andrade: Comissão Eleitoral pediu que fossem apuradas infrações disciplinares cometidas pelo então presidente por sua atuação possivelmente omissa ou tolerante na concessão da anistia irregular. Porém, a Comissão de Ética e Disciplina julgou que: "Não se vislumbra conduta dolosa e infracional ensejadora de qualquer punição ao sr. Roberto de Andrade, inclusive porque a "promoção" acabou por ter um único sentido, exatamente aquele afirmado por ele, o de angariar recursos para o clube, sem qualquer influência no processo eleitora, mercê da pronta e salutar intervenção da douta Comissão Eleitoral."



Antônio Roque Citadini: Também teria pago mensalidades atrasadas de conselheiros. Mas, segundo Ademir Benedito, o ex-candidato à presidência "negou veementemente a conduta que lhe foi atribuída, e nada há nos autos que possa comprovar o contrário, sendo inclusive difícil dar-se crédito à imputação, tratando-se de autoridade pública que exerce relevante cargo ao Estado de São Paulo, cuja função é exatamente fiscalizar as contas do Governo e das administrações municipais.

Corinthians, Timão, Eleição


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