(Foto: Ag. Corinthians)
Ao ver a situação do Corinthians na tabela do Grupo D do Paulistão, não consigo deixar de pensar na euforia após a primeira rodada da competição, quando o time venceu o Botafogo-SP por 4 a 1. Sem exageros, parecia um título conquistado, com alucinação coletiva e comemorações acima da média. Isso tudo sem contar o torcedor, somente colegas de imprensa, que não se cansam de repetir esse tipo de atitude, que beira o clubismo e a torcida cega pelo sucesso de sua convicção a qualquer custo, incluindo o desrespeito pela realidade.
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Pouco menos de dois meses depois, cá estamos, a equipe e o técnico que tanto encheram os olhos dessa parcela empolgada da mídia, brigam hoje para evitar uma eliminação precoce no estadual e o Botafogo-SP é o time de pior aproveitamento do campeonato, candidatíssimo ao rebaixamento. Baita parâmetro aquele primeiro jogo, hein? Pois é. Mas foi com aquela amostra que a equipe de Tiago Nunes foi colocada em um patamar totalmente fora do mundo real. Apenas com uma razoável para ruim participação na Florida Cup, e uma goleada no Paulista.
Aí a gente pergunta: a troco de que essas pessoas constroem essas narrativas absurdas com tão pouco tempo de análise? Seria leviano da minha parte citar todas os motivos que passam pela minha cabeça e que acredito também passem pela sua, leitor, mas certamente o principal deles é a paixão acima da razão, tanto pelo amor ao clube quanto pelo amor a uma convicção, mesmo sem torcer por aquela camisa. Em outras palavras, querem que Tiago Nunes e seu modelo de jogo deem certo, porque seria esse o jeito certo de se jogar futebol.
Como sempre falo neste espaço, não há jeito certo ou errado de jogar, há o que ganha e o que perde, eu vou elogiar o que ganha e vou criticar o que perde. É claro que por vezes um detalhe pode causar a derrota de um bom trabalho e a vitória de um trabalho ruim, mas que eu saiba, futebol é bola na rede, quem fizer mais gols, ganha. Ainda não foi criado um campeonato que, de forma subjetiva, dá uma pontuação maior ao time que jogou melhor, ou mais bonito. Quando isso acontecer, meu discurso mudará, por enquanto o que vale é o resultado.
Acontece que no Corinthians de Tiago Nunes passou a ficar difícil glamourizar as derrotas e fracassos. Até onde deu, fizeram isso, mas ultimamente tem sido impossível. O trabalho não é bom, mesmo com tempo para aperfeiçoar e não evolui, além disso a montagem do elenco tem problemas graves e algumas contratações ainda não se encaixaram no espírito corintiano, e talvez nem se encaixem. A terrível campanha no torneio estadual, perdendo pontos para os pequenos, e a eliminação na segunda fase da Copa Libertadores são reflexos disso.
A melhor e mais eficiente jogada da equipe era o lançamento preciso do bom Cantillo, contratação de 2020, para Fagner (o melhor disparado do elenco) cruzar para a área e algum atacante completar. Hoje esse tipo de lance continua sendo tentado, mas já foi marcado, ficou claro que ao neutralizar o meio-campista colombiano, a criação corintiana se aproximaria da nulidade. Esse é um dos exemplos pelos quais se entende que o trabalho não evoluiu desde o começo da temporada, quando a expectativa era completamente outra.
Vale sempre lembrar que há uma mudança drástica de filosofia de jogo, após anos de uma metodologia vitoriosa implantada por Mano Menezes, Tite e Fábio Carille. A opção por Tiago Nunes traz consigo outra visão de futebol, que inevitavelmente causaria choques com o elenco e exigiria paciência da torcida. O problema é que desde a primeira impressão, que aparentava a plena transição de estilos, o time só piorou e agora não dá para saber o que se tem em campo: a filosofia antiga, a nova, uma misturas das duas ou um “seja o que Deus quiser”.
Aqui não se omite o ótimo trabalho no Athletico-PR e nem defendo a demissão do treinador, mas sim o reconhecimento de que excessos foram cometidos ao elogiar Tiago Nunes tão precocemente no comando do Corinthians. Chegou-se a falar que era o melhor técnico brasileiro em atividade, o que claramente não dá para ratificar. As análises publicadas em áudio, vídeo e texto faziam parecer que estávamos diante de atuações nível Premier League. Pois bem… Hoje o Timão é o clube de Série A com o pior aproveitamento da temporada (38,89%).
O “melhor técnico brasileiro” comanda a equipe com o pior desempenho do ano, que tem classificação difícil no estadual e risco de rebaixamento na mesma competição. O mais irônico de tudo isso é que ainda é possível garantir vaga, passar fácil pelo mata-mata e conquistar o título, o que vai render munição para toda essa galera dizer que eles estavam certos. Pena que nunca vão dizer o quanto exageraram, nem o porquê. Com isso o debate esportivo fica cada vez mais pobre, mais alucinado e bem longe da realidade.
Obs.1: As opiniões contidas no texto pertencem somente ao autor.
Obs.2: A dissertação acima trata apenas da postura de parte da imprensa com determinados assuntos. Não estão sendo julgados os comportamentos do clube e de torcedores corintianos.
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Pelo amor de Deus! Mano Menezes não né
Escalação correta seria ! Walter,Fagner,Gil,Bruno Mendes,Piton,Gabriel,Cantillo,Luan,Love e Boseli